Só eu e você estaremos sempre aqui Apenas nós sabemos qual é o lugar Um sonho especial que sonhei, por aí Sonho que te sorri, antes de te encontrar Antes de acordar, saiba que já senti Que cruzaríamos, de mãos dadas, o mar Antes de acordar, eu também já sofri Medo de te perder, medo de naufragar A partir daí, só fé pode traduzir Sem te ver, sem a sorte de imaginar Precisei sonhar, esse foi meu elixir Sem resistir percebi, dormindo, abrir A porta da minha vida, lindo lugar Espaço de amar, para a gente sorrir. A fase inicial da nossa vida pode ser comparada a fase inicial de nosso relacionamento mais íntimo, quando somos crianças temos nossas primeiras impressões do mundo, quando iniciamos um verdadeiro namoro, temos a primeira impressão da pessoa amada. As decepções que a criança tem com o mundo real também podem ser colocadas em paralelo com as decepções que dois amantes, ou enamorados, têm com o outro. Entretanto, apesar de as lembranças ruins sempre parecerem mais evidentes, é na beleza da vida que reside nosso verdadeiro amor. São nos momentos de esplendor que atestamos nossa mais profunda fé. É no primeiro beijo que assumimos o nosso maior compromisso. Quando pequeninos sonhamos com questões de naturezas que vão além de nossas leis humanas, sonhamos em voar. Quando conhecemos nossa alma-gêmea sonhamos com a perfeição da pessoa querida, seja ela moral, ideológica, física, ou sentimental, sonhamos em voar juntos. Essa fé, querer inexplicável, admissão do mais belo, no seu amor, nada mais é do que a crença de que seu par pode estar sentindo a mesma sensação, é a crença, imperceptível, de que sua solidão deve ter tido fim. Essa solidão não está fora da natureza humana, nem fora do seu sonho infantil. Essa solidão existe desde seu nascimento e seu sonho com a princesa, ou o príncipe, sejam eles encantados ou não. Essa solidão reside no ser desde sua criação, antes dele mesmo ter consciência. Isso, para os mais darwinistas, pode ser explicado pelo desejo de reprodução da espécie. Sendo assim, sua tristeza é preenchida por um par, e cada vez que esse par está longe, a tristeza é mais clara. A clareza do desejo de ser eternamente a rocha da pessoa amada torna-se a certeza da vida, e a incerteza da recíproca. Seu sorriso é mais completo ao lado da pessoa desejada. Sua lágrima torna-se alegria quando cai naquele ombro. O beijo não tem palavras. Não existem mais palavras para descrever o desejo, a vontade, o estar ao lado. A história passa à sua frente sem importância. Aquele momento é o todo. A superação do mundo aparenta necessária. E aí só existe um, para os dois. É como quando a criança descobre um mundo diferente que estava à procura, com todas as possibilidades de erros, falhas, decepções e acertos, plenitudes e realizações. É o momento em que e passa a acreditar de fato que há anjos, e há amor. Aquele sonho de voar se tornou tão grande que a impossibilidade de sair flutuando pelo ar dá lugar a um abraço no fim da tarde de domingo. Dentro de nossa cultura cristã o primeiro livro que nos é apresentado, em geral, na vida, é a Bíblia Sagrada. Escrita, de acordo com o próprio livro, pelos profetas e apóstolos inspirados pelo Espírito Santo de Deus. Basicamente os ensinamentos são morais, de acordo com suas épocas, baseados no sentimento de justiça, e amor. A salvação da alma é conseguida pela fé. A base moral da sociedade ocidental, burguesa, num mundo capitalista, é fundamentada numa interpretação bíblica de caridade. Aparentemente a interpretação é hipócrita, e, como em qualquer sociedade classista, a contradição entre a teoria e a prática é evidente. A partir do reconhecimento que os ensinamentos cristãos têm grande influência na sociedade, é concebível que eles sejam considerados uma chave para a mudança social. Importante esclarecer que não devem, necessariamente, serem as igrejas usadas num processo de transformação social, mas sim a ideologia bíblica. Essa ideologia, bem analisada, traz a idéia de que o mundo humano está fadado ao fracasso, e o gozo pleno da humanidade não se encontra num plano terreno. Diz também, possivelmente num sentido figurado, que para o ser humano alcançar a felicidade precisa voltar a ser como as crianças, daí a importância da observação da infância, sendo, preferencialmente, a própria. Tempo de consciência social ainda não construída, para a criança o que é apresentado como certo é tomado como verdadeiro. Entretanto, é bastante admissível um sentimento natural de bem e mal desde as primeiras lembranças de nossa vida. Essa dualidade vai se relativizando ao decorrer de nossa história, até um ponto em que, socialmente, não temos a perfeita noção da melhor decisão a ser tomada. E num dado momento surge uma decisão a ser tomada em que algo, seja um ente, uma força, uma intuição, ou o nome que deseja ser dado, deve encaminhar uma postura, uma atitude, que deve ser imediata, pois as relações culturais, científicas e econômicas não dão conta de subsidiar tal escolha. Esse algo será objeto de análise, e sua construção histórica e social no decorrer da vida o embasamento para a descrição do método de leitura da realidade proposto pelo autor.
Posted on: Sun, 07 Jul 2013 21:57:38 +0000
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