O fato de ser um agente público do poder policial e/ou militar não é uma condição determinante para que a pessoa no exercício de tal função aja de forma violenta. Em uma sociedade reprodutora da lógica competitiva-predatória, segundo a qual a vitória sempre é algo individual e o outro é sempre visto como um inimigo a ser vencido, a permissão do uso de qualquer tipo de poder é potencialmente perigoso, significando possíveis abusos. Nesse sentido, o professor é violento ao expor o aluno ao ridículo em sala de aula, o médico é violento ao negligenciar o paciente por questões que não estão relacionadas diretamente à sua relação com o doente, o político é violento ao atuar de forma privada na esfera pública e o policial é violento ao desrespeitar os direitos individuais garantidos por Constituição. Portanto, a violência em sua forma banalizada é um fenômeno social que se reproduz em todas as esferas da vida cotidiana. Isso não ameniza a culpa de quem atua dessa forma. Ao contrário, isso ajuda a compreender que o problema extrapola a esfera individual conjuntural e aponta para a necessidade de soluções estruturais e coletivas.
Posted on: Fri, 09 Aug 2013 17:02:05 +0000
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