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artigo de opinião no Público "Ocupação" alemã e colaboracionismo MÁRIO VIEIRA DE CARVALHO 04/08/2013 - 00:00 No epílogo do filme mítico Casablanca (1942), o capitão da polícia francesa olha para uma garrafa de água de Vichy que tem na mão e lança-a no caixote do lixo. É o momento da mudança de campo: do colaboracionismo para a resistência. O "regime de Vichy" pactuava com os invasores. Não só aceitava o "protetorado" como também contribuía ativamente para o reforçar. Desde logo, no plano logístico, abastecendo os alemães com bens e serviços. Mas ainda colaborando na perseguição e deportação de judeus, ativistas da resistência francesa e outros militantes antifascistas (inclusive através da constituição duma milícia, subsidiária da Gestapo). Mais: punha as fábricas de armamento ao serviço dos nazis e apadrinhava os contingentes de voluntários franceses que queriam combater, não contra o ocupante, mas sim pelo ocupante. Na atual guerra que se trava na Europa - onde as operações militares foram substituídas por operações financeiras - o regime de Vichy parece ter alastrado agora de Bruxelas a Lisboa, passando por Roma, Madrid e Atenas, já para não falar de Dublin ou Nicósia. Todos parecem vergar-se perante a autoridade imperial de Berlim. Mas há alguns governos que são mais solícitos do que outros no afã de lhe prestar "vassalagem" (termo usado pela ex-secretária de Kohl). Tal é o caso do Governo português, o campeão do colaboracionismo. Sucessivas declarações do chefe do Governo são, a este respeito, especialmente chocantes, pois revelam, sem margem para dúvidas, o lado que escolheu nas posições em confronto: o de agente dos interesses alemães, em vez de defensor do interesse nacional. Não perde uma ocasião para repetir a cassete da chanceler Merkel e do ministro Schäuble. A sua preocupação número um é tudo fazer, por ação e por omissão, para satisfazer os seus mentores. Entretanto, vai mostrando serviço, espoliando o seu próprio país da identidade histórico-cultural e das alavancas estratégicas do desenvolvimento. É como se a Alemanha só pudesse afirmar-se por sobre as ruínas dos parceiros europeus. Não admite tocar nos 7,5 biliões (milhões de milhões) de euros das pensões de reforma dos seus cidadãos, garantidas à partida como "propridade privada" destes, mas não reconhece idêntico direito aos pensionistas portugueses. Reforça o investimento público no ensino e na ciência, mas impõe a Portugal o desmantelamento da Administração Pública, incluindo o despedimento de professores de todos os graus de ensino e a redução em 30% do orçamento da ciência. Mantém o serviço público de rádio e televisão com uma dotação orçamental de mais de sete mil milhões de euros, mas exige que o nosso seja reduzido a zero. Promove emprego artístico em muitas dezenas de teatros e outras instituições financiadas por investimento público, mas força os países do Sul a liquidarem os seus organismos artísticos. Absorve mão-de-obra altamente qualificada, mas promove desemprego e emigração em massa nos outros países (deste modo, uma parte considerável do investimento público português na formação avançada, em vez de reverter para a economia portuguesa, reverte para a economia alemã). Mantém centenas de Sparkassen de crédito público mas exige que a nossa CGD seja privatizada. O Governo alemão congratula-se com estes e outros "triunfos" económicos da austeridade como outrora se congratulava com os triunfos militares sobre os povos subjugados. E, hoje, como outrora, arregimenta à sua volta um exército de colaboracionistas. Mas o regime de Vichy acabou mal. E agora? Como acabará a germanização da Europa? Com eleições ou... com defenestrações
Posted on: Thu, 08 Aug 2013 20:53:41 +0000

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