Opinião - Terromotos e tsunamis no Brasil Correio Braziliense - - TopicsExpress



          

Opinião - Terromotos e tsunamis no Brasil Correio Braziliense - 08/07/2013 *Alberto Veloso O titulo do artigo pode até surpreender, mas o que não é surpresa no Brasil de hoje? Já citaram que as atuais manifestações das ruas equivalem a efeitos de grandes terremotos sacudindo o país. A comparação faz sentido e, por mais estranho que pareça, é possível explorá-la mais a fundo, apresentando um paralelo entre terremotos e manifestações e até introduzir outro importante ingrediente: os tsunamis. Nesse exercício de linguagem figurada é preciso aclarar que imaginários terremotos e desejados tsunamis são elementos do bem, diferentes dos reais fenômenos naturais que causam destruição e mortes. Sendo da área, posso dizer que não é impossível, mas é baixa a probabilidade de acontecer um terremoto de grande magnitude no Brasil e, mais difícil ainda, sermos atingidos por desastroso tsunami. Se a natureza, mais ou menos, nos protege desses perigos, quem poderia imaginar que o nosso fictício terremoto, em vez de nascer nas entranhas da terra, iria originar-se bem na superfície do terreno, mais precisamente no seio da maior cidade brasileira? E sua magnitude foi grande, pois balançou não somente o nosso país, como ecoou mundo afora. Uma surpresa internacional! Aqui, governantes e políticos ficaram perplexos. Mas os presentes naquela manifestação e nas que se seguiram, somados aos milhões que ainda não se expuseram, certamente sabem o porquê. O Brasil não só acordou, mas levantou e caminhou. O que se espera é que siga no rumo certo. Um terremoto acontece de repente, mas tem longo período de gestação. Nesse tempo, forças geológicas pressionam as rochas até elas quebrarem para gerar o terremoto e liberar energia. Durante anos, os brasileiros também foram acumulando indignação por uma série crescente de malfeitos perpetrados por governantes e políticos. Cansada do descaso, parte da sociedade capitaneada por jovens estudantes se rebelou e o terremoto aconteceu. Bastante energia vem sendo liberada pelas sucessivas manifestações das ruas, mas sobra muito ainda do estoque original. Terremotos podem cortar a superfície do terreno, derrubar edificações, alarmar pessoas, enfim deixar claras evidências de sua passagem. As atuais manifestações já deixaram marcas indeléveis em nossa história e, como fortes terremotos, claramente abalaram o poder central, o Congresso Nacional, palácios governamentais de capitais e cidades interioranas. Inicialmente anestesiados, poderes Executivo e Legislativo já começaram a mostrar algum serviço, teleguiados pelo clamor das ruas. Que continuem assim, pois apenas promessas não valem mais. Tsunamis têm origens diferentes, mas geralmente resultam de terremotos. Quando atingem zonas litorâneas, suas ondas cheias de energia levam de roldão o que encontram pela frente. Como dito no início do artigo, queremos tsunamis por aqui, mas para o bem. Desejamos que sua imensa energia se espalhe por todo o país com força para varrer a corrupção endêmica, a impunidade dos poderosos, a criminalidade desenfreada, os maus políticos e os governantes ineficazes. Ao mesmo tempo, usariam seu poder para qualificar áreas da educação, da saúde e da segurança pública, entre outras. Pagamos impostos extremamente elevados e não recebemos benefícios proporcionais. Será que não merecemos melhores aeroportos, estradas e transportes urbanos, simplesmente por sermos cidadãos e não por sediarmos uma Copa do Mundo? Somas astronômicas foram gastas na construção de arenas, algumas das quais se tornarão elefantes brancos. Depois de constatar o mau uso desses recursos públicos será que ainda queremos sediar uma Olimpíada? Desistindo, o Brasil terá de se explicar e os donos da ideia ficarão constrangidos, como se decepcionarão os milhares que se envolveriam nos jogos. Mas perguntem se tal atitude tem relevância para os milhões que têm filhos em escolas que não ensinam, aqueles que necessitam de um SUS eficiente e outros que pedem a redução da violência urbana, pois já não sentem segurança em suas próprias casas. A história mostra países que foram duramente afetados por terremotos e tsunamis e se reergueram mais fortes do que eram antes. Como em nosso caso eles vieram para o bem, mais esperançosos estaremos com o Brasil de amanhã. Precisamos continuar cobrando melhorias e relembrar que ainda existe muita energia estocada e com receita de como usá-la. O bom é que, para as futuras eleições, surgiu uma nova e eficaz arma contra maus candidatos; os jovens que saíram às ruas têm boa memória e um voto consciente em suas mãos. *Geólogo e professor aposentado da UnB, é autor do livro O terremoto que mexeu com o Brasil
Posted on: Tue, 09 Jul 2013 01:14:08 +0000

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