ONE MORE NIGHT... Às vezes, gosto de ouvir músicas que me remetem às “roedeiras” de adolescência. Eu sofria horrores por amor. Não que eu tenha sido namoradeira, bem longe disso. Eu sofria exatamente por não ter namorado. Fui uma mocinha dada a amores platônicos. Suspirava e soluçava por criaturas que sequer notavam a minha existência. Mas com eles vivi (em minha cabecinha fantasiosa, claro) longas histórias de amor, com começo, meio, fim e todas as descobertas, brigas e reconciliações a que se tem direito. Os cadernos e livros da escola, as carteiras da sala de aula, o tronco das goiabeiras – todo lugar era ideal para escrever nossos nomes em um rabisco de coração trespassado por flecha. Até música romântica eu elegia para ser a nossa canção. Minha imaginação era caprichosa. Quando releio algum dos diários escritos na época, sinto um tédio tremendo. Pelo menos 90% deles estão cheios de relatos de um tema só: a vontade imensurável de ser a namorada de alguém. Em noites frias de sábado, ficava até altas horas da madrugada, o radinho ligado, a imaginação galopando, as lágrimas molhando o travesseiro. Pobre menina solitária...
Posted on: Mon, 12 Aug 2013 17:16:18 +0000
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