Parte 1: A Furia do Nilo Uma caravana perambula os desertos do - TopicsExpress



          

Parte 1: A Furia do Nilo Uma caravana perambula os desertos do egito. - Estamos quase lá - Disse o velho à frente da caravana. - Paramos aqui por enquanto. Rashid venha! Um belo jovem de olhos cor de safira se aproxima. - Rashid - continuou o velho - Vá na frente, e recolha informações sobre a cidade, o resto de nós chegará em mais ou menos dois dias. - Sei como funciona senhor. - O garoto sobe em um cavalo e parte. Em tempos antigos a cidade do Cairo já era conhecida por ser a casa de varios mercadores ricos, dentre esses mercadores havia um em particular que era mais rico que todos os outros, seu nome era Yohse. Yohse era um mercador egípicio aliado da coroa inglesa, de tudo que o mercador tinha, seus maiores bens eram seus dois filhos, um vigoroso jovem chamado Marmaros, sabio e habilidoso, era o capitão da guarda egípicia e estudava para herdar os negocios da familia, e uma garota chamada Lua, dedicada à literatura, era astuta e perspicaz. Naquela tarde em particular, ambos os garotos se encontravam na feira do Cairo. - 45 libras e 80 piastres - disse o vendedor - E lhe dou também esse lindo colar! Satisfeita, Lua paga o vendedor e sorri ao seu irmão. - Eu não entendo - dizia Marmaros - isso é quase um roubo, você pagou metade do preço do vestido e ainda ganhou um colar? Eu deveria lhe prender! Tudo que eu consegui foi um par de botas e esse guaxinim velho... - Não faça isso com ele! - respondeu a garota vendo o animal se debater nas mãos desajeitadas do irmão - Se não quer nada disso porque comprou? - Me parecia um bom negocio - Marmaros faz menção de atirar o animal longe com os braços - espera, você quer essa coisa? - Quero sim - Lua atira suas compras nos braços do irmão e recebe o animal - vamos para casa Mar, estou cansada e com sede. Um barulho atrai a atenção dos jovens, aparentemente alguem arranjava confusão no mercado, os dois irmãos curiosos correm a checar. - Vamos garoto! - Dizia um velho barbudo - Não me cause problemas, me dê o cavalo e vá embora! - Cale a boca velho gordo! O cavalo é meu! Assumindo pose de guerreiro, Marmaros indaga. - O que está acontecendo? - Ah! Capitão Marmaros - Sorri o velho por de trás da barba - Esse jovem delinquente, vem tentando roubar meu cavalo! - Isso é verdade? - a pose do capitão muda para um tom ameaçador enquanto se vira ao jovem. - O cavalo é meu, vim do deserto com ele - O garoto saca uma lamina afiada - e qualquer um que duvidar vai se arrepender. Lua observava tudo de trás de uma das barracas, seu irmão não se sentia ameaçado pela arma do garoto, tão pouco sentia-se o velho, mas havia algo diferente no jovem, seus olhos azuis brilhavam como as aguas do Nilo, mesmo por de trás da mascara ela podia saber que ele se divertia com tudo aquilo. - Ora garoto, mesmo que me mate, ou mate nós dois - Sorri o mercador - toda a guarda do Cairo irá atrás de você. - Não vim aqui para matar você. - Diz o garoto reembanhado a espada - Pode ficar com o cavalo se quer tanto assim. - Sabia decisão - disse Marmaros - agora vá pra casa garoto. - Tsc! - o jovem de olhos azuis se retirava - não é um cavalo tão bom assim. Ao baixar a poeira, Lua sai do seu esconderijo e se dirije ao irmão. - Nunca o vi por aqui, será que ele não veio mesmo do deserto? - perguntou a garota - Eu com certeza lembraria daqueles olhos. - Se o cavalo fosse mesmo dele ele não desistiria tão facil - Disse o mercador se enfiando na conversa. - Obrigado pela ajuda capitão. Há menos que ele tivesse outra razão pensou Lua. - Não há de que - Responde marmaros - é o meu trabalho. Os jovens retornam para casa e a noite cai como um véu sob o deserto. No meio da noite um homem de capuz negro vaga à procura de alguem, tira um pequeno embrulho das vestes e do embrulho tira um pequeno instrumento metálico, ao assoprar o instrumento, um som seco se produz (se o deserto pudesse falar, a sua voz teria aquele som). Uma sombra de olhos azuis se materializa à frente do homem. - Então Rashid? - questiona o homem do capuz - Como vai ser? - Já tivemos trabalhos mais dificeis - disse o garoto - o portão leste da cidade passa a noite aberto, a guarda pode nos causar algum problema mas estamos em numero muito maior e temos sempre o elemento surpresa. - Facil assim? - O homem o homem coça o queixo deixando à mostra parte de sua pele negra - Espere em segurança, em algumas horas invadiremos a cidade. Rashid assiste enquanto seu comparsa desaparece na noite. Até parece que vou esperar pensa. O garoto se esgueira por entre um beco e com uma série de acrobácias sobe ao telhado de uma das casas mais próximas. Rashid diverte-se observando a vida noturna da cidade, procurando algo que desperte sua cobiça, era sempre bom saber onde estavam as coisas boas antes do saque. O garoto salta alguns outros telhados e desce à sacada de uma grande casa de dois andares, no quarto à sua frente, uma dama penteava os cabelos. - Lua? - Um corpulento jovem adentra o quarto que Rashid observava - Ah, vou verificar os guardas da ronda. Pode ficar sozinha esta noite? - Claro - respondeu a garota ainda interessada nos próprios cabelos - Nos vemos amanhã então. Alguns minutos se passaram enquanto Rashid observava a beleza da garota, a pele quase morena, os seios robustos e o corpo definido, as mechas de cabelo caiam lhe até o meio das costas, sem duvida aquele cabelo era tratado diariamente. Coisa de gente rica pensou o garoto. - Malditos cabelos! - a garota gritou sozinha, assustando Rashid - se os homens soubessem como é dificil mante-los bonitos... - Meus cabelos tambem são grandes - O garoto pula da sacada para dentro do quarto, retirando o turbante deixando seus cabelos longos e oleosos à mostra - nem por isso eu fico reclamando. Lua se assusta. Toma folego enquanto observa o intruso, cabelos longos, olhos azuis, corpo de guerreiro, marcado por cicatrizes aqui e ali. Principalmente nas mãos... Mas por que ele é tão magrelo? - Seus cabelos são mal cuidados - diz a garota, quebrando o gelo e tentando parecer segura de si - não são como os meus. - É uma reação diferente da que eu esperava - responde o garoto - geralmente são apenas gritos estridentes. - Não é minha primeira vez - Lua observa os olhos do invasor - posso saber seu nome? - Rashid, sou um andarilho do deserto... - ele olha de canto para a garota - e você é Lua, uma princesinha mimada filha de um ricasso qualquer. -E o que veio fazer aqui? - perguntou a garota - atras de dinheiro? -Não, só estou passando o tempo... - o jovem pareceu refletir - quanto tempo para seu irmão voltar? - Uma hora, talvez duas ou tres - a garota guardou a escova de cabelo perguntando se teria sido inteligente mentir daquela forma - Agora, se nao se importa; retire-se, eu preciso dormir. O garoto riu alto, divertindo-se com a mentira. -Nao é uma boa noite para dormir pequena Lua, em poucos minutos esse lugar deve virar um caos completo. Nao costumo avisar antes, mas se voce quiser viver, é melhor que saia agora. A garota olhava curiosa para o visitante, como ela suspeitava, ele