O Deus de Francisco Para poder compreender a experiência de Deus - TopicsExpress



          

O Deus de Francisco Para poder compreender a experiência de Deus da parte de Francisco é necessário dirigir-se aos seus Escritos e, segundo os atributos de Deus que recorrem mais freqüentemente nos seus Escritos, construir sua visão de Deus. Nos seus Escritos encontramos de fato os seguintes nomes: Deus Altíssimo, Santo e onipotente, Deus sumo bem, Deus caridade; Deus Pai; Deus vivo e verdadeiro. Deus altíssimo, santo e onipotente Francisco sabia perfeitamente que o Pai habita na luz inacessível, e Deus é espírito, e ninguém jamais viu a Deus (Adm 1,5). Deus é um ser transcendente e assim aparece a Francisco. Em linha com uma precedente tradição Francisco utiliza a teologia negativa para uma primeira indeterminada categorização da transcendência divina. Também para Francisco o Deus – mistério é inenarrável, inefável, incompreensível, investigável, imutável, invisível. (cf. Rnb 23) Deus altíssimo Francisco exprime a transcendência de Deus com uma série de termos (nomes, adjetivos, advérbios). Foi definido como “adorador do Altíssimo” de fato, “alto” “altíssimo”, ulteriormente reforçado pelo advérbio “só”, são os termos por ele freqüentemente usados para expressar a majestade divina. (cf. OC pág. 157) Interessante que, seja a sua primeira oração, falada ou rezada tantas vezes na igrejinha de São Damião diante do Crucifixo, seja a sua última oração: o Cântico do irmão sol começa mesmo com esta afirmação: Altíssimo glorioso Deus ilumina as trevas (OC pág. 157). Altíssimo, onipotente, bom Senhor (Cnt pág.104). O termo “alto”, provavelmente tirado da Bíblia e dos Padres, está em linha com a experiência sagrada dos povos antigos. É preciso esclarecer, porém, que em Francisco “altíssimo” não é tomado univocamente, não é específico em sentido absoluto da transcendência divina. Às vezes o termo é simplesmente sinônimo de Deus. Diante da grandeza de Deus, Francisco sente-se impotente instrumento da imensa potência do Sumo Senhor: E devolvamos todos os bens ao Senhor Deus Altíssimo e sumo e reconheçamos que todos os bens são dele e demos graças por tudo a ele, de quem todos os bens procedem. E o mesmo altíssimo e sumo, o único verdadeiro Deus tenha e lhe sejam tributadas todas as honras e reverências, todos os louvores e bênçãos, todas as graças e glória, de quem é todo bem, o único que é bom (Rnb 17, 17-19). Existem também outros termos que expressam a transcendência de Deus em conteúdos de majestade. “Sumo”, “eterno”, “glorioso”, “onipotente” são os mais usados. (cf. Rnb 23) Francisco, além disso, não hesita em expressar a transcendente majestade divina com uma terminologia tirada das instituições políticas e humanas. E assim Deus é chamado: Rei do céu e da terra, Rei onipotente, Altíssimo sumo rei, Grande Imperador (Cf. 2 Cel. 106 pág. 367). Francisco também foi definido “o santo da majestade divina” certamente no Deus de Francisco está presente o Deus majestade. O pobrezinho mesmo fala dos vértices da majestade divina. A visão de Deus altíssimo podia amadurecer também em Francisco depois do seu misterioso encontro com o Senhor em Espoleto onde foi perguntado: “quem pode ser mais útil para ti o dono ou o servo?” E depois: “por que então tu abandonas o dono para seguir o servo e abandonas o príncipe para o súdito?” Então Francisco perguntou: “Senhor que queres que eu faça?” (LTC Cap.2,6 pág. 793) Deus santo, santíssimo e onipotente Francisco exprime a transcendência divina utilizando também uma outra categoria presente na experiência religiosa de todos os povos. Deus é "Santo", é "santíssimo", "somente ele é santo". Francisco escreveu os Louvores para cada hora para preparar-se espiritualmente à récita de "todas as horas do dia e da noite" e do Ofício da beata Virgem Maria. Com a tríplice