Não Somente pra Chefes Escoteiros - Caminhava sem rumo. Pessoas - TopicsExpress



          

Não Somente pra Chefes Escoteiros - Caminhava sem rumo. Pessoas desconhecidas passavam por mim, contudo não tinha coragem da abordá-las. Mas espere que grupo seria aquele com lenços coloridos e diferentes envoltos em seus pescoços, associando-se a roupas diferenciadas do que costuma-se ver? Talvez estivessem indo ou vindo de uma festa a fantasia, mas apesar de que hoje em dia, não são tão comuns festas a fantasia. É claro........., são irmãos escoteiros. Aproximei-me do grupo. Ao me verem chegar interromperam a conversa. Discretamente perguntei se estava tudo bem, obtendo de imediato a resposta. Identifiquei-me através de um caloroso aperto de mão esquerda levando simultaneamente junto do lado direito de minha fronte os dedos indicador, médio e anelar que se encontravam juntos, tendo ainda o polegar apoiado sobre a unha do indicador. Perguntei ansioso o que estava acontecendo comigo. Responderam-me com muito cuidado e fraternalmente disseram-me que eu havia desencarnado. Fiquei assustado..... E a minha família, os meus amigos, como estavam? - Estão bem não se preocupe. No devido tempo você os verá, responderam. Ainda assustado, indaguei os motivos de suas vestes. - Estamos nos encaminhando ao nosso Grande Acampamento, foi à resposta. - Grande Acampamento? Vocês tem um? - Sim, claro. Por que não? Senti-me mais à vontade, afinal de contas sou um CHEFE e com certeza receberei as honras devidas ao meu elevado grau. Pedi para acompanhá-los, no que fui atendido. Ao fim da pequena caminhada, avistei o grande acampamento. Confesso que fiquei abismado. Sua imponência era enorme. Um portal majestoso. Nunca vira nada igual. Imaginei como deveria ser seu interior e como me sentiria tomando parte nas atividades assim como nos trabalhos. Caminhamos em silêncio. Ao chegar no campo principal, verifiquei um grupo de irmãos escoteiros conversando animadamente, porém em tom respeitoso. O que parecia o chefe do grupo que acompanhava, chamou a um chefe que estava adiante. - Chefe: Acompanhai o irmão escoteiro recém-chegado e com ele aguarde. Não entendi bem. Afinal, tendo mostrado meus documentos, meu registro, minhas insígnias, etc. esperava, no mínimo, uma recepção mais calorosa. Talvez esteja preparando uma surpresa à minha entrada e para um ¨CHEFE ¨ não se poderia esperar nada diferente. Verifiquei que os grupos formava um cortejo para a entrada ao Grande Acampamento. À distância, não pude ouvir o que diziam, contudo, uma luminosidade esplendorosa cercou a todos. Adentraram silenciosamente ao Grande Acampamento. Comigo ficou aquele chefe. De tanta emoção não conseguia dizer nada. Um espaço de tempo passou……. Não pude medir quanto. O portal do Grande Acampamento se entreabriu e outro chefe, encaminhando-se a mim, comunicou que seria recebido. Ajeitei-me na postura não deixando de dar uma verificação final em meu arganel e meus taquinhos vendo se os mesmos não estavam desleixados, estufei o peito e caminhei com o chefe. Tremia um pouco, mas quem não o faria em tal circunstância? Respirei fundo e adentrei ao Grande Acampamento. Estranho…… Esperava encontrar esplendorosas bases, muitos subcampos, fogueira para fogo de conselho armada, etc.... Verifiquei rapidamente, no entanto, uma simplicidade muito grande. Uma luz brilhante, vinda não sabe de onde, iluminava o ambiente. Cumprimentei o Chefe de Campo e os chefes de subcampos da forma convencional. Ninguém se levantou à minha entrada. Mantinham-se calados e respeitosos. Não sabia o que fazer… Aguardava ordens…. E elas vinham na voz firme do Chefe principal; - Sois escoteiros? Reconhecendo a necessidade da resposta, aceitei respondê-lo: - SIM! Aguardei seguro, a pergunta seguinte. Em seu lugar o Chefe