estava escondendo algo. - Voce e um saqueador? - perguntou. - Mais ou menos - o garoto olhou de canto para ela como se pela primeira vez notasse a camisola que ela vestia. - Mais ou menos? - Lua fingiu nao notar o olhar indiscreto - como pode se ser mais ou menos um saqueador? - É um pouco complicado - disse desviando o olhar para a janela - Vim lhe sequestrar, caso queira saber. A garota percorreu o estranho com o olhar. Ele lembrava um pouco os bandidos que ela via seu irmao prender, mas tinha algo de diferente. As roupas sujas e rasgadas, o suor escorrendo pelo rosto, tudo isso era normal, mas Rashid tinha um olhar sereno e racional. Lua calculou suas possibilidades, se ele era mesmo um saqueador, em alguns minutos a cidade se tornaria um inferno de pessoas correndo e casas em chamas, devia ser tarde demais para avisar Marmaros, ele estaria seguro com a guarda, ninguem era capaz de enfrentar seu irmao, quanto mais de machuca-lo. Mas e ela? Como estaria segura longe de Marmaros? Não tinha muitas escolhas, decidiu jogar seu próprio jogo até a oportunidade aparecer, decidiu que iria com aquele completo estranho. - Tudo bem, eu vou com você. - O que? - Rashid foi pego de surpresa - O que disse? - Me leve com voce, para alguma cidade segura ou qualquer lugar onde eu possa enviar uma mensagem ao meu irmao - continuou a garota. - Porque acha que eu faria isso? - o garoto olhou de novo para a camisola, que deixava a mostra parte das pernas da jovem. - Eu lhe dou dinheiro - ofereceu Lua, mas ja sabia que nao iria funcionar, ele nao era um bandido qualquer. Seu medo ficou claro na voz – O que você quer..? -Quero que voce... - Rashid desviou o olhar das pernas da garota - Ponha outra roupa, seja rapida, nao temos muito tempo. - Voce vai me levar? - Lua pensou nos olhares do garoto e comecou a duvidar da seguranca do seu plano. - Vou - Rashid se perguntava porque estava fazendo isso, era uma garota muito bonita, mas rica, mulheres assim costumam ser mimadas, nao tinha porque arrastar um peso a mais pelo deserto, mas alguma coisa não o deixava abandona-la ali. - Seja rapida antes que eu mude de ideia. Lua pegou rapidamente uma calça e algumas roupas para a viagem. Nao deve levar mais de duas semanas pensou enquanto corria para o quarto de Marmaros, iria se trocar lá, longe dos olhares do garoto, deveria levar uma das adagas do seu irmão só por segurança. Lua trocou as vestes e em seguida pegou uma pequena adaga e encaixou-a na alça da calca, depois correu para a cozinha para pegar mantimentos. Rashid sentou-se na janela e sentiu o vento embaraçando seus cabelos, tomou uma decisao muito tola ao decidir sequestrar a garota, não seria facil carrega-la, peso morto pensou garotas no deserto trazem muitos problemas. Um som estridente interrompeu seus devaneios; em algum lugar alguem havia gritado. Nao tinham mais tempo, ja começara o ataque. Marmaros havia acabado de sair de casa, não estava de bom humor, odiava os guardas da ronda noturna, preguicosos e em geral corruptos. O cairo pela noite, é tão animado e vívido quanto pela manhã, os mercados borbulham com mercadores e pequenos delinquentes, com excessao das comunidades religiosas, tudo funciona normalmente. Marmaros nao era tao inteligente quanto sua irma, mas sabia muito bem fazer o seu trabalho, o seu posto de capitao na guarda era um posto muito honrado, mas tambem era muito complicado, exigia disciplina e resistência. As rondas as vezes duravam muitas e muitas horas, nunca se sentia bem em deixar sua irmã sozinha. Dirigiu-se à primeira guarita da guarda, colocou o uniforme, sua espada predileta e começou a patrulha pelos diversos postos. Marmaros quase chegara ao terceiro posto quando um soldado aproximou-se com as más noticias. - Capitão! - O soldado cansado falava sem respirar - Capitão Mármaros estamos sob ataque! Ajude-nos! Depois da explicação detalhada do soldado, Marmaros toma uma decisão. - Avise as demais guardas soldado, montaremos defesa aonde for preciso, protejam os comerciantes e envie alguem para dar o toque de recolher antes que isso se alastre. - Mármaros olhou para trás, sua casa não passava de um pequeno ponto na distancia – Me juntarei a vocês assim que puder. Dito isso ambos os militares partiram em seu caminho. Lua encontrou-se com Rashid na sacada, o garoto tinha prendido o turbante, formando uma bandana que se trançava com os cabelos. - Otimo, além de carregar você, tenho de carregar sua bagagem, realmente ótimo! - Não reclame, estou indo de boa vontade - rebateu a garota - se alguem deveria reclamar aqui sou eu. Rashid olhou para o pequeno soldado correndo em direção à casa, não passava de um ponto, mas naquela velocidade levaria apenas um punhado de minutos. - Tanto faz, vamos logo - Correu e pegou a garota no colo, amarrando sua bagagem nas costas – Segure-se. A garota agarrou-se com toda a força que pode e o jovem pôs-se a escalar seu caminho para o telhado. Mármaros viu de longe alguem saindo da sacada Droga Lua, nunca mais te deixo sozinha!, se abaixando, o soldado apanha uma pedra. Será que posso acertar? Rashid escalava o muro quando algo atingiu em cheio suas costas, deixando o garoto sem ar e fazendo-o derrapar na escalada. - Droga, droga, droga! - repetia o garoto enquanto pequenas e grandes pedras o faziam escorregar - temos que descer, maldito soldado! Soldado? Lua olha para trás e vê seu irmão correndo em sua direção . - Mármaros! - grita a garota tentando se desvencilhar do bandido que a segura pela mão - Me deixe ir! Mármaros socorro! - Lua! - Mármaros, agora mais perto, mira bem um ultimo tiro, atingindo a mão do bandido e fazendo sua irmã cair de volta na sacada - Corre Lua! Rashid cai de costas na sacada e a garota fica sem reação, um brilho perpassa os olhos azuis enquanto ele desembanhava a espada, a mão sangrando e em furia. Estou morta pensou Lua sacando a adaga, mas ao invés de ataca-la, o garoto pulou a sacada e desafiou o soldado. Mármaros estava impressionado, mesmo entre os saqueadores o nome do capitão era conhecido, quem ousaria desafia-lo? Sacando sua lamina, adornada com 9 grandes anéis, Mármaros despara em direção a Rashid. Lua se encosta na bancada da varanda e assiste bem a tempo de ver o bandido esquivar-se do golpe de seu irmão. Ufa pensou se perguntando por que estava aliviada. A briga continua entre o soldado e o saqueador, um mais rapido que o outro, desferiam golpes que cortavam o ar e por muito pouco não acertavam o adversário. Rashid, muito mais rapido, desferia chutes e socos, seguidos por uma série de acrobacias, porém Mármaros era bem treinado e abusava de sua armadura, forçando-a a bloquear a maior parte dos golpes. A cada golpe desferido contra o ar, Lua suspirava aliviada, com medo e sem poder fazer nada ela pensava na maneira mais facil de resolver o conflito. Marmaros se impressionou com a capacidade e a ousadia de seu adversário, a cada golpe a furia dos olhos azuis brilhava mais forte, não era um simples saqueador, era a furia do Nilo que o enfrentava. Se os golpes continuarem tão fortes assim, a armadura logo vai se partir e eu ficaria