aclamação de Deus "Santo" começava a sua oração. O fato que Francisco, rezando a Deus, repetisse com ardor místico, num ritmo quase litânico, os adjetivos "onipotente", Altíssimo, Santíssimo, confirma que a sua imagem psicológica de Deus trazia os sinais do majestoso e excelso. Deus está infinitamente acima de tudo e de todos, sendo totalmente outro e o Primeiro sem igual, do qual todas as criaturas são separadas por uma infinita distância. Esta imagem de Deus grande, potente, alto, poderia ser inspirada pela leitura e a meditação dos Salmos. Precisa, porém, dizer que a transcendência de Deus expressa com os termos "altíssimo", "santo" e "onipotente" é redimensionada pelo acréscimo dos termos ou expressões que exprimem a imanência do amor paterno, de bondade, de perdão. Deus é chamado "Altíssimo Pai", "Onipotente" o qual, porém, faz todo bem, "Sumo Deus" o qual, porém, é todo perdão e graça. Parece que Francisco com toda consciência reduza o significado de transcendência para expressar que Deus é um Deus imamente, um Deus próximo. Esta imanência de Deus a veremos melhor em seguida analisando outros atributos que Francisco usa para definir Deus. Deus sumo bem, Deus caridade Entre os conceitos pessoais de Francisco de Assis, poucos são tão particularmente seus e tão profundos como aqueles que se referem ao bem, seja o Bem essencial, que é Deus, seja os bens comunicados a cada pessoa humana ou derramados nos seres da criação. Não somente faz do sumo Bem o centro do seu amor, mas se compraz em descobrir em si mesmo, em cada irmão, em cada criatura, quanto há de bom e de amável; consciente, porém, que tudo procede de uma única fonte que é o Deus – Sumo Bem. Aparece como outro refrão caro a Francisco: E devolvamos todos os bens ao Senhor Deus Altíssimo e sumo e reconheçamos que todos os bens são dele e demos graças por tudo a ele, de quem todos os bens procedem (Rnb 17,17). Nada mais, portanto, desejemos, nada mais queiramos, nada mais nos agrade e deleite a não ser o Criador e Redentor e Salvador nosso, único verdadeiro Deus, que é o pleno bem, todo bem, o bem inteiro, verdadeiro e sumo bem, que só ele é bom (cf. Lc 18,19) (Rnb 23,9). Que estais nos céus [...]. Porque vós, Senhor, sois o sumo bem, eterno, do qual vem todo bem, sem o qual não há nenhum bem (PN 2 FF pág. 127). Onipotente, santíssimo, altíssimo e soberano Deus, que sois todo o bem, o sumo bem, a plenitude do bem, que só vós sois bom (LH 11 FFpág. 140) Vós sois o bem, todo bem, o sumo bem (LD 3 FF pág. 106). Este conceito muito caro a Francisco não foi, porém, completamente inventado por ele. Vemos que nas noções filosóficas do pensamento cristão (Nel pensiero Cristiano, vedi, L. Iriarte, Temi di vita francescana, Roma 1987) e sobretudo na Bíblia, já está presente. Francisco redescobriu na Bíblia o Deus – Sumo Bem e deixou-se invadir e iluminar por Ele. Do Antigo Testamento o livro mais conhecido, antes, memorizado por Francisco é o Saltério. De fato, nos salmos ressoa constantemente a bondade de Yahwé para o seu povo Israel, antes, para todas as nações e todos os seres. Devia ser particularmente agradável ao Poverello o convite assim repetido: Celebrai a Iahweh, porque ele é bom (Sl. 106,1; S, 107,1; Dn 3,89); e as exclamações nas quais o salmista exalta a bondade de Deus: Deus é bom para Israel! (Sl. 73,1; 118,68). Não assimilou menos os versículos nos quais o mesmo Deus é apresentado como o generoso benfeitor que derrama seus bens sem medida e sacia as aspirações daqueles que Nele esperam (Sl. 33,3; 12,6; 15,2; 26,13; 33,11; 64,5; 102,5). O texto certamente muito importante foi também aquele que tinha lido junto com Bernardo e Pedro na igreja de são Nicolau na primavera de 1208. Tratava-se do trecho de Mt 19, 16-26 onde Cristo diz ao jovem rico: Por que me perguntas sobre o que é bom? O Bom é um só, Deus (Mt 19,17). A