È verdade... pra que organização dentro de uma casa??? Por que lugares determinados para se guardar as coisas, como as chaves no porta chaves, se elas podem perfeitamente ficar jogadas em cima de qualquer móvel? Os sapatos nas sapateiras se eles ficam tão bem em baixo da camas, sofás ou em um canto qualquer? Por que varrer, tirar o pó, organizar, limpar banheiro, secar a pia, passar pano no chão? Se posso aproveitar esse tempo pra fazer o que os outros querem que eu faça, pra ajudá-los em seus afazeres que, esses sim, são importantíssimos. Tenho bronquite e rinite alérgica, sofro com esses problemas a vida inteira, a cada ano mais. Nunca fico reclamando, procuro levar a vida da melhor maneira possível, e por mais cansativo que isso seja, o tempo todo com coceira no rosto, espirrando, tossindo, congestionada, dor de garganta, a cada vez mais com falta de ar, procuro levar a vida da maneira mais normal possível, não me colocar como vitima diante de ninguém, não ficar reclamando de minha condição o tempo todo, não deixar de cumprir algumas tarefas que me causam mais mal ainda, não fazer exigências de coisas que sei que me fariam bem, aceitar sempre o que me oferecem sem, diferente de muita gente que conheço, exigir o que acha que é seu direito independente de possibilidades financeiras ou respeito ao espaço do outro. Nunca tive uma pessoa pra me ajudar, empregada ou diarista, morei durante quase 20 anos em uma casa onde o chão era de cimento e as paredes de chapisco, as ruas em volta eram de terra e anti-pó, eu tinha 3 crianças pequenas e emprego e a necessidade de aspirar e tirar o pó todos os dias. A casa nessa situação tinha muita poeira, pois até o vento que batia fazia com que as paredes soltassem areia fina, o caminhar soltava farelos do chão e os carros que passavam nas ruas em volta traziam sujeira. Nessa época eu era "A NEURÓTICA", doente por limpeza cheguei a causar trauma de aspirador em uma de minhas filhas. O mais engraçado é que quando eu era solteira eu era "A PORCA", aquela que minha mãe não passaria "nem na rua de minha casa porquê iria feder de longe". Alem de ser a folgada, preguiçosa e... sossegada (o que era um defeito). Talvez eu seja a neurótica mesmo, pois gosto da minha casa organizada, as coisas nos lugares pra quando precisarmos não ter que ficar procurando por tudo, louça limpa pra quando precisar de um prato ou talher não ter que lavar na hora, cama arrumada para ser mais gostoso na hora de ir deitar, chão varrido umas 3 OU 4 VEZES POR SEMANA pra não ajuntar tanto pó que me faz tanto mal, móveis espanados na superfície UMA VEZ POR SEMANA pelo mesmo motivo do chão e porque fica bem mais bonito do que aquele monte de pó deixando tudo cinza, banheiro PINCELADO 3 OU 4 VEZES POR SEMANA e com uma caprichada UMA VEZ NA SEMANA, pano no chão UMA VEZ NA SEMANA, agora que a casa tem piso de cerâmica e azulejos. E talvez eu seja a porca mesmo, afinal na minha casa os vidros, "dentro" dos armários, as portas, as calçadas, lembro que existem 1 ou 2 vezes por ano... Não se trata de alguém aparecer de repente, se trata do meu bem estar e do bem estar das pessoas que vivem nisso que deveria ser um lar, onde cada um deveria respeitar o que o outro faz pelo bem comum, principalmente quando se tem crianças. NÃO CULPO minha mãe pela maneira como ela agia, era o que ela havia aprendido na vida e tentava passar para os filhos o que achava ser o certo, talvez de uma maneira não tão certa, mas quem é que sabe a receita né? Eu me espelhei nela para também tentar fazer o melhor possível, e assim buscar limpeza e organização numa medida mais light, sem me matar de tanto trabalhar como ela fazia por nós, filhos e marido. Sem querer que tudo estivesse sempre PERFEITO, sem me preocupar tanto com o que os outros iriam pensar se chegassem e achassem algo fora do lugar apesar de ter 3 filhos e