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Dentista, mecânico e padeiro viram soldados em front de guerra na Síria Cidadãos comuns aprendem a pegar em armas para lutar contra Assad. Fotógrafo brasileiro relata histórias de conflito e diz ter se esquivado de tiro. Do G1, em São Paulo 125 comentários Até pouco tempo atrás, eles viviam uma vida comum, fabricando pão, consertando carros ou tratando cáries de pacientes em Aleppo, a segunda maior cidade da Síria. Depois que a guerra civil se instalou no país, trocaram o ofício de padeiro, mecânico e dentista pelo de soldados da oposição, e hoje lutam diariamente contra o exército do ditador Bashar Al-Assad em um dos campos de combate mais violentos da região. São os “rebeldes” – palavra usada para designar genericamente os membros da oposição síria, apesar de existirem grupos bem diferentes, incluindo até a organização extremista Al-Qaeda. Desde março de 2011, eles tentam derrubar o governo de Al-Assad, em uma guerra civil que já deixou pelo menos 110 mil mortos, destruiu a infraestrutura do país e gerou uma crise humanitária regional. saiba mais GALERIA: Veja fotos de Aleppo feitas por Gabriel Chaim GALERIA: Veja fotos dos personagens da guerra ENTENDA O CONFLITO COBERTURA EM TEMPO REAL Fotógrafo relata ataques, miséria e mortes em cidade devastada na Síria Os homens entrevistados para esta reportagem pertencem ao FSA (Free Syrian Army, ou Exército Livre Sírio). A história deles foi contada ao G1 pelo fotógrafo brasileiro Gabriel Chaim, que está em Aleppo acompanhando a guerra e esteve em um dos fronts de batalha no último dia 8. Nas últimas semanas, a comunidade internacional discute uma intervenção na Síria após a suspeita de um ataque com armas químicas ter deixado 1.429 mortos, segundo os Estados Unidos, em 21 de agosto. O presidente norte-americano, Barack Obama, ameaçou realizar um ataque, mas um acordo com a Rússia para que a ONU controle e destrua as armas químicas sírias amenizou a crise. Neste sábado (14), Estados Unidos e Rússia fizeram um acordo e mandaram um ultimato para a Síria mandar informações sobre as armas químicas em até sete dias. Neste domingo (16), novos ataques foram registrados em Damasco. Em Aleppo, o fotógrafo Gabriel Chaim chegou a ser alvo de tiros enquanto se dirigia ao local onde entrevistaria os rebeldes e filmou o momento em que isso aconteceu (veja no vídeo acima). “Quando percebi, me joguei no chão e ouvi o barulho da bala passando, como um assovio. Saí correndo e o pessoal ficou rindo de mim, porque para eles isso é normal", conta o brasileiro. "Aí um deles deu uma rajada de tiros para cima do Exército do Assad”, completa. Mapa - Síria (Foto: Arte/G1) Segundo ele, o front fica em uma pedreira no alto de uma montanha, a cerca de 2 km do exército inimigo. As pedras são usadas para construir barreiras e casamatas improvisadas, com buracos onde os soldados podem atirar. Os tiros eram constantes, principalmente durante a madrugada. A base fica a 25 minutos a pé dali. É uma casa com dois quartos: um para guardar o armamento – fuzis AK 47, lança-mísseis, lança-granadas – e outro onde se amontoam os colchões para os soldados dormirem. As refeições são ricas em carboidratos, para dar energia. No dia de sua visita, Chaim comeu omelete, batata com molho de tomate, outra preparação com batata e pão. Nesse front atuam 15 soldados. Os militares profissionais, desertores do Exército do regime, ajudam a treinar os demais – além do mecânico, do padeiro e do dentista, Chaim conheceu um físico e um engenheiro. Eles recebem a comida e um salário equivalente a US$ 25. Todos afirmam que querem voltar à vida que tinham antes quando a guerra acabar. O dentista Abo Llaith caminha no front de guerra em Aleppo, na Síria (Foto: Gabriel Chaim/G1) O dentista Abo Llaith caminha no front de guerra em Aleppo, na Síria (Foto: Gabriel Chaim/G1) O mecânico Hassam Al Huraitani, que faz parte do FSA, grupo de rebeldes na Síria (Foto: Gabriel Chaim/G1) O mecânico Hassam Al Huraitani fuma um cigarro no front (Foto: Gabriel Chaim/G1) Hassam Al Huraitani, mecânico Aos 26 anos e sem nunca ter segurado uma arma em mãos antes da guerra, Hassam entrou para o grupo dos rebeldes há oito meses e hoje é o líder desse front de batalha. “Nunca pensei em pegar em uma arma, principalmente contra o meu próprio povo. Antigamente eu tomava chá com o pessoal do regime. Hoje sou inimigo deles”, afirma. Casado e pai de dois filhos, ele é apaixonado por motocicletas e pediu a Gabriel Chaim que tentasse levar um motor de moto para ele caso fosse à Turquia. Diz constantemente que seu sonho é trabalhar como mecânico no Brasil. Assim como acontece com estrangeiros de outras nacionalidades, o futebol, o samba e as mulheres bonitas são a referência que Hassam e seus companheiros têm do país. Os jogadores Pelé e Ronaldo foram mencionados na conversa com Chaim. O dentista Abo Llaith, que faz parte do FSA, grupo de rebeldes na Síria (Foto: Gabriel Chaim/G1) O dentista Abo Llaith lê o Corão (Foto: Gabriel Chaim/G1) Abo Llaith, dentista Culto e apreciador da gastronomia de outros países, Abo tem 22 anos. Usa aparelho nos dentes, mas, desde que seu consultório em Aleppo foi bombardeado, não consegue mais fazer a manutenção. Sobrinho de um dos chefes da oposição síria, ele é o mais religioso do grupo e usa a barba longa, como muitos muçulmanos. No dia da visita de Chaim, cantou versos do Corão. Para cumprirem a tradição de rezar abaixados cinco vezes ao dia, os muçulmanos no front de guerra se revezam: enquanto um grupo faz uma oração, o outro fica de guarda ou lutando. Depois, eles trocam de postos. Todos rezam virados para Meca, berço do islamismo. Abo afirma que nunca namorou, e não quis ser fotografado de frente. Ele é um dos poucos que falam bem o inglês no front, e arrisca também um pouco de japonês – apaixonado pelo Japão, sonha em ir para lá. Devido à sua experiência na área da saúde, é o responsável por socorrer seus companheiros de front nas emergências médicas. Diz que nunca matou ninguém. Quando a guerra acabar, quer retornar à sua profissão e montar novamente um consultório dentário. Adel Abdul-Rahman, dentista, que hoje é soldado do FSA, grupo de rebeldes sírios (Foto: Gabriel Chaim/G1) O padeiro Adel Abdul-Rahman, o mais novo do grupo (Foto: Gabriel Chaim/G1) Adel Abdul-Rahman, padeiro O homem que mais recentemente entrou para o grupo de soldados do front tem 22 anos e, até pouco tempo atrás, trabalhava diariamente em uma padaria. Apesar da mudança abrupta de profissão, ele ainda gosta de falar sobre os pães deliciosos que fazia e explicar o processo de fabricação do alimento. Seu sonho é um dia ter sua própria padaria, quando acabar a guerra. Solteiro, Adel diz que nunca havia pegado em uma arma. “Estou nessa luta porque quero que a Síria seja igual aos outros países, um país com liberdade”, afirmou, em conversa com Gabriel Chaim.
Posted on: Sun, 15 Sep 2013 20:03:34 +0000

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