OS CAMALEÕES Um dia, apanhado com as calças na mão, um conhecido político da nossa praça afirmou, convictamente, que só os burros é que não mudam. O que é indiscutivelmente verdade, mas também ninguém precisa de mudar para demonstrar que não é burro. Certamente que, o político se referia à mudança de opinião, de estratégia, e não à mudança de barricada no quadro partidário. A facilidade, a ligeireza, com que alguns candidatos às eleições autárquicas trocam de pele , como quem muda de casaco, de 4 em 4 anos, deixa-me, por vezes perplexo e interessado em entender as razões desta repetida conduta. Seguramente, 4 anos é pouco tempo para alguém dar uma cambalhota ideológica, a não ser que seja apenas a recuperação de um amor antigo. De igual modo, quase sempre, não são as ideias, o projeto da candidatura que os atrai, porque a adesão é incondicional e ocorre muito antes dos desígnios serem conhecidos e partilhados. Resta-me então, acreditar que a alma, o motor destas mudanças de trincheira reside , fundamentalmente, no interesse pessoal , sempre escondido, mas com rabo de fora. É óbvio que, em democracia, os cidadãos têm o direito à incoerência, à volatilidade de interesses, à defesa da conveniência, egoisticamente dissimulada. Não podem é, por respeito aos cidadãos, apregoar que estão na vida política para servir as pessoas, quando a sua preocupação apenas olha o seu umbigo.
Posted on: Sat, 21 Sep 2013 13:39:18 +0000
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