QUAL A FINALIDADE DA MORTE DE JESUS? POR QUE JESUS RESSUSCITOU? Jesus morreu para expiar nossos pecados. Qual a relação causal entre “Jesus morrer” e “pecados da humanidade serem expiados”? A verdade é que não existe relação de causalidade alguma. Em outras palavras, Jesus não precisava morrer para expiar “nossos pecados”; os pecados poderiam ser expiados sem se recorrer a um sacrifício. No que a morte de Jesus difere de outros eventos expiatórios? Jesus morreu porque perder a vida é a pior coisa que pode acontecer a alguém, sendo assim é o ato perfeito para simbolizar a expiação dos pecados. O problema dessa resposta é que Jesus, sendo ele mesmo parte da Santíssima Trindade, possui vida eterna. A palavra morte, para ele, nada mais é do que a perda do corpo físico. Ora, perder o corpo físico não é nem de longe a pior coisa que lhe poderia acontecer. Sequer poder ser considerado algo ruim propriamente dito, sendo mais um contratempo do que um incidente indesejável. Afinal, o que é a perda do corpo físico para um ser que possui vida eterna? Além disso, Jesus ressuscitou depois, ou seja, ele recuperou seu corpo físico três dias depois! Isso anula qualquer mal sofrido em nome de uma expiação. Outra objeção é que qualquer um poderia ter morrido no lugar dele. Por que tem que ser o Filho de Deus em pessoa? Jesus morreu e ressuscitou para dar a salvação a todo aquele que nisso acreditasse. Essa resposta também carece de relação causal. Se o “sacrifício” de Jesus simbolizava o início de um novo paradigma de salvação, isso só faz sentido se Deus resolveu mudar o paradigma de salvação anterior, porque ele achava que o original era ruim. Mas dizer isso é o equivalente a dizer que Deus errou. Alguém poderia dizer que Deus não estava mudando o paradigma, mas sim criando um. Mas para onde foram Abraão, Moisés e outros nomes da Bíblia, se antes não havia critério para salvação? A segunda objeção é que isto torna praticamente inútil a moralidade. Ora, se acreditar em Jesus é o critério, que diferença faz seguir as leis? Podem remendar dizendo que devemos seguir os mandamentos de Deus e se arrepender das transgressões antes de morrer. Bem, neste caso a morte de Jesus serviria não para facilitar a salvação, mas para dificultá-la ainda mais. A terceira objeção é que isso exclui pessoas que por motivos culturais acreditam em outras religiões. A quarta objeção é que a morte de qualquer pessoa poderia, teoricamente, ter o mesmo efeito. Por que tem que ser a morte de Jesus? Em suma, Jesus teria morrido e ressuscitado para que aquele que nisso acreditasse fosse salvo, porque a lei anterior não era boa, mas ao fazer isso ele excluiu aqueles que por motivos culturais jamais o aceitaram, e ou dificultou a salvação ou prescindiu a realização de atos morais, sendo que ao invés de morrer, como símbolo da nova lei, poderia ser outra pessoa! Jesus queria mostrar à humanidade que não se poderia levar a lei mosaica tão a sério. Mas, no que exatamente ser morto e ressuscitar o ajuda nessa tarefa? Ele não morreu por causa do ódio provocado pela atitude que queria combater, mas morreu por razões políticas. Se fosse o primeiro caso, a sua morte poderia soar como uma lição, mas as circunstâncias da morte de Jesus não deixam que ela seja interpretada dessa forma. Suas palavras e atitudes em vida podem ser interpretadas assim, mas sua morte definitivamente não. Foi um ato de amor pela humanidade. Essa resposta chega a soar como uma piada. No que permitir que seja morto em uma cruz se parece com um ato de amor, já que essa atitude é mais macabra do que qualquer outra coisa? Jesus morreu para que paremos de pecar. Outra piada. Se fosse este o caso, a morte dele teria sido completamente em vão, já que continuamos pecando. E pergunto: como a morte de alguém que ressuscitou três dias depois pode levar alguém a não pecar? Eu poderia argumentar que existem formas muito melhores de se fazer isso. O esclarecimento, a razão a serviço da moralidade e a educação em massa teriam sido bem mais úteis. E se ele era um ser sobrenatural onisciente, por que ele morreu e ressuscitou ao invés de ensinar isso? Para trazer vida a todos nós. Como podem ver, deixei as piores respostas por último. Será que as pessoas que viveram antes de Jesus não estavam realmente vivas? E se vida está no sentido figurado, representando a plenitude da vida, eu me pergunto: que tipo de psicopatas os teólogos são para achar que as pessoas vão ter uma vida plena ao saber que alguém morreu por elas? Não seria melhor, se os teólogos realmente se importassem com essas pessoas, dedicassem a fazer a vida de todo mundo ser mais significativa, ao invés de ficar inventando uma história maluca dessas? Jesus morreu para pagar por nossos pecados. Punir uma pessoa pelos erros de outras é uma injustiça, na medida em que a ação é completamente sem sentido do ponto de vista moral. Essa resposta vai contra a ideia de que cada pessoa é responsável por seus atos. Além disso, essa resposta sofre de todos aqueles problemas que já mencionei: 1) qual a relação entre a morte de uma única pessoa e o pagamento pelos crimes de bilhões de pessoas? 2) por que a morte tem que ser de Jesus? 3) o fato dele saber que perder o corpo físico era um evento contornável, não torna o seu ato nulo de significado? Sem contar que, se Jesus morreu para pagar por nossos pecados, não precisamos mais ser punidos por eles. Se nós devemos ser punidos pelos nossos pecados, então a morte de Jesus foi em vão. Eu duvido que alguém possa defender que a morte e a ressurreição de Jesus possuem propósitos claros e racionalmente defensáveis. É uma questão de fé que prescinde a razão. Não existem explicações racionais e as pessoas devem entender isso.
Posted on: Tue, 03 Sep 2013 06:29:06 +0000
Trending Topics
Recently Viewed Topics
© 2015