“Os mistérios de seus olhos eram mais profundos que crateras. Como uma biblioteca particular, não abria sua mente, seus segredos, sua historia. Não compartilhava o seu saber, não por ser egoísta, e sim porque ninguém nunca se propôs a lhe cavar ate o fundo do poço que era. Por dentro havia mais do que vísceras e órgãos vitais, havia palavras vitais que ela engolira, por amor, por dor. Por não entender, mas tentar entender. Quando tudo que ela mais queria era se entender. Queria alguém que lhe levasse na mala ou no coração. Porque ela sabia que aquele sorriso em seu rosto era tão contraditório quanto um palhaço infeliz. Era uma palavra sem tradução, provavelmente de uma língua morta, de uma linhagem extinta. E as paredes de seu quarto eram assim como sua pele cheia de marcas, de cada um que passou cada um que não ficou. Porque não há uma maneira de apagar as digitais no tempo. A visão de sua janela era para uma rua sem saída. Não era como se estivesse morta, era apenas como se não soubesse mais viver. Quem em um rio já nadou sabe o quanto é triste o velo secar. E não, ela era louca, nunca foi louca. Loucos eram eles, mas ela no auge de sua lucides aceitou o adjetivo.”
Posted on: Tue, 23 Jul 2013 17:11:46 +0000
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