exposto a ele, preciso terminar isso logo!. Com uma virada rapida, o capitão atinge o queixo de seu inimigo, atirando-o zonzo no chão a alguns metros de distância. Rashid furioso com aquele golpe dispara mais rapido que nunca, levanta-se, abandona sua própria arma, chuta o joelho do soldado, fazendo-o quase cair, salta por cima dele, em pleno ar apanha a espada do adversário e a coloca contra seu pescoço pronto para decepa-lo. - Rashid não! - Lua grita da sacada, com lagrimas nos olhos - Eu vou com você, eu juro, mas não o mate...! A furia sumiu dos olhos azuis, o capitão desvencilhou-se do bandido e atirou-o de volta ao chão, ambos agora desarmados, enquanto a cidade enrompia em gritos e chamas. Os dois rivais dispararam para mais um combate. Lua havia sido mais rapida e se posicionou entre os jovens. - Não! - A cabeça da jovem funcionava a mil por hora, como queria que seu irmão tivesse ganho o duelo! Porém a intrigava a idéia de fugir com aquele garoto O que há de errado comigo? - Marmaros, já chega. Basta, deixe que eu vá com ele. - Perdeu a cabeça Lua!? - Marmaros tentava passar por sua irmã a todo custo - Não vou deixar nenhum sequestrador insano levar você. - Você perdeu Mar! Eu prometo que volto! - Gritava a garota. - Capitão - disse Rashid pela primeira vez se dirigindo a Marmaros, seus olhos voltaram ao tom sereno e racional - Eu prometo que vou mante-la segura até o senhor acha-la novamente. Parte 2: Desertos Escaldantes Lua acorda em uma cabana no deserto, os acontecimentos da noite anterior ainda turbilhavam na sua cabeça, os olhos azuis que brilhavam na noite, os olhos chorosos de seu irmão ao vê-la partir, a saudade de seu pai e o medo de um lugar desconhecido. O vento seco atingia o frágil pano da cabana e fazia aquilo tudo parecer ainda mais surreal. Lua levanta e depara-se com um pequeno espelho, para sua surpresa, suas vestimentas haviam sido trocadas. - Bom dia - Uma serene senhora apareceu à entrada da cabana, sorrindo - Bem-vinda querida, a vida aqui é dificil e você vai estar sujeita aos desejos do seu mestre, mas somos todas muito unidas e você vai gostar das outras garotas. Apenas procure obedecer primeiro e perguntar depois. - Quem é a senhora? - Lua tentou encaixar as palavras em sua cabeça desejos do seu mestre; obedeça primeiro e pergunte depois - Foi a senhora que trocou minhas roupas? - Foi sim menina, qual o seu nome? - Me chamo Lu... - Lua não sabia porque, mas talvez fosse uma boa idéia mentir sobre seu nome - Ludmylla. - Bem, garota - A senhora fechou o pano que servia de porta à cabana e sentou-se - você foi sequestrada por um grupo de saqueadores do deserto, assim como eu fui, assim como todas as outras foram. Vivo com esses homens a mais de 35 anos e vi muitos deles crescerem, se você me escutar, vai poder viver tanto quanto eu vivi. Lua havia acabado de acordar, mas diante das palavras se sentiu mais cansada do que nunca, O que foi que eu fiz? Me meti em um buraco sem saida... Nunca mais vou ver meu irmão!, a garota sentou-se na cama, sem energia, e pôs-se a escutar a senhora que a falava tão gentilmente. - Quando o Sol nascer, você vai ser sorteada e se tornará posse de um dos homens que lutaram ontem à noite - a senhora apontou para uma pulseira que ela mesma havia colocado na garota - O seu dono irá marcar seu braço e você será propriedade dele, até que seus dias se acabem, ou que seja vendida para algum comerciante. Você receberá ordens somente de seu mestre, de mim e do Velho Majhad, ele é o Pai de todos aqui, daí para frente, suas tarefas serão definidas e com sorte você terá um bom mestre. Lua pôs-se em prantos, com a cabeça apoiada entre os joelhos a garota tentava suportar toda a tensão e confusão que a rondava naquele momento, quando seu choro foi interrompido por uma voz familiar. - Aghata - A voz cansada de Rashid soou por uma fresta na porta, Lua tentou se esticar para vê-lo - Estamos acordados? Você me promete? Passei a noite em claro para conseguir isso, se você me falhar eu juro que... - Calma garoto! Não se esqueça de que eu trocava suas fraldas e você me deve respeito! - A voz serene agora era autoritária - Agora volte para sua cabana! Não pode ser visto com as escravas antes de serem sorteadas! Pela sombra, Lua pode ver que o garoto não saiu, ele se manteve ali, olhando para a senhora, que sustentava seu olhar. Lua então lembrou-se do motivo pelo qual estava ali, os olhos azuis safira brilhavam em sua memória como haviam brilhado na noite anterior, queria vê-lo novamente, mas seu unico resquício de conforto sumiu quando o garoto deu as costas e sua sombra não se projetava mais nas paredes da cabana. - Sente-se garota - Disse a velha Aghata. Lua notou que durante seu devaneio havia se levantado e sentou-se novamente - Vamos pentear esses cabelos, enquanto isso, conte-me quem você é. Lua deixou-se levar pela voz serena e sentou-se de frente ao espelho, explicou detalhadamente sua vida á senhora, sendo bem cuidadosa enquanto mentia sobre sua riquesa e o fato do capitão da guarda do Cairo ser seu irmão. Antes que pudesse terminar a história, uma gaita soou pelo vento. Mesmo sem nunca estar lá, ela sabia o que aquilo significava, era o começo de um ritual, o Sol havia nascido e era hora de ser entregue nos braços de algum saqueador vil e sujo. A velha saiu da cabana dando sinal para Lua a seguir, para a surpresa da garota, haviam varias outras mulheres do lado de fora, algumas mais velhas, outras não deveriam ter mais de 9 anos, porém, todas usavam o mesmo modelo de bracelete. Lua sentiu-se como lixo, quis correr e voltar para a cabana, mas sabia que em nada iria ajudar. As garotas foram levadas até as proximidades de uma fogueira que se extinguia, pouco a pouco homens foram chegando, grandes, pequenos, fortes e fracos, alguns madavam beijinhos e acenavam, outros sorriam, os mais timidos apenas analisavam as garotas, mas estavam todos visivelmente felizes. Lua teve de se segurar para não gritar quando Rashid chegou, os olhos azuis, tão vivos na noite, estavam secos e cansados, ele realmente não havia dormido. Porém, os olhos do garoto não pousaram sobre ela, ao invés disso, pousaram em uma loira a alguns metros de distância. Embora a outra fosse visivelmente mais bonita que ela, Lua sentiu-se ofendida. Um velho sobressaiu-se por entre os saqueadores e imediatamente eles silenciaram, não havia duvidas, aquele era o lider do bando. O velho Majhad Lembrou-se. - Aghata, por favor, nossos filhos estão cansados de tanto esperar por suas esposas, por favor, dê início ao sorteio - A voz grave e segura do velho foi acompanhada por uma série de vivas. Sem esperar mais, a senhora que Lua agora reconhecia como Aghata, pegou uma lista de nomes, citou o primeiro nome feminino da lista e em seguida atirou cinco moedas para o ar, após o resultado, citou o nome de um homem, que se separou do grupo, tomou a garota nomeada pelo braço e se afastou do agrupamento. Um a um os nomes iam sendo chamados, alguns homens estavam visivelmente satisfeitos, outros nem tanto, a grande maioria suspirou quando a loira que Rashid tanto