Entendendo as imagens do atendimento no HRG-DF Em janeiro de 2011 - TopicsExpress



          

Entendendo as imagens do atendimento no HRG-DF Em janeiro de 2011 escrevi e publiquei em meu Blog - POR TRÁS DO JALECO BRANCO - o artigo abaixo que agora o transcrevo neste novo contexto em que se discute nacionalmente as mazelas do sistema de Saúde Brasileiro. E, mais precisamente, a realidade em que persiste a assistência Médica em Brasília. O Artigo teve como Título: “Os Desafios”. portrasdojalecobranco.blogspot.br/2011/02/os-desafios.html “Duvidar ou não duvidar, não seria a maneira mais correta de refletir sobre o nível de seriedade dos recentes anúncios do governo, sobre mudanças no caótico sistema de saúde de Brasília. Todavia, perseverar acreditando em tais convicções, diante da forma como estão sendo montadas as equipes de gestão, é desconhecer a existência da Síndrome de Prisão Psíquica e manter a ilusão de ser possível repensar o sistema sem reformar o pensamento destas mesmas pessoas, que ao longo de décadas, resistiram a todo custo qualquer tipo de mudança neste mesmo sistema. Se fôssemos capazes de compreender as razões da persistência destes senhores nos mesmos erros de sempre, certamente seria mais fácil entender que o problema seria apenas de ignorância e, portanto, exigiria profissionais capazes de um ângulo de visão muito mais ampla e, ao mesmo tempo, de um enfoque dos problemas em profundidade suficiente para gerar decisões de mudanças à altura exigida pelos problemas existentes. Há inadequação cada vez mais ampla, profunda e grave entre as decisões anunciadas para o enfrentamento dos problemas existentes. Tentam-se mais uma vez atacar os problemas essenciais por fragmentos e de forma compartimentada, sem levar em conta que os mesmos são poli disciplinares, transversais e multidimensionais; requerendo que sejam corretamente posicionados e pensados em seus contextos. Efetivamente, a ação administrativa que só sabe separar, acaba por fragmentar o complexo por não conseguir visualizar o todo. E de forma unidimensional, atrofia a possibilidade de compreensão e de reflexão, eliminando com isso qualquer possibilidade de um julgamento corretivo ou de visão à longo prazo. Como problemas essenciais não podem ser parcelados e os problemas contextuais tornam-se cada vez mais essenciais, não é possível a resolução dos mesmos de forma individualizada. Ao mesmo tempo, o retalhamento torna impossível o aprendizado e, portanto, o desafio passa a ser preparar internamente ou buscar no mercado profissionais que sejam capacitados para a percepção do todo. A forma reducionista de lidar com a realidade existente que tem consistido na tentativa recorrente de se tentar regular os problemas levantados em crises multiformes, tem sido muito menos soluções que os próprios problemas. E, quanto mais à crise progride, mais progride a incapacidade de se pensar a crise e, consequentemente, a perpetuação da mesma. Assim, a inteligência cega - inconsciente e irresponsável, incapaz de perceber o contexto e o complexo, resultante de longos anos de afunilamento da assistência médica nos prontos socorros da rede, que somada às políticas reducionistas - obrigou a maioria dos servidores da instituição a reduzir o complexo ao simples e a separar o que deveria estar ligado. Além de decompor ao invés de compor. Isto gerou profunda contradição de compreensão e entendimento, que somados a falta de aptidão para a contextualização, conduziram facilmente os servidores a transformarem-se em massa de manobra de algumas corporações e em alvo para políticos mal intencionados. Cada vez mais estou convencido que só uma reforma profunda no modelo de gestão da SESDF será capaz de inverter a realidade existente. Que para tanto, exigirá uma nova leitura das verdadeiras causas que deterioram a funcionalidade da instituição. E é certo que só assim será possível reformular o ponto de vista a respeito da situação, o que só pode ser perceptível quando concluímos ser impossível conhecer às partes sem conhecer o todo, tanto quanto conhecer o todo sem conhecer, particularmente às partes - como indicou Pascal. O resultado de profunda reflexão sobre a situação aponta no sentido da necessidade urgente, não apenas de reformas no sistema administrativo, mas também e principalmente, de políticas reformadoras do pensamento que se encontra totalmente deformado na maioria dos servidores da instituição”. E, diante deste