Se você vai atravessando a pequena cidade com sua única rua de - TopicsExpress



          

Se você vai atravessando a pequena cidade com sua única rua de numerosas lojas – a padaria, a loja de fotografia, a livraria, o restaurante ao ar livre – passando por baixo da ponte, pelo alfaiate, sobre outra ponte, passando pela serraria, então entra na floresta, e continua ao lado do rio olhando para todas as coisas pelas quais você passou, com seus olhos e todos os sentidos plenamente despertos, mas sem um único pensamento na mente – então você saberá o que significa ser sem separação. Você segue aquele riacho por dois ou três quilômetros – novamente, sem nenhum movimento do pensamento – olhando para as águas correntes, ouvindo seu barulho, vendo sua cor, o verde-acinzentado do riacho da montanha, olhando as árvores, e o céu azul por entre os galhos, e as folhas verdes – novamente, sem um único pensamento, sem uma única palavra – então você saberá o que significa não ter espaço entre você e a folhinha de grama. Se você segue, atravessando os prados com suas milhares de flores de todas as cores imagináveis, do vermelho vivo ao amarelo e à púrpura, e a grama verde brilhante, lavada pela chuva da noite anterior, rica e verdejante – novamente, sem um único movimento do mecanismo do pensamento – então você saberá o que é o amor. Olhar para o céu azul, para as nuvens altas e bem desenvolvidas, para as colinas verdes bem delineadas contra o céu, para o capim viçoso e a flor murchando – olhar sem uma só palavra de ontem, então, quando a mente é completamente quieta, silenciosa, não perturbada por nenhum pensamento, quando o observador está completamente ausente – então existe unidade. Não que você esteja unido com a flor, ou com a nuvem, ou com aquelas colinas arrebatadoras; antes, há um sentimento de completo não-ser, no qual a divisão entre você e o outro cessa. A mulher carregando aquelas provisões que comprou no mercado, o grande cão alsaciano preto, as duas crianças brincando com a bola – se você pode olhar tudo isso sem uma palavra, sem uma medida, sem associação alguma, então a disputa entre você e o outro cessa. Esse estado sem a palavra, sem o pensamento, é a expansão da mente que não tem limites, que não tem fronteiras dentro das quais o eu e o não-eu possam existir. Não pense que isso é imaginação, ou algum vôo da fantasia, ou alguma desejada experiência mística; não é. É tão real como a abelha naquela flor ou a menininha em sua bicicleta ou o homem subindo a escada para pintar a casa – todo o conflito da mente, em sua separação, chegou a um fim. Você olha sem o olhar do observador, você olha sem o valor da palavra e a medida do ontem. O olhar do amor é diferente do olhar do pensamento. O olhar do amor leva a uma direção que o pensamento não pode seguir, e o olhar do pensamento leva à separação, conflito e sofrimento. Desse sofrimento você não pode passar ao amor. A distância entre os dois é feita por pensamento, e o pensamento não pode, nem a passos largos, alcançar o amor. Ao caminhar de volta, passando pelas pequenas chácaras, pelo prado e a linha do trem, você verá que o ontem chegou a um fim: a vida começa onde o pensamento acaba. Jiddu Krishnamurti
Posted on: Fri, 30 Aug 2013 05:00:23 +0000

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