meditação deste texto fez que junto ao adjetivo "altíssimo" Francisco usasse uma série crescente de variações sobre Deus: o sumo bem, todo bem, que somente ele é bom. Para Francisco Deus é, portanto, na sua expressão mais verdadeira e mais plena, uma bondade infinita que inclui qualquer manifestação de bondade nos seres criados em grau supremo o qual é inalcançável para qualquer criatura; uma bondade originária da qual brota e para qual desemboca qualquer outro bem (2 Cel. 12 pág. 403). Deus bom, Deus caridade Não obstante a inegável importância do temor de Deus em Francisco, ele não se sentia esmagado pela experiência de sua majestade, mas experimentava o irresistível fascínio do Interlocutor divino para demonstrar-lhe seu amor e sua gratidão. Somente o fato que ele não saiba contentar-se de uma única expressão, mas procure com insistência aproximar-se com vários adjetivos ao apelativo "Deus bondoso", revela quão profundamente a experiência do amor divino fosse enraizada na sua alma. Não se trata de uma visão puramente filosófica de Deus como princípio de todo bem. Deus, sendo o Sumo Bem, é ao mesmo tempo Amor e Caridade. A bondade absoluta traz consigo também uma bondade relacional e dinâmica; traz consigo a relação com o homem, com os seres criados, em quanto o bem é difusivo de si, isto é, a sua natureza está em comunicar-se. Francisco chega assim à exclamação: Vós sois caridade, amor. Segundo uma intuição surpreendente de um homem que não tem uma verdadeira cultura teológica, Francisco vê a íntima natureza de Deus no seu ser caridade pessoal e reconduz para ela como à sua fonte qualquer efeito positivo das criaturas. Toda manifestação do ser e do desígnio de Deus fala-nos do seu amor eterno. Por isto, cada ação, qualquer missão e atividades dos frades tornam-se ressonância do amor divino. Neste contexto, torna-se importante e significativa a exortação de São Francisco aos seus frades, referida por Celano: Precisamos amar muito o amor de quem muito nos amou! Este "fervor de caridade" reanima toda a sua piedade, suas relações com Jesus Cristo, a devoção a Maria, sua ternura com os homens e seu comportamento de irmão para com todas as criaturas. As conseqüências, a incidência deste conceito de Deus - Bem, de Deus - caridade na vida e na espiritualidade de Francisco, as veremos em seguida. Deus Pai Francisco descobre e experimenta outra dimensão da bondade de Deus, aquela que se exprime no conceito de paternidade. Deus é Pai (Adm 1), é meu pai, é nosso pai, afirma Francisco. Nos seus Escritos Francisco dá a Deus o nome de Pai 89 vezes! Esta paternidade de Deus, Francisco a experimentou do início de sua conversão. Na cena da renuncia aos bens paternos, e ao mesmo pai, diante do bispo, Francisco diz: Daqui para frente quero dizer: Pai nosso, que estás nos céus, não mais meu pai Pedro Bernardone. Este nome de "Pai", Francisco queria que fosse unicamente referido a Deus - Pai. Repetindo as palavras de Jesus, dizia aos seus frades: não chameis ninguém sobre a terra de vosso pai, porque um só é o vosso Pai, aquele que estás nos céus (Rnb 22). Francisco gosta muito de dar a Deus este nome de "Pai", chega a manipular por bem 14 vezes os salmos substituindo os termos "Deus", "Deus meu", "Domine", com Pai santo, meu Pai, Pai santíssimo. Perguntando os frades como rezar, Francisco, no exemplo de Cristo, responde: Quando rezais, dizei: Pai nosso! Assim também prescreveu aos frades não clérigos de rezar, em lugar das Horas Canônicas, 76 Pai nosso por dia. Além disso, convida todos os fiéis a louvarem o Senhor com esta oração. Da sua boca sai esta exclamação belíssima e densa de afeto: Oh, como é glorioso, santo e grande ter no céu um Pai! Deus "vivo e verdadeiro", onipresença operante Eis outro binômio com o qual Francisco ama chamar Deus (Adm 16), um binômio tirado diretamente de 