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Uma grande oportunidade António Valério, s.j. Tem sido muito divulgada, felizmente, a notícia que o Vaticano, por vontade do Papa Francisco, pôs à disposição de todos um documento preparatório para a III Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos, que terá como tema: Desafios Pastorais da família no contexto da Evangelização. Este documento, para além das reflexões iniciais que contextualizam o tema, apresenta um questionário ao qual são convidados a responder o maior número possível de intervenientes. Esta é a primeira etapa, na qual se recolhe muita informação sobre o tema da família para que cada Conferência Episcopal a possa enviar, a fim de ser tratada na Assembleia Geral Extraordinária de 2014, destinada a especificar o status quaestionis e a recolher testemunhos e propostas dos Bispos para anunciar e viver de maneira fidedigna o Evangelho para a família; a segunda etapa será a Assembleia Geral Ordinária de 2015, em ordem a procurar linhas de ação para a pastoral da pessoa humana e da família. O procedimento não é novo, pois antes de cada Assembleia do Sínodo dos Bispos é enviado um documento preparatório, a fim de ser objecto de reflexão nas várias Igrejas locais, em vista a enriquecer todo o processo com a diversidade de formas como são tratados os vários assuntos em todo o mundo. Mas, normalmente, tais discussões aconteciam dentro de grupos específicos das conferências episcopais, de conselhos pastorais e presbiterais e outros grupos mais restritos. A novidade, desta vez, é a sua metodologia, em que se aposta mais claramente numa participação o mais alargada possível de pessoas e grupos. Na realidade, o tema da família assim o exige, dada a sua complexidade e as rápidas mudanças a que tem sido sujeita nas últimas décadas. Sendo um assunto que toca directamente a vida de tantas pessoas e o modo como se entende um aspecto tão central do entendimento dos indivíduos e das sociedades, é muito positiva a decisão de colocar à disposição de todos este inquérito, encontrando modos de o tornar acessível. As preocupações indicadas pelo documento são muitas e enumeramos algumas delas: os matrimónios mistos ou inter-religiosos; a família monoparental; a cultura do não-comprometimento e da presumível instabilidade do vínculo; as formas de feminismo hostis à Igreja; os fenómenos migratórios e reformulação da própria ideia de família; o pluralismo relativista na noção de matrimónio; a influência dos meios de comunicação sobre a cultura popular na compreensão do matrimónio e da vida familiar; as tendências de pensamento subjacentes a propostas legislativas que desvalorizam a permanência e a fidelidade do pacto matrimonial; o difundir-se do fenómeno das mães de substituição (barriga de aluguer); e as novas interpretações dos direitos humanos. Mas sobretudo no âmbito mais estritamente eclesial, o enfraquecimento ou abandono da fé na sacramentalidade do matrimónio e no poder terapêutico da penitência sacramental. Conhecer o sentir dos cristãos sobre estas temáticas é o ponto de partida para um tratamento sério e realista destas questões. Por isso, mais do que o questionário propriamente dito, é pedida a cada cristão uma atitude de maior pro-actividade e empenho no tratamento das grandes questões que afectam, não só a vida da Igreja, mas da sociedade e da cultura. É, porém, necessário chamar a atenção a um aspecto. O alargamento das formas de participação nesta questão não significa propriamente uma espécie de referendo sobre as questões, como se uma maioria de opiniões acabasse por condicionar as decisões, algo que tem sido passado em vários meios de comunicação. Esta participação visa, antes de mais, ajudar os cristãos a colocarem-se perante as questões, reflectindo sobre elas, os seus fundamentos e a resposta que o Evangelho exige no seu confronto. É sobretudo uma oportunidade de dar a conhecer melhor a realidade e a complexidade dos problemas, para que estes não fiquem sem resposta e se encontre o justo equilíbrio entre o que a doutrina cristã propõe como fundamentos, nos quais não irá tocar, independentemente do que achar a maioria, e os modos de responder segundo a caridade cristã, que acolhe, não exclui e ampara os dramas reais das pessoas. Deste modo, o apelo à participação reveste dois aspectos: o dar a conhecer a realidade a partir de baixo, de quem vive lado a lado com estas questões, mas também o re-conhecer a validade daquilo que a Igreja propõe como caminho humano mais autêntico, mais próximo daquilo que é a vontade de Deus para a família, hoje.
Posted on: Fri, 22 Nov 2013 16:04:33 +0000

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