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3/07/2013 02h53 90% dos assaltos são praticados pelos mesmos bandidos, diz Acirr O presidente da Acirr, Jadir Correia, disse que sem segurança os comerciantes ficam de ‘mãos atadas’ AMILCAR JÚNIOR O presidente da Associação Comercial e Industrial de Roraima (Acirr), Jadir Correia, lamentou ontem à tarde que os comerciantes estão ficando de ‘mãos atadas’ frente à onda de assaltos que assola a Capital. Ele diz que 90% dos roubos são praticados pelos mesmos bandidos. “A polícia prende sempre os mesmos assaltantes. Tem que fiscalizar a saída deles. Dizem que estão trabalhando, mas quem verifica isso? Tem que fiscalizar o que fazem aqui fora”, observou. Correia também criticou o posicionamento da Justiça em alguns casos. “O bandido que matou a secretária (no dia 11 passado, no bairro Liberdade) já tinha duas passagens por assalto, mas mesmo assim a Justiça concedeu a ele a liberdade condicional. Tinha era que ser trancado por um bom tempo”. O presidente disse que os ataques a comerciantes, principalmente nos bairros mais afastados do Centro, na zona Oeste, diminuíram nos últimos meses. Ele atribui a queda à morte de dois bandidos durante a troca de tiros com a PM. “Pararam mais de assaltar, mas a violência ainda assusta”. A Acirr conta hoje com cerca de 400 associados. O presidente lembrou que chegou a se reunir com autoridades da Segurança Pública (Sesp), mas até o momento nenhuma medida foi adotada para frear a onda de assaltos na cidade. AUDÁCIA - Os bandidos não se preocupam mais nem com a luz do dia. Bem armados, eles atacam a qualquer hora. As vítimas, geralmente pequenos e médios comerciantes, reclamam da falta de segurança. Quem tem dinheiro se protege instalando câmeras e cercas elétricas, e ainda contrata seguranças. Apesar de pequena, se comparada a outras capitais do Norte, Boa Vista já apresenta números assustadores de violência. Os bairros da zona Oeste, os chamados periféricos, são os mais atingidos. Os assaltos aparecem no topo da criminalidade. Os bandidos são os mesmos – albergados e presos do regime semiaberto. No mês passado, o ex-presidiário Marcelo Oliveira de Souza, 31, foi baleado na cabeça durante um assalto frustrado em uma empresa distribuidora de cimento, próximo ao viaduto do bairro Pricumã, zona Oeste. O bandido deu azar porque um policial à paisana estava no local. Socorrido pelo Samu, o bandido sobreviveu no HGR. Fugitivo da Penitenciária Agrícola do Monte Cristo (PA), Jeferson Antônio Dória Martins, 25, apelidado de “Mendigo”, também foi baleado quando ele e mais dois comparsas tentavam assaltar uma panificadora no bairro Pintolândia. Um policial militar à paisana estava no local. Mendigo reagiu com uma escopeta, mas na troca de tiros levou a pior. Os comparsas conseguiram fugir. Também no início do mês passado, outro apenado da Penitenciária Agrícola do Monte Cristo (PA) levou a pior durante assalto a uma lotérica, no bairro Caranã. Um policial à paisana também estava lá. O tiro foi certeiro. Na maioria dos casos, os bandidos agem em dupla e fortemente armados. Já era noite quando funcionários de uma panificadora no bairro São Vicente, zona Sul, foram surpreendidos por dois homens armados em uma motocicleta. Outro caso também recente, com o mesmo “modus operandi”, os assaltantes atacaram um movimentado posto de combustível, na avenida Mário Homem de Melo, no bairro Caimbé, na zona Oeste. Levaram R$ 15 mil. Um foi preso. “O que a gente vê é que os assaltos são praticados pelos mesmos bandidos, e todos eles já passaram pela PA [Penitenciária Agrícola] ou ainda estão presos. Saem da cadeia dizendo que vão trabalhar, mas na verdade vão assaltar”, comentou José Nunes, comerciante do Pintolândia, outra vítima de assalto ocorrido no mês passado. No final da tarde de ontem, por telefone, a Folha tentou contato com a Assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), mas não obteve êxito. Boa-vistenses se sentem reféns da criminalidade O medo tomou conta da população que a cada dia está mais refém da criminalidade. Em Boa Vista, a rotina do cidadão é de total insegurança pela falta de um método eficaz de reabilitação de detentos e a baixa eficiência das ações policiais. A maioria dos pequenos comerciantes adotou a tática