observava foi para os braços de um magrelo de aparência doentia chamado Laddin. O processo se repetia sem falhas, um nome de uma mulher era emparelhado com o de um homem e as moedas eram atiradas ao ar, até que chegou sua vez. - Ludmylla - Lua deu um passo à frente, como quem demonstrava que havia entendido o recado. Aghata atirou as moedas para cima, como havia feito todas as outras vezes. Porém, algo havia mudado, Lua tinha observado o processo pelo menos uma dezena de vezes e a velha repetia tudo minuciosamente, porém desta vez, antes de aparar a ultima moeda, a velha abaixou um pouco a mão, somente o suficiente para a moeda dar mais uma volta. Em seguida gritou - Rashid! Lua sorriu, mas foi repreendida pelo olhar de Rashid. Em seguida o acompanhou até uma cabana, maior do que a que estava antes, um cavalo estava amarrado próximo à cabana, Lua imediatamente o reconheceu como o cavalo que Rashid havia perdido no mercado. Quando ele pegou o cavalo? Perguntou-se. Rashid entrou na cabana, virou-se e sorriu, os olhos com o mesmo tom sereno e tranquilo, como águas calmas - Pronto, tudo deu certo pequena Lua, bem-vinda ao deserto - Rashid perguntou-se se estariam forçando demais a garota, mas o sono não o deixava pensar direito. - Rashid eu... - Lua se surpreendeu, não estavam sozinhos. Perguntou, falhando em esconder o ciúmes - quem é ela? - Ah! - Rashid estava cansado demais para lidar com aquilo agora - Essa é Ruby, minha outra esposa. O nome a serve bem pensou Lua. Ruby talvez tivesse a mesma idade de Lua, porém tinha pele branca, cabelos ruivos, longos e bem cuidados, e um corpo incrívelmente bem cuidado. Ruby estava levantando da cama, não vestia nada além dos lençóis sobre os quais dormia. - Ruby - continuou Rashid - Cuide do bracelete dela, eu preciso descansar. Rashid tirou seus sapatos e a camisa antes de atirar-se na cama onde Ruby antes estava, Lua não pode deixar de sentir vergonha, parecia ser a unica própriamente vestida ali. Ruby, não hesitou, enquanto o jovem se acomodava ela o cobriu com o lençóis que antes a vestiam. - Ludmylla? - Ruby disse enquanto colocava sua roupa - Esse é seu nome? - É... - Respondeu institivamente, decidindo abraçar aquela experiência de vez - Fui saqueada ontem à noite - Claro que foi - Ruby sorriu, parecia feliz e reconfortante, talvez a vida alí não fosse tão ruim - Vamos ver... Onde ele guardou? Ruby remecheu por algumas caixas de joias, todas com simbolos diferentes, algumas ainda possuiam as iniciais do que Lua presumiu serem seus antigos donos. - Aqui está - Ruby tirou uma pequena pedra transparente de uma das caixas e a encaixou no bracelete que Lua possuia no braço - pronto, agora somos quase irmãs. A expressão da ruiva era cômica, Lua não pode evitar um sorriso, as duas vestiam-se exatamente iguais, porém representavam um contraste perfeito. Ruby a guiou para fora da cabana e desta para uma cabana ainda maior, o barulho que vinha de dentro era impressionante,musica, risadas e gritos, vozes de homens e mulheres vazavam pelas frestas da cabana. Ao entrarem, Lua ficou surpresa com o que viu. A cena se assemelhava muito às festas da guarda do cairo, homens gritando e bebendo, musica folclórica sendo tocada por algum bêbado e a letra sendo pobremente recitada por alguem ainda mais bêbado, essa canção em particular falava sobre os espíritos do Sol e do vento, e pedia para eles abençoarem os viajantes. Lua podia ver algumas mulheres entre os homens, bebendo, rindo e dançando, além de algumas poucas que carregavam bandeijas cheias de comidas e bebidas. Apesar de tudo, parecia um lugar confortável. - Por aqui - Ruby puxou sua mão e a guiou por entre as mesas do salão e até a cozinha, a cozinha era pequena e apertada, a velha Aghata estava de pé sobre um banquinho dando ordens a todas os outros que estavam ali, as garçonetes entravam e saiam com velocidade, as cozinheiras cantarolavam a canção que tocava no salão e alguns homens ajudavam no preparo dos alimentos. - RUBY! - Gritou Aghata em tom estridente e tentando se manter acima de todo o barulho do local, não parecia nada com a senhora que Lua viu antes - ESTÁ ATRASADA! ONDE ESTÁ SEU AVENTAL? RAPIDO! PARA AS MESAS! A velha pareceu notar a presença de Lua e a observou com o canto dos olhos enquanto Ruby corria na ponta dos pés para uma mesa cheia de pratos e comida. - Ludmylla correto? - Disse a velha Lua acenou com a cabeça. - Ainda não temos tarefa para vo... OLHA POR ONDE ANDA PIERRE! - Aghata foi surpreendida por um grande e gordo homem, segurando duas facas imensas em uma mão e um pernil na outra. O grandalhão ocupava sozinho grande parte da cozinha e seria uma visão amedrontadora, senão pelas flores sorridentes bordadas no seu chapéu e avental. - A madmoiselle não se esqueça de que essa é a minha cozinha - A voz de Pierre soou fina como a de uma garota - Preciso de ajuda, tem alguem disponível? Aghata não se importou em responder, apenas esticou o dedo enrrugado apontando para Lua, o gigante sorriu para ela. - Ola cheri, bem-vinda a minha cozinha! Por aqui... Era relativamente fácil seguir Pierre, ao cotrário de Ruby, que fazia manobras para esquivar de bandejas, mesas e bebados, o cozinheiro apenas caminhava e todo o resto parecia pular para sair da sua frente. Lua o seguiu até o lado de fora da cabana, onde havia um rapaz e uma outra garota, além de uma série de equipamentos de culinária e dois fogões. - Jeanne, Cao Yun - Disse o chef - Arranjem um avental para nossa novata! - Ludmylla - Disse a garota que estava calada até então - Isso cheri, Ludmylla - Pierre pareceu perceber a mentira - Nome estranho para uma egípcia no? Mas o chef não esperou resposta, virou-se para uma grande panela e atirou o pernil dentro, enquanto isso, a garota que atendia por Jeanne, trazia um avental extremamente branco e bem cuidado, com flores sorridentes bordadas. - Olá Lud, sou Jeanne - falou a garota enquanto Lua vestia o avental. Em seguida sussurrou - sou filha do gordão ali.. - Posso ouvi-las garotas! - Disse Pierre - Ponham-se a trabalhar! Lua passou varias horas, picando, moendo, temperando e cortando. Era confortável estar alí, Lua aprendeu sobre diversos temperos e modos de preparo, era tanta coisa para lembrar e fazer que a garota não pode pensar em casa. No final da tarde, os 3 garotos estavam exaustos e Lua deu-se conta, também estava faminta. Levantou-se para buscar algo na cozinha, mas Cao Yun segurou seu braço. - Calma, agora que vem a mágica de verdade - Disse o garoto apontando para o chef Pierre, que ainda não havia parado de trabalhar. - Me ajude a por a mesa. Com a ajuda de Jeanne e Cao Yun, Lua pôs 4 pratos na mesa, cada prato era diferente do anterior. Produto dos saques pensou. Mesmo assim a mesa possuia uma estranha harmônia, que foi triplicada quando, alguns minutos depois, Pierre serviu os pratos com lindos pratos de... - O que é isso? - Lua perguntou, foi repreendida pelo olhar do chef e tentou corrigir - Parece delicioso. Os outros dois garotos riram da façanha. - Isso ma cheri, é um tartare de bouef - Pierre respondeu cheio de orgulho - aprendi a cozinha-lo