SÃO MIGUEL, UM RETRATO QUASE FALADO A velha e pujante São - TopicsExpress



          

SÃO MIGUEL, UM RETRATO QUASE FALADO A velha e pujante São Miguel de Campos, da tradicional festiva feira de ponte, saudades do apito da Vera Cruz – Cotonifício João Nogueira, da Sebastião Ferreira - hoje Usina Roçadinho; do seu Bebé, no tabuleiro de dominó com amigos na calçada, o velho Cine Fox, festival de Arte e música popular, Seu Eliseu da Farmácia, O Nogueira e sua tipografia, o Grupo de Teatro Raízes, a Beira Rio, Seu Cruz, da Ciretran, meu primeiro chefe e emprego. Que tempos àqueles da Professora Lumércia, no Maria Rosa minha primeira escola, a camisaria Garbosa, do Seu Milton e filhos, todos amigos meus, do Zé Barbosa, eterno homem de cultura, a rua da bica e o oiteiro. Me lembro da Fescan - Festival da Cana, com a cantora Marrom, a Alcione, cantando não deixe o Samba morrer, não deixe o samba acabar, o morro foi feito der samba e o samba pra gente sambar... Que tempos bons o da Escola Ana Lins e sua banda fanfarra, a melhor do Estado, onde conheci muita coisa e gente boa, porém, uma especial, a obra de Machado de Assis. Lembro quando inauguramos o CSU - Maria Antonieta Teixeira Leite, e lá ensinei como o fiz na Escola Cenecista Mário Soares Palmeira no antigo mercado do feijão onde comercializei e na Tarcísio Soares Palmeira, com minhas disciplinas de sempre. Os desfiles da emancipação eram um garbo só, as famílias nas laterais das ruas para aplaudirem seus filhos miguelenses ou não, mas a futura geração. Saudades da São Miguel que não era acima de tudo, mas por tudo bela e segura, bem cuidada; meu Deus, esta de hoje se você visita o google parece que vai brota do tudo de imagens, sangue do abandono de um povo, jovens, velho e até meninos vitimados pelo descaso. Cadê as fotos dos desfiles cívicos, das famílias nas portas acolhendo um frescor regado a bate papo de vizinhos? Parecia, outrora, uma cidade sempre nova, hoje revestida de velha. Até meu amigo, ora irmão, Fininho tentou ser vereador pra contribuir. Misericórdia, cadê a São Miguel da minha Infância? Dos tempos de Fernando Lopes, o pintor, Milton Martins de Moura, a enciclopédia humana, Pastor José Alves, Padre José Antônio Neto, até o Zé Inácio, com suas “histórias”, um Trancoso de fazer rir. O primeiro empreendimento hoteleiro moderno foi a Pousada dos Caetés, gerenciada por Edmilson Marques de Godoi, um amigo que guardo no peito à décadas. O Pastoril, a dança Portuguesa os Guerreiros e cheganças, onde estão? Até o prefeito lavando copos no bar do cabeção, os tempos de Dona Iaiá, no furado, seu Ares César, na pitomba, o Coité, a chã da mangueira, hoje Bairro de Fátima moderno, porém, sem o Mangueirão com a galinha à cabidela. São coisas à recordar. Conheci homens, hoje chamados ilustres, de nobres famílias, com balaio de pão, cujo fundo redondo se apoiava na ródia posta sobre a cabeça, vendendo o precioso nas artérias miguelenses. Seu Ota, seu Geraldo, Dona Vener Frida, Seu Domício Celestino, Dona Pureza Celestino, comerciantes entre outros que fizeram história; que pena, nos hodiernos tempos, nossa saudosa pareça a São Miguel dos caixões. Tudo isso me faz saber o quando precisamos trabalhar pra resgatar São Miguel de um passado ilustre, cujo presente é triste. Sou filho natural de Teotônio Vilela, nascido na fazenda Peri-Peri, nos tempos de meu pai administrador e barraqueiro, mas logo cedo fui levado a São Miguel, onde forjei minha vida de menino e moço; tenho por essa terra um especial e inesquecível acervo de memória e amigos de infância. Não poderia silenciar com o estado de coisas que ora acontece. Bom dia aos de boa vontade por uma terra de Guerreiros. Essa tribo às margens do Rio, no vale de usinas e cimento, desta boa gente; se tinha desconte, sei, porém, trocar aventuras por experiência concretamente desconexa não é lá coisa muito certa; São Miguel perdeu muito nos últimos tempos; parte do Jequiá da Praia, Lagoa Azeda e dantes Roteiro e Barra, com isso seu litoral, mais por certo nunca sofreu tanto quanto agora, com os desmandos e má administração. Ruas abandonadas, lixo por toda a parte e um matadouro que já foi modelo no Estado. Hoje, que testemunho os urubus, buracos por toda banda, enchentes que nos remetem aos tempos que não se tinha cais. Um progresso forjado em propaganda enganosa. São tantas as coisas que nos entristecem ver que paro por aqui neste relato. O desejo, creio, é de trazer ou colher do próprio fruto alguém preparado, de mangas já arregaçadas para o trabalho, para num labor desenvolvimentista, de forma planejada, limpar, restaurar, fazer novo no construir uma gestão que honre a terra berço de Visconde de Sinimbu e Ana Lins, do historiador Douglas Aprato Tenório e outros de destaque iminente. Pensar é bom, agir com cautela é ainda melhor. É preciso pôr no poder alguém que dele não precise. Alguém, cuja única ganância seja alçar o reconhecimento popular, por via do trabalho participativo, com uma comunidade cuja autoestima lhe referencie.
Posted on: Wed, 10 Jul 2013 17:51:50 +0000

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