BIPOLARIDADE CIDADÃ Não tenho dúvidas de que o Brasil real se - TopicsExpress



          

BIPOLARIDADE CIDADÃ Não tenho dúvidas de que o Brasil real se levantou, em contraste com o Brasil da propaganda, do voluntarismo, do triunfalismo. Experiência de vida: quando o povo não quer, não há manifestação que prospere. Alguns de nós aqui nos cansamos de enumerar tudo o que ia mal: custo de vida alto, crescente cenário de caos urbano, degradação da vida política, saúde caindo pelas tabelas, educação pública abandonada, violência -- e o sentido de violência no país hoje é profundo, não há dia, nas ruas reais ou nas virtuais, que não tenhamos de nos desviar da agressividade, do bate-boca, da provocação mau humorada, da acusação, do baixo palavreado. Involuímos. Pois bem, o país entrou em convulsão. Compreensível. Inevitável. Outra coisa da experiência de vida: movimentos assim não eclodem, com essa força, do nada. Estava fermentando havia muito tempo. Ninguém viu. Eu também não vi -- sempre me achei voz minoritária, a lembrar que iam mal as coisas. Ocorre que o país está em convulsão. Se não combino com a mentirada triunfante que vinha sendo martelada em cima da gente, não combino tampouco com essa ira monstruosa que anda se levantando. Não deve ser por aí, penso comigo. Um estado crônico de convulsão, como o que alguns estão insuflando, não me interessa -- e logo vão descobrir que nem a mim, nem à maioria. Acho primitiva a forma como a imprensa está tratando as coisas, com um maniqueísmo tolo: a turma do bem e a turma do mal. A festa aqui, e o vandalismo acolá. A cidade dividida entre o território em que é bacana se manifestar, e outro em que não é bacana. Aos primeiros, reforço positivo. Aos segundos, bronca. Ora, a cidade é uma só! O país é um. Desculpem, jornais, revistas e emissoras, mas isso está ficando um trabalho bipolar, entre a euforia e a depressão. Não está dando certo. Acho que ainda é possível começar tudo de novo na direção do progresso e do aperfeiçoamento, como nos ensinam as boas entidades. Mais algum tempo nesse clima de inferno, e não será mais. Continuo onde sempre estive, achando que os fins não justificam os meios. Esse princípio me serve para analisar o horror político que domina hoje a vida pública, que se sente acima da moralidade dos cidadãos, mas também o horror que vem das ruas. Hoje foi meu último dia de tolerância pessoal com bipolaridade cidadã. Entusiasmo-ressaca, festa-depressão, medo-coragem, fé-descrença, peito cheio-ombros caídos. Os espíritos parecem estar montados em uma montanha russa. Vou me refugiar na racionalidade, esteja ela onde estiver.
Posted on: Wed, 19 Jun 2013 06:10:44 +0000

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