Um dos cineastas que mais me fascina é Stanley Kubrick. Por mais - TopicsExpress



          

Um dos cineastas que mais me fascina é Stanley Kubrick. Por mais que ache a obra dele o máximo da auto-indulgência, gosto bastante dos filmes dele.Mas de tudo que li a respeito dele ao longo dos anos, nunca vi ninguém fazer a pergunta certa. Qual a pergunta? Uma rápida retrospectiva: em 1957 após três filmes relativamente desconhecidos, Kubrick chamou a atenção de Kirk Douglas, que o colocou no comando do (ótimo) Glória Feita de Sangue. Depois, Douglas escalou ele para comandar Spartacus, mais um daqueles épicos inflados que os estúdios produziam às baciadas, uma produção marcada por brigas, desentendimentos e - como de praxe na época - com o filme sendo retirado das mãos do diretor e montado e lançado à sua revelia. Depois, foi escalado para dirigir A Face Oculta, sendo sumariamente demitido por Marlon Brando logo no início da produção, aí convém lembrar como funcionava o papel do diretor na época, ele era um contratado do estúdio, alguém que estava ali para ouvir os comandos do produtor e pronto para ser demitido ao primeiro sinal de problemas. Ele fez Lolita e Doutor Fantástico, mas depois disto as coisas começaram a ficar realmente estranhas para o senhor Kubrick. 2001, seu próximo filme, era uma ficção científica, gênero sempre associado a filmes B, que consumiu 4 anos de produção e uma pequena fortuna do estúdio, com sequências psicodélicas que duravam 24 minutos. Laranja Mecânica, após episódios de violência na Inglaterra simplesmente foi retirado de circulação. Não pelo estúdio, mas pelo próprio DIRETOR. Sim, a esta altura ele tinha poder suficiente para simplesmente vetar a exibição do próprio filme e deixar o estúdio amargando o prejuízo. Barry Lyndon, que deveria ser usado para tratar pessoas com insônia, dispensou iluminação artificial, foi todo filmado com luz natural, durante a "hora mágica" do dia, aquele período de duas, três horas onde a luz não muda. Ou seja, um atraso colossal no cronograma de filmagem, com diárias indo às nuvens. Mais ou menos o equivalente a alguém me encomendar um anúncio e eu dispensar o Photoshop e fazer todo ele pintado a óleo. De Olhos Bem Fechados consumiu um orçamento de 100 milhões e entre as esquisitices de Kubrick estavam a reprodução metro a metro de quatro ruas de Nova Iorque em estúdio, quando teria sido consideravelmente mais barato filmar nas locações reais. Sem contar o fato de que ele realizava em média 40, 90 tomadas para cada take, em um exercício de exaustão e gastos exorbitantes. A grande questão é... Como um diretor, emergente de um sistema onde o diretor era apenas mais uma peça na linha de montagem de um filme, podendo ser deslocada e substituída à vontade, despachado de dois filmes, com dois sucessos medianos na carteira, conseguiu repentinamente ter o poder de vida e morte sobre cada um dos seus projetos? Com um nível de poder que nenhum diretor teve antes e depois dele? Aí eu penso naquela lenda urbana sobre a chegada do homem à lua ter sido uma farsa, dirigida por... Stanley Kubrick. E aí sim é inevitável pensar "se... SE... Fosse verdade... Esse bastardo devia ter o cu de todo mundo na mão". E, claro, o poder de vida e morte sobre cada um dos seu projetos.
Posted on: Tue, 13 Aug 2013 01:16:19 +0000

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