quando viajava pelo norte da Ásia Lua nunca havia ouvido falar de um prato assim, carne crua e ovo cru temperados com cebola, pimenta e algo que talvez fosse pepino. Não era o prato mais bonito de todos, mas o cheiro e o sabor eram maravilhosos, sem dúvidas o chef sabia o que fazia. - Tzao Hiun - Repetiu o garoto pela quarta vez - Quase sem pronunciar o T e o H - Tizao Riun - Jeanne tentou pela quarta vez - não consigo! - Tizao Iun - Repetiu Lua - É um nome complicado! Os garotos conversavam alto, Cao Yun tentava ensinar as meninas a falarem seu nome enquanto o chef roncava alto sentado em dois bancos e babando sobre o avental florido. Porém, logo foram interrompidos. - Hey - A voz de Rashid soou segura e direta, o garoto parecia descansado e havia acabado de sair do banho. - Rashid - levantou-se Cao Yun - achei que você viria mais cedo ou mais tarde - Ainda sobrou alguma comida? - Perguntou Rashid - Sim sobrou, preparo uma trouxa para você e deixo na sua cabana em alguns minutos - Cao Yun virou as costas para Rashid e pôs-se a preparar um prato de comida - Na verdade - Rashid interveio - Além da comida, vim buscar minha esposa. Lua corou de vergonha - Tudo bem - disse Jeanne cutucando-a - Já terminamos por aqui, espero que ela volte amanhã. Lua despediu-se dos demais e segui Rashid, o Sol já estava quase se pondo e já se viam estrelas no céu. - Desculpa não ter lhe ajudado no primeiro dia - Disse Rashid - Passou o dia na cozinha? - Sim... passei. - Lua não havia parado para pensar sobre como seria conversar com Rashid, não sabia bem o que dizer - O acampamento parece divertido - Não é um lugar muito ruim - O vento frio do deserto fazia os cabelos do garoto dançarem - o sol já vai se por, vamos nos apressar, é bom você tomar um banho antes que a noite chegue, fica muito frio por aqui. Ao chegarem na cabana, Ruby já estava lá e haviam algumas bacias cheias da agua quente no chão. Rashid pegou uma pequena mala e a pôs nos pés de Lua. - Acho que consegui recuperar tudo o que era seu - Rashid sorriu - Mas recomendo você lavar as roupas antes de usá-las. - Enquanto isso eu lhe empresto algumas roupas minhas - Ruby falou, energética - somos quase do mesmo tamanho! Lua conferia suas bagagens enquanto Ruby tirava algumas roupas de dentro de um baú velho e Rashid brincava com uma pequena adaga. Lua e Rashid se mantiveram em silencio, mas Ruby falava pelos três. - Esse deve ficar lindo nela não acha Rashid? - Ruby não esperara resposta - Aposto que o azul fica melhor, tem razão. Alguns minutos passam até que o vestido azul é retirado do baú e posto sobre a cama. - Agora podemos tomar banho - Ruby mal termina de falar e tira sua própria blusa - Eu er... estou bem - Lua congela - Estou sim... ótima. Rashid ri alto e caminha pela cabana. - Tudo bem pequena Lua, vou dar uma olhada no meu cavalo - Rashid atira a faca, que fica presa no mastro central da cabana - Vou estar logo aqui na porta, se precisarem chamem. Ruby continuou se despindo e depois caminhou para um canto mais isolado da cabana, onde o tapete, que cobria praticamente todo o piso da cabana, era substituido por um tecido fino e poroso. - É bom você vir logo - Disse Ruby despejando uma caneca com água sobre os cabelos ruivos - Se não tomar banho agora, vai dormir no tapete. Lua hesitou, não estava acostumada a despir-se na frente dos outros, porém precisava de um banho, o cheiro do tempero misturado ao suor importunava até mesmo o mais tolerante dos olfatos. A garota tirou as vestes e uniu-se a Ruby no banho, a agua era morna e confortável. - Por que ele não ficou? - perguntou Ruby - Ele sempre fica? - Lua retrucou - Geralmente - Ruby pareceu sentir vergonha - Ele não fica sempre olhando... Mas a cabana é dele e ele me trata muito bem, não me encomodo em ser esposa dele. Lua sentiu uma mistura de raiva e ciúmes ao ouvir isso, não sabia bem como reagir então ficou calada. Nesse momento Ruby virou-se e Lua pode ver uma cicatriz que marcava as costas da garota. - O que foi...? - Lua sentiu-se invadindo a privacidade de Ruby - Foi a muito tempo, uma outra hora eu lhe conto - A ruiva pareceu relembrar de algo que não gostava - Graças a Rashid não foi pior. Parte 3: A Primeira Lua Marmaros olhou para o horizonte, a primeira noite começava e ele ainda não tinha rastros de sua irmã, ele havia mobilizado todos os seus subordinados porém continuava sem sucesso. A frustração crescia a cada hora e piorou com o cair da primeira noite. - Capitão, as tropas de reconhecimento retornaram, sem sinal dos saqueadores - O Soldado se encolheu diante do olhar do capitão - Seria preciso montar uma caravana... - Dispensado! - interrompeu Marmaros - Vá para casa soldado! O Soldado mal esperou Marmaros terminar a frase e se pôs a passos rapidos, quase correndo, para longe do capitão da guarda. - Maldição! - Marmaros socou a mureta da guarda - Onde você está Lua? Um pequeno guaxinim subiu pelas costas do capitão e assentou-se em seu ombro. O animal havia se apegado ao capitão, já que Lua não estaria ali para tomar conta do animal, Marmaros decidiu assumir a responsabilidade. - Olá... - O guaxinim ainda não tinha nome - Você também está com saudades não é? Marmaros respirou fundo assistindo as estrelas subirem do horizonte, ao nascer do Sol do dia seguinte, o capitão reuniria uma pequena cavarana e vagaria pelo deserto, até que ele encontrasse sua irmã. Custe o que custar pensou consigo mesmo. - Sua irmã sabe se cuidar - Um jovem de cabelos loiros apareceu atrás do capitão - Vamos achá-la. - Eu vou partir amanhã para o deserto - Marmaros pousou o guaxinim no chão, o animal pôs-se a perseguir insetos - Gostaria que você fosse comigo Isaías. - Sabe que iria mesmo que você não quisesse - Isaías pousou uma das mãos no ombro da capitão - Somos amigos a muito tempo Mar, vou preparar suprimentos e afiar as laminas, não podemos esquecer que estamos lidando com saqueadores. Marmaros sabia que Isaías iria, não pela amizade que os dois retinham, mas o jovem tinha uma paixão secreta pela sua irmã. Marmaros, assim como seu pai, sempre fora à favor do relacionamento, porém Isaías era tímido e Lua esperta demais. Lua acordou ao lado de Ruby, sentiu pena ao ver Rashid dormindo no tapete, a garota não era sua esposa de verdade. Ruby é... Pensou Lua virando-se na cama, para sua surpresa, foram justamente os olhos verdes da Ruiva que a encararam. - Bom dia Lua - Ruby falou tranquilamente - quero que você venha passar o dia comigo hoje, Rashid deve ir conversar com Majhad hoje e definir suas tarefas definitivas, mas por enquanto, vai passar o dia comigo. - Bom dia Ruby, adoraria passar o dia com você - a garota parou de repente Lu-Lua? - Do que me cha-chamou? - Ora, acalme-se! Não vou contar para ninguem. - Ruby sorriu - Ontem à noite conversei com Rashid enquanto você dormia. Ele é meu marido e eu tenho o direito de saber não acha? - Obrigado - Lua gostou de não ter que manter esse segredo, porém seria melhor se o Capitão da Guarda não fosse seu irmão - Meu irmão ele é... - Eu sei, ele é um membro da guarda do Cairo - Ruby levantou-se e penteou os cabelos - Não se preocupe, vamos fazer algo divertido hoje, seu irmão vai ter orgulho quando lhe rever. - Acha que vou voltar a vê-lo? - Lua levantou-se também - Estou com saudades. - Com certeza, confie em Rashid que tudo deve dar certo - Enquanto a ruiva falava, o garoto passou cambaleando por entre as duas e deixou-se cair sobre a cama - Agora vamos, ainda é cedo mas não quero que você perca sua primeira aula! - Aula? - Lua lavou o rosto - Eles tem escolas aqui? No meio do deserto? - É um OÁSIS - Corrigiu Ruby - Não o tipo de escola que você tem no Cairo, é muito mais divertido! As duas garotas sairam cedo e seguiram para um canto mais afastado do acampamento, se aproximaram de um pequeno grupo de pessoas. - Ruby! - Um adolescente cheio de sarnas acenava incessantemente - Vem aqui! - É meu irmão - Ruby sussurrou - Ele é um pouco energético demais. Lua perguntou-se o que seria energético demais para Ruby. O garoto não parecia nem um pouco com Ruby, não era ruivo, não tinha o mesmo tom de pele e, ao contrario de Ruby que tinha o rosto completamente limpo, era marcado com sarnas. Os dois abraçaram-se e Ruby fez as apresentações. - Lud, esse é Ítalo, meu irmãozinho - O garoto abraçou Lua e ela pode sentir seus braços tremendo - Os outros são... Mateus, Kate, Yuri e, nosso professor, Becker. Lua comprimentou cada um deles, o acampamento era um grupo extremamente confuso, haviam pessoas de todos os tipos e lugares, enquanto Ruby e Ítalo pareciam vir do norte europeu, Kate talvez viesse da Índia e Yuri aparentava vir do extremo norte do planeta. - Olá - O suposto professor deu um passo a frente e estendeu a mão a Lua - Sou Becker e você é minha aluna novata, não pego leve e espero que você consiga nos acompanhar. Becker era um homem grande e tinha uma aparência mais resistente que os outros, a pele negra brilhava com os primeiros raios de sol e se a garota precisasse defini-lo em uma palavra. Seria músculos Lua pensou consigo mesma. - O que exatamente o senhor nos ensina? - Lua sentiu-se idiota perguntando, mas estava curiosa. Becker olhou de canto para Ruby. - Você não a avisou? - A voz grave soou em tom reconfortante - Pensei em fazer uma surpresa - retrucou a ruiva. Em seguida dirigiu-se a Lua - O grandão aqui é o nosso especialista em armas, ele nos ensina a sobreviver lá fora. - Quase todos os grandes lutadores do bando passaram por ele - Ítalo quase gritou - Vou ser o melhor deles! - Isso, você já sabe que arma vai querer usar? - Yuri perguntou apoiando para uma grande caixa encostada na parede Lua não pode deixar de notar o quanto Yuri estava suando, mesmo ali debaixo da sombra ele parecia estar passando mal com o calor. Porém mantinha um sorriso quase estático na face. - Ela não é muito grande, talvez devesse usar uma arma de longa distância - Ítalo falava entre pulos - Podiamos ser parceiros! - Ela tem o meu porte - Ruby pareceu ter certeza do que falava - Talvez devesse usar os sabres. - Vamos com calma - Becker impunha respeito em suas palavras - Ruby, você vem comigo, os demais, vamos ao exercícios que haviamos combinado. Os três se afastaram do grupo, em direção à grande caixa de armas. - Cada um de nós tem sua arma de preferência - Becker apontou pros outros que sacavam suas armas - De início, você tem que escolher com qual arma se sente mais confortável, lembre-se que usar uma arma em combate não é o mesmo que usá-la aqui. - Eu vou ter que matar alguém? - Lua tremeu com a idéia. - Calma garota - Ruby riu - Procuramos não matar ninguém e não ter ninguém morto, é mais seguro para o grupo ter uma negociação pacífica do que arriscar nossos membros. - Isso mesmo - Reforçou Becker - Todos nossos ataques são planejados e executados minuciosamente para que ninguem saia ferido. Vamos ensiná-la a se defender. Ruby retirou o cadeado da caixa e esperou Becker erguer a pesada tampa de madeira. Lua espiou, dentro havia uma série de laminas e pedaços de metais desorganizados. A ruiva retirou dois sabres de dentro da caixa. - Essas são minhas armas - Uma boa dose de orgulho passou pela face de Ruby - Sou uma dualista, os sabres são leves e afiados, porém não são muito resistentes, por isso compenso com velocidade. Lua assistiu Ruby descrever três piruetas no ar, girando os sabres em torno do seu corpo como se dançasse. - Ruby é minha melhor aluna - Elogiou Becker quando a ruiva pousou - E eu também sou um dualista Lua imaginou o africano dando piruetas no ar e quase riu. Porém o professor apanhou duas lanças imensas, pôs uma em cada mão e descreveu alguns golpes. - O alcance das lanças compensa meu tamanho contra adversários menores e mais rapidos. - Em seguida Becker apontou para os demais participantes do grupo - Já Yuri usa um martelo, ele não participa muito dos combates, mas já o vi derrubar muralhas e casas com aquilo. - Kate usa um dardo - Ruby apontou para a indiana que atirava uma pequena lamina amarrada por uma longa corda - É uma arma difícil de ser usada e requer muita coordenação. - Ítalo usa um arco e flecha - Becker pareceu desanimado - Não tem muita classe, mas o garoto é bom. Já Mateus prefere o uso do sabre convencional. Lua observou os ultimos dois participantes do grupo utilizarem suas armas. - Quer tentar o sabre? - Ruby estendeu uma de suas armas para Lua. A arma era pesada, mas parecia confortável. De repente Lua imaginou-se lutando com seu irmão, como quando eram menores, mas agora tinham armas nas mãos e os dois sorriam como se estivessem brincando. A garota testou uma série de armas, dos mais variados tamanhos e tipos, porém a imagem do sabre havia ficado na sua mente, faria seu irmão se orgulhar e aprenderia a defender-se sozinha. Parte 4: A primeira Lua Lua estava exausta, passou grande parte do dia praticando com as laminas, além disso, sentia fome, tiveram um breve desejum e em algum ponto da tarde Cao Yun apareceu com comida para todos eles, mas mesmo assim, o exercício era dificil e a lamina pesada deixara seu braço extremamente dolorido. - Você não é tão ruim – Becker se aproximou, tinha duas presas animalescas atravessando suas orelhas como numa espécie de ornamento selvagem – O bando poderia ter utilidade para você. A garota sorria, as lanças grandes, a cor da pele, os músculos e os ornamentos do Mestre de armas faziam com que ele a assustasse, porém podia sentir calor nas palavras e ele havia se provado atencioso e gentil durante o treino. - Não consigo fazer todos aqueles giros como Ruby faz... - Lua percebera que estava constantemente se comparando com a garota ruiva – Preciso de mais treino. - Ruby tem um talento natural para o combate – Becker pareceu divertir-se com a cara de orgulho da ruiva – Mas ela é desatenciosa e gosta de aparecer. Ele não mentia, enquanto Ruby lutava ela exagerava em seus movimentos, descrevia circulos e piruetas enquanto golpeava habilidosamente, porém, esforçava-se demais para que fosse mais graciosa do que mortal. Lua acompanhou os demais praticantes enquanto guardavam suas armas e trancavam as caixas, o grandão Yuri murmurou qualquer coisa em um idioma que ela não compreendia e deixou-se cair sentado na