1 Tes. 1,9: para servir ao Deus vivo e verdadeiro; e talvez também da liturgia, como por exemplo, do "Cânone Romano" onde se encontra a expressão Deus vivo e verdadeiro. Na visão de Francisco, o Deus - Sumo Bem é um Deus vivo e verdadeiro o qual se revelou ao homem na sua Trindade e Unidade, Pai e Filho e Espírito Santo (Rnb 21,2). Com esta expressão Francisco quer sublinhar o aspecto objetivo, eminentemente real e vital de Deus. Deus possui a vida e a verdade em infinita plenitude da qual torna partícipe qualquer pessoa que se abra à sua irradiação. O uso insistente destes adjetivos manifesta quanto Deus, para Francisco, fosse vivo e verdadeiro; não uma abstração sem relação com a sua realidade pessoal ou uma idéia sem vida, ou evanescente, mas o ideal ao redor do qual gravita toda sua vida. O Deus vivo e verdadeiro se manifesta a Francisco no próprio ser e agir. Francisco vê Deus o qual opera maravilhas e grandes coisas (Rnb 23, 11), cria o homem (Rnb 23,25) o ama (Rnb 23,5), lhe fala, e se humilha na Encarnação (Adm. 1,16), ilumina e inflama, satisfaz as aspirações humanas, ajuda com a sua graça, mora no coração dos homens, é presente e fiel, o recompensa com seus dons, dá a paz, dá a sabedoria suprema, a vida eterna, a fé, faz o bem, recompensa e premia , coroa aqueles que suportam em paz as tribulações, os livra do mal, os redime e os salva, perdoa os pecados, desce nas mãos do sacerdote, os honra, Lhe agrada a ação de graças. Por quanto se refere à ação de Deus e a sua presença na vida pessoal de Francisco, bastaria ler o seu Testamento: Deus lhe concede de fazer penitência, o conduz entre os leprosos, lhe dá a fé nas igrejas e nos sacerdotes, lhe dá irmãos, lhe revela que deve viver segundo o evangelho, lhe revela a saudação: O Senhor te dê a paz! Não há dúvida que o Poverello considerava Deus como o supremo regista da sua vida. Os elementos apenas elencados são suficientes para colocar em clara luz, quanto viva fosse a fé de Francisco na onipresença de Deus. Daí nasce a sua inabalável confiança na Providência divina. Deus é a sua luz, a sua força, sua ajuda e refúgio, como canta o salmista no seu Ofício da Paixão. Assim quando enviava os frades para pregar penitência e paz ou para cumprir outra forma de obediência, costumava dizer-lhes o versículo 23 do Salmo 54: Coloca em Deus a tua preocupação e ele cuidará de ti. Francisco, não obstante fosse um homem de uma cultura teológica limitada chega a perceber a ação criadora de Deus que não somente nos deu mas nos dá continuamente a vida, nos cria. De fato, no capítulo 23 da Regra não bulada agradece Deus onipresente porque a nós deu e dá o corpo, toda alma, toda a vida. Além disso, consegue ver em qualquer lugar a presença de Deus, percebe a gratuidade divina em todos os aspectos da vida. Considerações conclusivas Francisco nunca faz um discurso teológico; seus escritos são ocasionados por exigências e circunstâncias históricas mais que pela vontade de busca teórica; limita-se a fazer afirmações as mais das vezes tiradas da Bíblia (Deus santo, santíssimo, onipotente, criador, rei dos céus e da terra, etc.), dos textos litúrgicos (só vós sois o santo, só vos o Altíssimo, etc.), mas tem sempre uma visão de Deus clara e precisa. Sem dúvida não se pode negar certa concepção transcendental de Deus, mas no fundo fala de Deus nas categorias da imanência. Esta divina imanência vem exemplificada em numerosas categorias; entre estas prevalece, especialmente na vivência do plano relacional, aquela que expressa a relação de paternidade. O Deus que realiza e intervêm na vida de Francisco e no mundo criado não é motor imóvel ou Causa Primeira, mas Deus - Pai. Francisco, como místico, vive esta idéia em conteúdos e modalidades pessoais e originais. Chega a personalizar o mundo inanimado, a chamar irmão e irmã, por lógica dedução do