Ontem quando estava na rua, em meio ao protesto, vi a esmagadora - TopicsExpress



          

Ontem quando estava na rua, em meio ao protesto, vi a esmagadora maioria das de pessoas de classe média. Estudantes universitários, de escolas de ensino médio badaladas, famílias de classe média-alta. Esse era o perfil das pessoas ali presentes. Vi em meio aos ecos do protesto, alguns representantes das classes baixas. Curiosamente esses passavam pelos cantos da avenida, não seguiam o fluxo nem o ritmo dos gritos. Vi dois ou três mendigos tentando, sem sucesso, dormir no chão em meio a bagunça. Fomos (me incluo na classe média, e tenho reivindicações coerentes com as que se expressavam ali) para a rua, gritamos para todos nos acompanharem, afinal, ontem as ruas eram nossas, do povo... ? ... Curiosamente, os gritos e pedidos, que me arrepiaram, não tocavam essas pessoas, marginais a manifestação. Na tentativa de olhar pelos olhos delas, eu via “filinhos de papai” (como nos chamam) pedindo para não pagar duas vezes pela saúde, porque é um absurdo ter que gastar dinheiro para ter um plano de saúde de qualidade, assim não sobra dinheiro para as tão merecidas férias no fim do ano. Ou pedindo por uma educação melhor... convenhamos que a educação de quem estava ali não era tão ruim assim... Senti como se invadíssemos um lugar que não é nosso, o espaço deles, afinal quem não tem o teto e tem que dormir nas ruas do centro todos os dias? Quem utiliza o Eixão diariamente para ir ao trabalho? Quem realmente precisa de um SUS de qualidade ou de professores melhor remunerados? Essa manifestação começou pedindo um serviço que a maioria dos que estavam ali não usam, não sofrem por isso. E ontem nós os calamos... e demos ouvido aos nossos gritos, aos nossos pesares (da classe média). Não ouvi uma única vez, grito ou cartaz, que repudiasse o verdadeiro “gigante adormecido” dessa nação, a DESIGUALDADE SOCIAL. Temas que a muito assombram o Brasil como salário mínimo, fome e teto foram convenientemente esquecidos... Dizem que acordamos, concordo com o Marquin, já havia muitos acordados. E a maioria dos que estavam ali ontem ainda estão levantando da cama, com bom humor, e muitas piadinhas (um cartaz dizia “poker é esporte”, dentre outros exemplos). Não podemos esquecer que tem muita gente que já escovou os dentes e saiu de casa a muito tempo, e estão trabalhando de forma séria e comprometida... Vejo inúmeras mensagens no facebook de que esta é uma manifestação desorganizada, sem objetivos definidos e sem uma liderança estabelecida. Vamos lembrar que ela começou com um tema palpável, bem definido e de grande importância, os 0,20 centavos. Vamos respeitar e dar ouvido a voz de quem já sofre e luta a muito tempo. Entendo a euforia e a vontade de mudar, mas não vamos atrapalhar, desviar o foco, ou mesmo “sem querer” perpetuar preconceitos e a desigualdade social. Acordar não é ir as ruas... é se conscientizar, sair da alienação. O povo, a maioria desse pais, precisa de mudanças, e as raízes que temos que alcançar, são mais profundas.
Posted on: Fri, 21 Jun 2013 16:04:39 +0000

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