areia. - Vamos para a cozinha Lud – Ruby a chamou com um sorriso na cara - Temos de jantar rapido se ainda quisermos tomar banho hoje. Lua seguiu a ruiva por entre as cabanas até a maior de todas elas, onde parecia que o bando passava a maior parte do seu tempo, seguiram por entre as mesas até onde Lua já reconhecia ser a cozinha, era como um deja vú do dia anterior, a velha Agatha se erguia em cima de seu banquinho e gritava ordens para todos os lados. Quando viu as garotas entrarem, Agatha apontou para um canto onde haviam dois pratos vazios e algumas panelas quentes, Lua e Ruby foram servir-se mas foram impedidas pela corpulenta barriga do cozinheiro. - No, no, no cheri! Vão comer comida esta noite! - O sorriso do chef parecia atravessar de uma orelha até a outra – Comida de verdade si? As garotas não pensaram em recusar, foram para a parte de trás da cabana e serviram-se da comida que o chef havia separado para elas, comeram com pressa e quase sem conversar, após a ceia, foram diretamente para a cabana de Rashid, iam tomar banho antes que a noite, e o frio, caissem sobre elas. Para seu orgulho, Lua já sabia o caminho. - Vai ter que deixar de ter vergonha – Ruby acenava para o corpo nú da outra garota – e se ele quiser desposá-la? Lua teve um arrepio ao pensar naquilo. Eu... erh... - Sentiu o rosto corar e esquentar – Não sei... Após o banho, Lua sentiu-se melhor, estava cansada, mas limpa. Seu braço doia do peso da espada e Ruby teve de ajuda-la a vestir-se. As garotas deitaram-se e ficaram conversando sobre o mercado do Cairo e as coisas que podiam ser encontradas lá. A noite já havia a muito caido quando Rashid retornou à tenda, estava suado e com um martelo de construtor em uma das mãos, Lua viu Ruby morder os lábios e trocar olhares indiscretos com o garoto. “Esses olhos...” Lua invejava os olhares que ele trocava com a ruiva, eram os mesmos que ela havia recebido na noite em que o conheceu, mas não os tinha visto desde então “Queria que me carregassem.”. - O chão é frio meu senhor – a garota ruiva fez uma reverência exagerada deixando seu decote bem à mostra – se quiser, esquentaremos sua cama. - Oferec... - Lua mordeu os labios antes de terminar a palavra, sentia a raiva transbordando – Fale por si mesma. Ruby pareceu ofendida. - Calma – disse Rashid – Lua, pode ficar com a cama. E quanto a você Ruby, tem bastante espaço no chão e varias almofadas, tenho certeza que pode arranjar uma forma de me esquentar. - Posso limpá-lo meu senhor? - Ruby pareceu forçar sensualidade na voz– Tenho certeza que um banho o faria sentir-se melhor. Esquentarei a agua e lhe darei o banho eu mesma. Rashid acentiu com a cabeça e ficou olhando as costas da garota ruiva enquanto ela saía com um balde dirigindo-se para a cozinha. - Não fique tão zangada – continuou o rapaz virando para Lua – seu irmão mobilizou uma tropa hoje, ele não pode nos achar aqui, mas lhe entregarei a ele assim que tiver uma chance, pode levar alguns dias, mas será feito. Não era do lugar que Lua sentia raiva, tinha se sentido especial quando fora raptada pelo garoto e agora enfrentava a competição de uma mulher mais experiente, mais bonita “e RUIVA” pensou com desdém. Porém, a noticia era boa, Marmaros marchava a seu encontro, não importava quando, estaria com seu irmão quando a hora chegasse. “Mas será que quero ir?” Lua deixou a pergunta parar e assistiu o garoto despir-se de sua camisa e bota, fingia não ter interesse, mas observava cada detalhe de seus músculos do abdomen e cada cicatriz que o garoto tinha nas costas. Rashid tirou o turbante e deixou os cabelos cairem sobre a face, os fios do longo cabelo fluiam no seu rosto como se boiassem na agua de seus olhos. - Amanhã conversaremos sobre seus afazeres – Rashid sentou-se no chão, estava visívelmente cansado – Não quero conversar sobre isso hoje. Quando Ruby chegou com a agua quente, o garoto já estava no local para banhos, longe do tapete. A ruiva depositou o balde cheio próximo ao rapaz, despiu suas próprias roupas e foi para junto de Rashid, encostando os seios em suas costas. Lua virou-se para o outro lado, sentia o rosto vermelho de raiva, fingiu não saber o que iam fazer, fingiu não ouvir nada e acabou por adormecer. Parte 5: Rashid O garoto acordou no meio da noite, sem razão, sem motivo aparente. Levantou-se do tapete e observou as duas garotas que partilhavam sua cabana, uma era a garota do cairo, Lua, dormia bela como um anjo, um leve sorriso marcava seus labios, e a outra era Ruby, estava deitada nua no tapete, os cabelos continuavam ruivos como chamas mesmo no escuro. Uma era completamente estranha e a outra sua noiva. “As duas são minhas noivas” Pensou o garoto, não deixava de ser verdade, tanto Lua quanto Ruby eram suas por direito, mas desde que a novata chegou, ele não conseguia mais dormir. Vestiu-se, calçou as botas, beijou Ruby no rosto e deixou as garotas dormindo. Saiu da cabana e foi para as cozinhas, claro que não haviam muitos acordados, mas tinha certeza que alguns ainda estariam bebendo. Como havia previsto, havia um punhado de homens e duas mulheres, todos bebados. - Rashid! - O velho Majhad indicou o assento ao seu lado – Beba comigo. - Pai – Rashid fez uma breve reverência ao sentar-se. - Deixe disso garoto, para os espiritos da noite somos todos iguais. - Ainda não consigo dormir – disse o garoto – Isso nunca é um bom sinal. O velho bebeu o que restava da sua cerveja e pareceu apreciar o gosto antes de responder. - Sua nova mulher não te satisfaz? - O velho olhou de canto para o jovem – Ou você não está dando conta das duas? Uma gargalhada ressoou pela mesa. - Tão jovem e já não maneja mais a espada? - Becker tinha o rosto inchado de alcool – Sabe que se falar com a velha, ela deve lhe arranjar alguma erva que lhe ajude... - E como VOCÊ sabe disso Becker? - Yuri parecia quase sóbrio, ou talvez estivesse sempre bebado – é por isso que você não toma nenhuma esposa? Mais gargalhadas soaram enquanto o mestre das armas se encolhia na cadeira. Rashid se sentia confortável, passou a beber com seus companheiros, trocar piadas e falar de mulheres. Passou horas ali, quando os primeiros começaram a se retirar e os demais a dormir com a cabeça na mesa, Majhad lhe chamou. - Me acompanhe até minha cabana Rashid – o velho levantou-se sem esperar resposta. Rashid o acompanhou, sem dizer uma palavra, pelo caminho das cozinhas até sua o centro do acampamento. Ao adentrar a cabana, observou novamente as riquezas do velho, espelhos, joias, baús cheios de moeda e até mesmo uma figura de proa banhada em ouro, estavam espalhados pelos cantos da cabana, uma jovem tocava harpa e cantarolava com uma doce voz enquanto varias outras dormiam tranquilamente em pequenas camas de linho. - Elizabeth – o velho chamou a garota da harpa – Traga-nos alguns pêssegos e leve minhas outras filhas para suas tarefas, lamento ter que acorda-las tão cedo mas preciso conversar com Rashid à sós. A garota pôs-se a obedecê-lo. “Filhas” pensou Rashid, o velho não tomava esposas, diferente dos demais, ele casou-se apenas com uma mulher, a mãe de Rashid. Quando