novo contexto vivenciado neste novo mundo globalizado, não sabia eu, que em menos de 3 anos depois, muito daquilo que eu já previa naqueles dias, tornar-se–ia público através da propagação pelas redes sociais, de Imagens deprimentes oriundas, por ironia do destino, exatamente do Hospital onde por quase 30 anos exerço a minha profissão. E onde tanto lutei, nestas quase três décadas, por uma medicina minimamente respeitosa. E onde fui vencido pelas mesmas forças que hoje controlam esta mesma instituição. As imagens propagadas, a despeito de serem corriqueiras para todos aqueles que conhecem o sistema, ocasionaram repercussão e repulsa nos internautas desse novo mundo da comunicação sem fronteiras. Mas também, se propagaram pela mesma mídia televisiva e escrita que, a despeito de serem conhecedoras desta perversa realidade do sistema de Saúde de Brasília, sempre conviveram muito bem com o sofrimento da população, em sua angustia diante da falta de acesso a uma assistência médica digna e a altura de suas necessidades. Porque sempre manteve relações perniciosa com a politica e com os governantes. Não me permitiria tentar fazer juízo do que transmite as imagens, no que diz respeito à postura do profissional Médico envolvido. Mas gostaria de deixar claro e de chamar a atenção de todos, que o problema é muito maior do que qualquer suposta responsabilidade individual daquele profissional. O problema é sistêmico e atinge em igual proporção profissionais e usuários. Todos são vítimas de um processo de gestão que não mantem qualquer controle sobre o sistema e que é dominado e realimentado pela corrupção. E é norteado por princípios políticos, onde o foco há muito deixou de ser a Saúde da população. E foi direcionado para os interesses que sustentam as duas maiores forças dominantes, que igualmente se equivalem em igual proporção na responsabilidade pelo Caos em que a Saúde Pública chegou. É do conhecimento de todos, da população em geral, de todos os Órgãos Públicos e das Autoridades constituídas, que além dos sistemas de Saúde não serem prioridade para os Governantes, a situação ainda é agravada pelas ingerências de políticos que controlam as Secretarias de Saúde e pelas forças corporativas que dominam os sistemas com suas barganhas. O que não parece ser conhecido, é que diferentemente de outras regiões do País, Brasília não sofre com carência de recursos financeiro e, neste momento, também não sofre com carência de Médicos em igual proporção à outros Estados. Dispomos da maior proporção de Médicos por habitantes do País e de uma proporção superior à preconizada pela Organização Mundial de Saúde. Mas mesmo assim, o Sistema não funciona. Porque não é interesse das forças dominantes que funcione. O que interessa é que se perpetue o Caos. porque diante do Caos não tem que existir transparência e o custo para gerir o Caos tem que ser elevado e lucrativo. Não se faz necessário preocupar-se com controle de qualidade e não se fala em eficiência, eficácia ou efetividade para gerir os recursos disponíveis. Muitos setores da Instituição estão superlotados de servidores, concursados e contratados, mas a qualidade dos serviços prestados pioram por total falta de gerenciamento dos recursos disponíveis. O resultado é o elevado consumo de insumos e a total apatia de importante parte dos recursos humanos, onde muitos se encontram literalmente Doentes. Estão acometidos pela chamada Síndrome de Burnaut,; distúrbio mental de natureza Psíquico – depressivo, precedido de esgotamento e relacionado com o Stress crônico no ambiente de trabalho. Que transforma o Profissional em um cansado crônico, sem motivação, sem ânimo e sem energia para reagir diante de qualquer desafio em sua própria defesa. Mas muitos Profissionais nesta condição, com muita frequência, são escalados em plantões de Prontos Socorros e UTIs, com a responsabilidade de terem que enfrentar situações de limites que envolve o atendimento emergencial de Doentes graves. Quando na verdade não se encontram em condições de cuidar das suas próprias vidas. Dr. Sebastião Gomes Pedrosa Médico intensivista com especialização e titulação em cardiologia e pós-graduação (MBA) em gestão empresarial com ênfase em estratégia pela Fundação Getúlio Vargas e doutorando em Ciências Biomédicas pela Universidade Italiana de Rosário, Argentina. CRMDF-4792
Posted on: Thu, 25 Jul 2013 12:24:22 +0000

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