principal dirigindo-se aos presentes, perguntou? - Os irmãos escoteiros aqui presentes, o reconhecem como escoteiro? Assustei-me. O que era isso? Por que tal pergunta? – O silêncio foi total. E dirigindo-se a mim, o Chefe principal emendou: - Mas caro irmão escoteiro visitante: Os irmãos escoteiros aqui presentes não o reconheceram como irmão escoteiro. - Como não disse eu indignado. - Não vêem minhas insígnias? Meu lenço? Não verificaram meu registro? - Sim caro irmão escoteiro, retrucou o Chefe principal. Contudo, não basta ter ingressado no movimento, ter cursos, insígnias e indumentária de “escoteiro”. Para ser Escoteiro é preciso antes de tudo, ter construído também o seu desenvolvimento interior, mas verificamos que tal não ocorreu com o irmão escoteiro. Observamos ainda que, apesar de ter tido todas as oportunidades de aprendizado e de ser um ¨ CHEFE¨, não absorveu seus ensinamentos. Sua passagem pelo movimento foi efêmera. - Como efêmera? Vocês que tudo sabem não observaram minhas atitudes fraternas? Fui interrompido. - Irmãos escoteiros, vejamos então sua defesa. Automaticamente desenhou-se na parede algo parecido com uma tela imensa de televisão e na imagem reconheci-me junto a um grupo de irmãos escoteiros tecendo comentários desrespeitosos contra a os demais chefes de meu grupo, achando-me o dono das verdades e impondo a todos as minhas vontades. Tinha razão. Envergonhei-me. Tentei justificar, mas não encontrava argumentos. Por não ter o que argumentar, calei-me e lágrimas de remorso brotaram-me aos olhos. Decidi a retirar-me cabisbaixo e estanquei ao ouvir a voz autoritária e ao mesmo tempo fraterna do Chefe principal: - Meu irmão: Reconhecemos suas falhas, quando no orbe terrestre e no movimento. Contudo, reconhecemos também que o irmão escoteiro foi investido em um novo tempo. Prometemos em sua investidura protegê-lo e o faremos. O irmão escoteiro terá a oportunidade de consertar seus erros, afinal todos nós aqui presentes já cometemos um dia. Descanse aqui o tempo necessário e, ao voltar à matéria para novas experiências, nós o encaminharemos novamente para o movimento e sua nova caminhada com certeza será mais promissora e útil. Saí decepcionado, mas estranhamente aliviado. Aquelas palavras parecem ter me tirado um grande peso. Com certeza ali eu lapidara um pouco as arestas de minha vaidade. Acordei........., sobressaltado e suando. Meu coração disparado. Levantei-me assustado, mas com certa alegria no peito. Havia sonhado?? Dirigi-me ao guarda-roupa. Minha indumentária, meu lenço, meus arganel e meus taquinhos estavam lá. Instintivamente retirei de minha roupa as insígnias guardando-as numa caixa. Ainda emocionado e com os olhos molhados de lágrimas, dirigi-me à minha mesa com as mãos trêmula e cheia de uma alegria envolvente, retirei o Escotismo para Rapazes da gaveta. No dia seguinte ao dirigir-me à minha sede, humildemente sentei-me ao fundo da mesma e comecei a aprender tudo de novo, iniciando com a fantasia da alcatéia. Daí em diante, sempre nas reuniões procurei entender se por aqui estamos, trata-se ser por livre e espontânea vontade, fazendo o exercício do entendimento de que não seria o dono da verdade, respeitando e aceitando as individualidades de cada um, procurando sempre aperfeiçoar-me. Deixei de lado os meus comentários jocosos efetuados “de canto” os meus simpatizantes, assim como comecei a tentar praticar as 10 leis do movimento. Aprendi a entender que o que vale não são exclusivamente as minhas vontades e sim as do grupo em que me encontro inserido e aceito, assim como compreendi que a minha missão é para com o desenvolvimento de jovens que tem em nossas atitudes e ações, referência para suas vidas.
Posted on: Thu, 19 Sep 2013 17:10:09 +0000

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