Choramos quando vemos a primeira luz do mundo num seu ponto qualquer, rodeados de pessoas que nos aconchegam, nos ensinam a levantar e nos levam a caminhar. E caminhamos. Primeiro seguram-nos. Depois, de mão dada connosco, indicam-nos o caminho até que nos deixam ir pelo nosso pé, ao seu lado. Olhamos para nós e para a estrada e escolhemos um destino. Por vezes, mudamos de rumo e escolhemos outro diferente. Várias pessoas vão aparecendo enquanto caminhamos. Umas, à nossa frente. Outras, ao nosso lado. Outras, ainda, mais atrás, as quais, quase já nem as vemos. Algumas desaparecem e voltam. Outras, não. Esperamos encontrar aquelas que olham para dentro de nós e decidem caminhar connosco, não nos deixando estar sós. Ou, então, essas nunca aparecem. Aquelas que nos levaram a caminhar, caminham connosco, cada vez mais afastadas para trás. Até que, um dia, olhamos para trás e já não as vemos. Ficamos cada vez mais sós. Um dia ficamos tão sós que já não vemos o caminho para casa e ficamos a olhar para o céu, caminhando, vulneráveis, perdidos na imensidão deserta. Temos cada vez mais força nas pernas e experiência no caminho mas, também, cada vez mais medo de nos perdermos. Um dia, nunca sabendo quando, esse caminho acaba. Pode acabar em qualquer ponto do caminho. Com mais ou menos dor e lástima. Pode acabar, até, antes de ele começar ou quando temos, ainda, alguém a caminhar connosco. Acaba sempre antes do nosso olhar e quem nos dera que não seja connosco sós... Tudo o resto na vida é nada. Nada, como um caminho que existe sem nós..
Posted on: Tue, 19 Nov 2013 05:37:05 +0000
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