de manter as portas do estabelecimento trancadas, abrindo-as somente para os clientes. O administrador e professor de cursinho Don Martins atribuiu essa calamidade na segurança pública à falta de compromisso dos gestores. “Devido à fuga em massa no Amazonas, ontem observei diversos policiais nas ruas fazendo rondas e ações preventivas. Isso não se vê em Roraima diariamente. Precisamos de um choque de gestão, uma mudança radical no modo de fazer a segurança pública. A falta de compromisso por parte de algumas autoridades também reflete nisso”, destacou. A engenheira Agrônoma Áurea Cristina disse que em Roraima prevalece as indicações políticas para cargos importantes e isso acaba prejudicando todo um conjunto de trabalho que precisa de pessoas especializadas. “Precisamos de incentivos. A polícia trabalha sucateada, sem material, sem carro, equipamentos. Isso faz com que a segurança dos próprios policiais seja comprometida. Esse problema está deixando cada vez mais o povo refém da própria sorte”. Na opinião do presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Estado de Roraima (Sindpol), José Nilton da Silva, o Estado está entregue a pessoas que não têm potencial para tratar da segurança pública. “Hoje somos reféns de uma administração que não tem a capacidade de nomear um gestor competente para a Secretaria de Segurança. Quem mais sofre com essa situação é o próprio boa-vistense, que paga impostos, e não tem a proteção que merece. Já procuramos o Ministério Público e até hoje nada foi feito para mudar esse cenário. Estamos estudando métodos para levar a nível nacional todas essas aberrações que acontecem em nosso sistema. Só assim, talvez, alguém faça algo”, disse. (C.S.) Penitenciária não garante a permanência de presos Sem estrutura, segurança e nem condições de trabalho, a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (PAMC), que deveria garantir a reintegração de presos à sociedade, sofre para mantê-los dentro do sistema. Apesar da recente contratação de novos agentes penitenciários, aprovados em concurso, a segurança do local está comprometida pela falta de estrutura e de condições para o exercício da profissão. Ao todo, este ano, 26 detentos já escaparam. Desses fugitivos, 25 foram encontrados pela Divisão de Capturas (Dicap). Somadas as fugas de anos anteriores, a Divisão de Capturas, com o auxílio das polícias Militar, Civil, Rodoviária Federal e Guarda Municipal, já executou 195 recapturas em 2013. Um servidor que preferiu não se identificar relatou que o baixo efetivo de policiais militares na área externa da Penitenciária é o principal facilitador das fugas. “Há relatos de que agentes estão sendo lotados na Sejuc e isso acaba deixando a penitenciária desprotegida e com baixo efetivo. O correto seria lotá-los na própria sede do presídio. Tenho informações até de que um agente se tornou motorista do secretário de Segurança. Outro ponto importante é sobre a falta de condições de trabalho. Não nos sentimos seguros para realizar nossas obrigações diárias dentro de um sistema vulnerável que não protege nem seus colaboradores”, relatou. Até o fechamento dessa matéria, às 16h, a Assessoria de Comunicação da Sejuc não havia respondido aos questionamentos encaminhados por e-mail sobre a lotação dos servidores em outros setores fora da Penitenciária. DESCRÉDITO - A população não acredita na eficácia do sistema prisional roraimense. O advogado Jorge Kennedy disse que acha uma vergonha para um estado tão pequeno não ter o controle de presos dentro de uma penitenciária. “É inadmissível a falta de responsabilidade por parte das autoridades em não resolver esse problema de uma vez por todas”, criticou. Para o empresário Vinício Silva o sistema está falido pela falta de compromisso das autoridades. “Dinheiro não falta. O que temos de fazer é cobrar mais fiscalização, responsabilidade e investimentos na segurança pública. Quanto mais presos fogem da penitenciária, mais gente do bem precisa se trancar dentro de casa para não virar vítima”, observou. MINISTÉRIO PÚBLICO: Em nota, o MP informou que vem acompanhando de perto as questões que envolvem a precariedade do sistema prisional de Roraima. (C.S.)
Posted on: Sat, 13 Jul 2013 15:48:53 +0000

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