EM DEFESA DOS BLACK BLOCS Robson de Sousa Moraes - Prof. de - TopicsExpress



          

EM DEFESA DOS BLACK BLOCS Robson de Sousa Moraes - Prof. de Geopolítica da UEG - Cidade de Goiás Nos últimos meses a grande imprensa brasileira amparada em sua já conhecida, velha e carcomida ideologia conservadora, desencadeou uma agressiva campanha visando domesticar a onda de protestos sociais que eclodem de norte a sul do país. A tática utilizada é tão antiga quanto seu conservadorismo: dividir para conquistar. Em sua linha discursiva o oligopólio midiático busca separar os manifestantes em “pacíficos” e “violentos”, “maioria” e “minoria”, apresentando a si mesma como uma defensora dos “Direitos” desde que reivindicados nos limites da ordem institucional. Nada de novo e surpreendente se levarmos em consideração que o maior veículo de comunicação do país, tratava como terroristas perigosos os grupos e pessoas procurados pelos aparatos repressivos da Ditadura Militar. O fato que pode surpreender alguns é a ácida crítica desferida por setores da chamada esquerda política, diante de um dito comportamento violento existente em inúmeras manifestações em centenas de cidades. Destacam-se os depoimentos da reconhecida Marilena Chauí, que em sua cega e dogmática adesão ao Partido dos Trabalhadores, aponta uma inspiração de caráter fascista na ação dos Black Blocs. Também relevantes são as declarações de Marcelo Freixo do PSOL, entusiasticamente defendendo a ação policial contra o que considera depredação do patrimônio. Estes dois simbólicos personagens da política nacional expressam e revelam os limites de seus pontos de vista, restringindo a possibilidade da ação política unicamente circunscrita nas balizas da lei e da ordem. Invocar a “lei e ordem” além de desnudar uma concepção naturalista dos elementos que compõe o sistema jurídico, torna manifesto uma leitura completamente afastada da realidade dos conflitos sociais. Tal reivindicação normativa implicaria minimamente, levantar o questionamento sobre a existência de um “estado de direito” no Brasil. Recorrendo a Thomas Hobbes e seu Leviatã, os homens renunciariam a sua liberdade (no contexto hobbesoniano, visto como a ausência de restrição à ação individual), em benefício de um poder soberano garantidor da paz e da salvação do homem em sociedade. Nesta perspectiva, podemos interrogar se o estado brasileiro se apresenta como garantidor da paz social. Particularmente vislumbro a negatividade da resposta como algo certo. Neste caso podemos adotar o conceito de “resistência”, visto pelo próprio Hobbes como forma de controle do poder absoluto do estado. Aceitando e devolvendo a provocação elaborada por Marilena Chauí, poderíamos afirmar que no caso da realidade brasileira, a inclinação ao fascismo está próximo da máquina estatal, sendo que o fenômeno das ruas se enquadraria na categoria “resistência”. O fascismo como expressão política, surge na Europa das primeiras décadas do século XX, se seguirmos as pistas dadas pelo filósofo italiano Umberto Eco, podemos apontar como características deste regime: a intransigente defesa da disciplina e da ordem hierarquizada. Neste aspecto, por mais que se possa realizar acrobacias e malabarismos teóricos – conceituais, não consigo vislumbrar a possibilidade de aproximação da tática quase improvisada dos Black Blocs e sua aversão às verticalidades disciplinadoras com o fascismo. O mesmo já não se pode dizer do estado nacional brasileiro, altamente hierarquizado e disciplinador. Outra característica proveniente desta vertente autoritária de matriz europeia é a exacerbada moralidade receitada como qualidade fundamental para a restauração da ordem. Nem a leitura mais apressada e superficial do comportamento dos jovens de máscaras e roupas negras poderia vinculá-los a estas particularidades. Já da imprensa brasileira, não teríamos tanta segurança em negar tais vínculos. O culto a tradição é outro imperativo da política fascista. No caso dos black blocs, não se percebe nenhum apego a tradição alguma, sendo os símbolos nacionais, tais como a bandeira do Brasil, são comumente alvo de severas repreensões por parte dos ativistas. Sabendo do espírito crítico que permeia a maior parte da trajetória e do trabalho intelectual de Marilena Chauí, podemos considerar que as ilações feitas por nossa importante filosofa, podem ter como fonte de inspiração a Academia de Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, local na qual a professora da USP proferiu palestra a cadetes e oficias. Chauí fez a infeliz opção de não destacar a farda preta e a faca na caveira do BOPE, com seu caveirão e a cotidiana ação criminosa da PMERJ, provocando uma inversão de valores na qual a vítima se transforma em agressor. Outra característica do fascismo é a construção de um vigilante estado policial violador dos direitos individuais. Mas quanto a isso, nossa importante intelectual preferiu não falar.
Posted on: Tue, 24 Sep 2013 12:44:21 +0000

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