postulado teológico da paternidade universal, os animais, as plantas, os seres cósmicos, a mesma morte. Trata-se de uma relação dialogal, quase sobre um plano de igualdade: "Deus me revelou", "Deus me conduziu", "Deus me deu", "O Senhor concedeu a mim" são expressões que dizem com clareza uma relação imediata como aquela que normalmente se instaura entre Deus e a pessoa profundamente mística. Também no plano conceitual nota-se certa liberdade mística em definir as operações divinas. Trata-se, num certo sentido, de operações anômalas, nem sempre fáceis de se encontrarem nos documentos do magistério oficial: Deus coroa, Deus gratifica, Deus honra, Deus rejeita. A mesma coisa precisa dizer com referência a alguns atributos que Francisco refere a Deus: Deus é inocente, amável, agradável, Deus é beleza, etc. O Deus de Francisco é um Deus que garante ao homem sua dignidade e a valoriza ao máximo; Deus – plenitude que, por ser totalidade do bem, sumo bem, não pode não ser desejável sobre todas as coisas. Cristocentrismo e visão trinitária de Deus De maneira muito sumária, pode-se dizer que enquanto os Escritos de Francisco documentam uma imagem fundamentalmente trinitária de Deus, muitos textos biográficos insistem sobre uma leitura estreitamente cristocêntrica da experiência de Francisco. Com certeza não podemos contrapor estas duas visões, o Deus de Francisco é sempre Deus Cristão: Pai, Filho e Espírito Santo onde o Filho se fez homem para nossa salvação. A visão que vem dos Escritos é um itinerário claramente trinitário onde é o Espírito Santo que ilumina, purifica e acende o coração do crente para que siga as pegadas do Filho, o Senhor nosso Jesus Cristo, e assim chegar ao Altíssimo, que vive em Trindade perfeita e unidade simples. Ou podemos citar outro fragmento onde o Espírito do Senhor repousa sobre os fieis e faz deles a própria habitação e morada, os torna filhos do Pai celeste, do qual fazem as obras, e irmãos, esposos, mães do Senhor Jesus Cristo. Assim, segundo Francisco, mas também segundo Clara que usa frequentemente esta imagem, ao homem é aberto o acesso à intimidade e ao parentesco divino que é expresso mesmo por estas imagens de: filhos, esposos, irmãos e mães. Junto à impostação dos Escritos, nos textos biográficos emerge uma forte acentuação do caráter estreitamente cristocêntrico da experiência de Francisco. O primeiro biógrafo não somente uma vez refere ou mostra a piedade cristológica do Assisense. Esta linha de interpretação encontra seu cume na leitura boaventuriana da vida de Francisco, que relê toda sua experiência como um caminho rumo aos estigmas, que revelam numa maneira até física o segredo de Francisco, ou seja, sua total conformidade a Cristo. Nesta linha vai-se afirmando a imagem de Francisco como alter Christus, que desenvolver-se-á amplamente, até ás interpretações claramente excessivas de Bartolomeu de Pisa, no seu De conformitate. O cristocentrismo reaparecerá depois em quase todas as leituras biográficas de Francisco, que é apresentado como Santo do presépio e dos estigmas, totalmente concentrado sobre os mistérios da vida de Cristo. Ao darmos esta explicação sobre o conceito de Deus em São Francisco, não podemos esquecer que o Santo não tinha primariamente uma idéia de Deus, mas uma experiência e, se demonstra ter também uma idéia, certamente a tinha sobretudo na base de uma experiência. Uma tal experiência é antes de tudo relativa ao Espírito. Pensemos àquele ter o Espírito do Senhor, que Francisco deseja acima de qualquer outra coisa, que só permite seguir a doutrina e as pegadas do Senhor nosso Jesus Cristo e que transforma os nossos olhos em olhos espirituais, capazes de ver e crer, e então reconhecer que tudo de Ti, Altíssimo traz significado.
Posted on: Tue, 02 Jul 2013 00:31:57 +0000

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