O ser humano é marcado pela falta ocasionada desde o seu nascimento. A brusca separação materna nos causou uma grande angústia, uma enorme sensação de que algo essencial foi perdido. E é atrás dessa falta básica que passamos a vida buscando compensá-la... Sofremos por querer o que não temos, e quando conseguimos, muitas vezes continuamos a sofrer pela satisfação ilusória do nosso desejo. E é visando desvendar o grande mistério que impulsiona os nossos desejos, que nos faz atuar em busca de tal satisfação! “Querer é essencialmente sofrer e, como o viver é querer, toda a existência é essencialmente dor”. ( Schopenhauer, 1994). O desejo é um “saber desconhecido”, portanto inconsciente. O desejo é sempre o desejo do outro; e conseqüentemente o desejo permanece para sempre insatisfeito, o que nos leva a uma incessante busca de novos objetos, na tentativa de obter a satisfação tão almejada, porém não se trata de uma tarefa fácil, ao contrário, nos sentimos angustiados, obrigados a viver sem nada saber sobre nossos desejos, vivendo a dualidade de nossos sentimentos, numa confusão de razão sem emoção e emoção sem razão... “Como são estranhas à nossa consciência as coisas pelas quais nossa vida mental inconsciente é governada!” (Freud, 1928). Difícil é aceitar que não somos donos de nossas emoções, não damos conta do desejo inconsciente que move as nossas paixões, traduzidas em atitudes carregadas de mensagens enigmáticas, e que no final, nos leva de volta às nossas origens. Quem nos dera ter respostas concretas sobre o que somos e sentimos, mas a própria vida nos ensina que nunca alcançaremos tal poder! Talvez essa seja a maior complexidade da vida, encontrar a verdadeira identidade que o nosso ser possui. Saber ser e estar em si e no mundo ao mesmo tempo, e com certeza, essa é a batalha mais árdua que o ser humano possa travar consigo mesmo! Silvia Helena Molina
Posted on: Mon, 11 Nov 2013 01:48:31 +0000
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