casaram, fizeram um juramento de fidelidade perante o Deus da mãe e após a morte dela, o velho capturou varias mulheres, mas não desposou nenhuma, o velho era fiel a seu juramente em cada segundo de sua vida. “Só uma, uma só” O pensamento fez Rashid tremer, nunca deveria ter tomado Lua para sí, mas sentia algo por ela que não sentia por Ruby, porém, sentia agora como se tivesse traido Ruby e sua Mãe, a culpa o corroia por dentro, torceu para ser apenas o efeito do alcool. A garota Elizabeth voltou alguns minutos depois, com uma bandeja onde um bule quente fumaçava, acompanhado por duas pequenas xícaras. O velho tomou a bandeja da mão da garota e indicou para que ela saísse, escolheu uma almofada e sentou-se nela. Rashid o acompanhou, sentou-se no chão à sua frente e observou enquanto o velho servia o chá. - Sua garota – o velho finalmente falou – Parece que ela vai nos trazer problemas. Rashid não soube o que dizer, era óbvio que o velho sabia, nada escapava seus olhos. - O irmão dela... - As tropas dele marcham em nossa busca – o velho interrompeu – não são mais de 30 homens, mas não vou arriscar a vida dos meus por um capricho Rashid. - Senhor – Rashid sabia o que ele estava dizendo – Preciso de mais tempo, preciso conhecê-la melhor. - Rashid, estamos falando da vida dos seus irmãos e companheiros, já pensou que está pondo a vida da sua esposa em risco? As palavras do velho eram sabias e Rashid estava bebado demais para acompanhar. - Pai eu... - sem saber bem o que dizer, arriscou – vou tomá-la como esposa. Não sabia como Lua iria aceitar a notícia, mas era a única maneira de torná-la parte deles, a partir do momento em que eles consumassem o casamento, Lua faria parte da família e seus irmãos levantariam suas espadas para defendê-la. - Eu presumí que iria me dizer isso – o velho coçou a barba branca que lhe cobria o queixo – tem de se apressar, se a notícia chegar em algumas bocas... Sabe que nem todos aqui são tão pacientes. Lutariam por um irmão como lutariam por sí mesmos, mas não posso pedir que lutem por uma estranha Rashid. - Dê-me algum tempo – O garoto continuava pensando em como Lua receberia a notícia, o charme da aventura não iria mantê-la perto dele para sempre, assim que soubesse que teriam de entregá-la ao irmão, ela deixaria Rashid. - dois dias, Pai. O velho observou os primeiros raios do sol entrando por entre as finas aberturas da cabana. - Tem até o sol nascer de novo Rashid, não posso tolerar mais tempo. Parte 6: A ameaça Mármaros andava à frente da caravana com Isaías ao seu lado, sua cabeça girava com mil idéias. - Acalme-se Mar – Isaías percebeu a agonia do amigo – Também estou preocupado com sua irmã, mas devemos nos concentrar no que estamos fazendo ou falharemos. Nossos números são pequenos e os homens não tem a mesma fé que você, não deixe-os vê-lo fraquejar. - Isaías – Marmaros limpou o suor do rosto – Eu só quero minha irmã de volta, não queria nenhum desses homens comigo, entraria sozinho no deserto e a tiraria das mãos dos saqueadores, mesmo que tivesse que arrancar as mãos deles. - Você precisa deles Mármaros, confio neles tanto quanto você, mas se algo der errado, temos de estar preparados. Isaías tinha razão, mas Mármaros não tinha paciência. “Lua, se fizerem alguma coisa com você, eu juro que mato cada um deles e os arranco cada gota de sangue”. - Olá – O guaxinim subiu ao ombro do capitão e mordiscou uma amendoa que havia furtado de uma das bolsas de Marmaros – Você gosta dessas não é? Acho que vou chamá-lo de Ligeiro, assim as pessoas vão poder proteger suas bolsas quando ouvirem seu nome. Lua ainda estava deitada quando sentiu o cheiro de hortelã, virou-se na cama e viu Rashid em pé no centro da cabana, procurou Ruby, mas a ruiva já devia ter saido. - Bom dia Lua – Rashid tirou a camisa e as botas – Como está se sentindo? - Ahn... - A garota tentou pensar sonolenta enquanto o garoto se esticava e contraia seus musculos, tinha alguma coisa errada – O que está fazendo? Rashid caminhou até a cama e sentou-se ao lado dela, não parecia proposital, mas quando o garoto sentou, a camisola da garota ficou presa debaixo das pernas dele e ela sabia que não conseguiria levantar sem rasgar a roupa. “Não, não pode ser intencional”. O garoto estendeu a mão e a segurou de leve belos ombros, aproximou o rosto do seu, quase tocando o nariz dele no dela e Lua sentia o bafo forte de hortelã e... “Alcool?”, mesmo assim o cheiro a agradava, sentia os cabelos dele encostarem em seu pescoço e a sensação fazia ela querer render-se a ele. Porém o garoto hesitou e beijou-lhe a testa, deixando Lua levemente desapontada. “Por que não?” Pensou entristecendo. - Rashid... - Lua quis abraçá-lo, mas ele ainda lhe era um completo estranho – Você está bem? - Tenho que lhe contar algumas coisas Lua – Rashid desprendeu o vestido da garota, tinha sido proposital – E não são suas tarefas, é sobre seu irmão. - Marmaros? - Lua estava ficando confusa, toda a euforia do momento havia passado – O que tem ele? - O Capitão marcha para cá com suas tropas, não são muitos, mas teriamos que te entregar. “Ele vai desistir de mim tão fácil?” - Então vou para casa, não tenho mais nada que fazer aqui – Lua sabia que tinha sido dura demais, mas o garoto não parecia querer tomar uma posição. - Essa é a questão, os homens do seu irmão não são suficientes para atacar o acampamento, mas não queremos perder nenhum de nós – Rashid tirou o cabelo do rosto. “Então prefere me esquecer, acho que nunca tive lugar na sua vida Rashid” O garoto levantou, pareceu pensar por um instante. - Lua, se você for, você parte hoje ainda, eu lhe acompanharei e lhe deixarei com seu irmão, conforme prometi. - Os olhos azuis do garoto, perderam o brilho e pareceram apagar por um segundo – Eu quero que você fique. Lua encarou o garoto, não sabia porque, mas também queria ficar, queria conhecê-lo, quem sabe até ser a esposa dele “A unica”. - Porque está me contando tudo isso Rashid? - Quero que fique aqui comigo, prometi devolvê-la ao seu irmão, mas não disse o quando, então Lua, eu peço que fique. - Eu fico Rashid – A resposta veio mais naturalmente do que ela previra – Mas se queria apenas que eu ficasse, se eu não soubesse ainda seria sua. - Não sou tão cruel assim Lua, só quero que fique. A garota levantou-se e atirou-se em seus braços, havia cedido à vontade de abraçá-lo. Sentia os seus seios contra o peito dele, com apenas a camisola impedindo o toque, seu corpo esquentou e ela sentiu o suor começar a se formar em seu pescoço. Ele a abraçou de volta, os braços firmes passavam em volta da sua cintura e o rosto dele virava de encontro ao seu, os olhos azuis que a atraiam se encontraram com os seus e ela sentiu-se hipnotizada, perdida, “Apaixonada” pensou. O garoto colou o corpo dele no dela, ela sentia o calor do hálito de hortelã e alcool, a tenção dos braços dele aumentou e ela deixou-o guiar seu rosto até o dela, espelhando os movimentos do rapaz até que seus labios finalmente se tocaram e ele a beijou.
Posted on: Thu, 17 Oct 2013 21:20:41 +0000

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