trabalhar fora. A casa de minha mãe estava sempre limpíssima e cheirosa, tudo organizado, na minha, tem sim alguns dias que a neurótica aqui não se acha de tanta bagunça e outros que dá gosto de entrar em casa pq está tudo organizado e limpinho. NÃO CULPO minha filha que tem trauma de aspirador e acha um absurdo eu limpar a casa na medida que limpo, pq ela cresceu ouvindo criticas e discussões pq eu limpava, organizava, tentava ensinar a eles, os filhos, o que é organização, que as coisas tem os seus lugares e que eu penso ser errado e ruim no retorno, viajar e deixar a louça, a roupa e a casa suja. A minha casa não está sempre limpa, brilhando, eu saio, passeio, leio livros, curto muito meus netos, escrevo textos com tudo virado e por fazer como agora, fico mexendo no computador. Mas o pó me faz mal e deixa meus móveis que são velhos, sem portas, restos dos outros mais feios do que já são. Sinto minha casa como um lar quando me sinto bem dentro dela, e isso depende sim de um minimo de limpeza e organização. Sinto minha casa como um lar, quando a família está reunida, quando estamos conversando e dando muita risada, quando tenho condições de chegar na pia limpa e preparar rapidinho e inesperadamente uma janta para todos que acabaram de chegar. Sinto minha casa como um lar, mesmo quando depois que a família que veio me visitar acabou de ir embora e eu preciso passar uma vassoura e talvez até um paninho no chão da cozinha onde a poucos minutos nós nos divertimos tanto, porque afinal ainda tem uma criança pequena em casa e se eu ajuntar agora as batatas palha que cairão pelo chão da cozinha, amanhã elas não estarão no quarto. Eu sei bem a diferença entre querer e precisar, e no meu caso as duas fazem parte do meu dia a dia. NÃO CULPO meu marido que durante muitos anos, e até hoje algumas vezes critica, desrespeita e desfaz o que eu faço, não respeita o que para mim é importante e necessário, não sabe respeitar o meu direito e meu dever de, como mãe e dona DE casa, (não DÁ casa) ensinar aos meus filhos e DETERMINAR algumas coisas como por exemplo o lugar das chaves no porta chaves, dos calçados na sapateira ou o direito de poder pedir "por favor, limpe o pé no tapete, pois ESTOU PASSANDO (naquele momento) pano no chão. CULPO A MIM MESMA por ser retardada o suficiente para não quebrar o pau, quando vejo aquela risadinha de deboche ou comentariozinho irônico dele diante de algo que estou fazendo, do tipo, "Quando a mãe passa pano nesse chão não dá nem pra pisar mais", ou (diante de uma chave que não se acha e do meu comentário "está fora do lugar") "Quem foi que determinou que o lugar das chaves é ali, quando foi feita uma reunião para decidir isso???), ou quando arrumo gavetas para cada coisa e enfeito sobre os móveis e ele chega e joga tudo em cima mesmo da decoração e eu não posso falar nada. Culpo a mim mesma por ser retardada e não ter mandado ele se F quando ouvia dizer aos meus filhos pequenos que não deveriam escutar o que eu falava pq eu era louca e eles não precisavam fazer nada do que eu estava ensinando, ou que o serviço que eu levava o dia inteiro para fazer ele faria em meia hora. Desculpem o desabafo, mas eu estou muito, muito cansada mesmo, exausta, talvez essa seja mais uma tentativa de continuar levando essa vidinha que eu levo sem tomar uma atitude definitiva em relação a uma parte da minha vida, não quero, mas estou realmente muito cansada de conviver com uma pessoa que jamais erra, que é perfeita, que não admite ser contrariada, que me deixa falando sozinha, que não percebe o que está acontecendo comigo apesar de estarmos tão próximos e ao mesmo tempo confunde a minha cabeça lavando a louça, tirando o lixo e, quando quer, me tratando como se eu fosse a última mulher no mundo...
Posted on: Sat, 21 Sep 2013 15:38:39 +0000
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