"A crise e a guerra Este é o tema – e o título – da crónica - TopicsExpress



          

"A crise e a guerra Este é o tema – e o título – da crónica do João Carlos Pereira que foi transmitida esta amanhã, quarta-feira, dia 28, pelas 9 horas, na Rádio Baía (98.7 FM). A crise e a guerra Como o tempo passa! Lembram-se das armas de destruição maciça de Sadam? Lembram-se de Bush, Aznar, Durão e Blair reunidos nos Açores, preparando, sob o pretexto dessas supostas armas, a pilhagem do Iraque? Pois é. Já lá vão dez anos. Foi em 2003 que esse bando de «democratas», mentindo cínica e deliberadamente, preparou a opinião pública para a invasão e ocupação daquele país. Hoje, o Iraque é um monte de ruínas, um território devastado por conflitos tribais, mas é, acima de tudo, um país explorado vorazmente pelo imperialismo norte-americano, acolitado pelos seus cúmplices europeus. Dez anos depois, e após a destruição da Líbia, em processo diferente mas igualmente eficaz – armaram-se bando de terroristas de várias cores e paladares, chamaram-se-lhes rebeldes e patriotas –, e aí está um país outrora próspero, onde a fome e as clivagens sociais não existiam, transformado em mais uma colónia subjugada aos interesses norte-americanos. É verdade: o Egipto. Mubarak era um ditador. O Egipto não tem petróleo, só areia, mas, tal como o Iraque e a Líbia, ocupa uma posição geoestratégica imprescindível a quem pretenda dominar a nova Rota da Seda, neste caso a Rota do Petróleo e do Gás Natural. E, acima de tudo, tal como Sadam, e Kadafi, Mubarak há muito que deixara de ser homem de confiança do Império. E, sem que se fale muito nisso, Israel a mexer os seus nauseabundos cordelinhos, e esfregando as mãos enquanto vê ganhar forma, sobre a vida destroçada de milhões de seres humanos, o sonho do Grande Sião. Não interessa se Mubarak, Kadafi ou Sadam eram democratas ou ditadores, se matavam ou deixavam de matar. Já se perdeu a conta aos ditadores que foram, ao longo do último século, meninos queridos dos norte-americanos. A América Latina, com Pinochet à cabeça; o Médio Oriente, onde o mesmíssimo Sadam foi, durante décadas, armado e equipado pelos ianques, e atiçado contra o Irão, onde outro grande «democrata» e amigo dos EUA, Mohammad Reza Pahlavi, então Xá da Pérsia, viu o seu reinado de atrocidades terminar no meio de uma revolta generalizada, apoiada por todos os quadrantes políticos e sociais da sociedade iraniana; e Ferdinando Marcos, nas Fipinas, ou Sukarno, na Indonésia; ou François Duvalier, conhecido como Papa Doc, que, sempre apoiado pelos Estados Unidos, instalou uma feroz ditadura, baseada no terror policial, onde pontificavam os tontons macoutes (os tristemente famosos bichos-papões). Ditadores miseráveis e tiranos impiedosos é coisa que não falta na lista enorme e sangrenta de amigos queridos dos EUA. Não é por aí que o IV Reich se mete em aventuras. A questão – a única questão – é se um determinado governo é alinhado ou não. E se, não o sendo, consegue provar que se pode promover o desenvolvimento económico e a justiça social sem pagar o dízimo ao Império. Ou seja: a questão – a única questão – é um país negar-se a colocar os seus recursos ao serviço de uma economia global, sendo que o termo global significa englobar-se num imenso rebanho sujeito ao cajado do pastor que é mais conhecido por Tio Sam. Agora, dez anos depois do Iraque, os Senhores da Guerra ocidentais, pouco imaginosos, mas seguros da sua força e da sua impunidade, encenam nova campanha mundial acerca de supostas «armas químicas» que teriam sido utilizadas pelas Forças Armadas sírias. É claro que, desta vez, nem precisam de mostrar imagens falsas das tenebrosas instalações onde tais armas estariam armazenadas ou seriam produzidas, pois o ridículo dessa farsa mal-amanhada ainda está na memória de muita gente. Não, Obama não apresentou – porque não tem – uma única prova que corroborasse tal afirmação, mas a história há muito que tem lugar marcado em horário nobre na televisões e nas páginas dos jornais. Por outro lado – e estando os chamados rebeldes tão bem armados e equipados – quem nos diz que a utilização de armas químicas, se a houve, não terá sido da responsabilidade desses mesmos rebeldes, com o fim óbvio de oferecer o pretexto há muito pretendido? Pouco interessa. A finalidade é preparar a opinião pública para uma agressão directa contra a República Síria, tal como foi executada contra a Líbia. Na verdade, essa agressão já teve início há vários anos, mas de forma indirecta, com o armamento, treino e financiamento de bandos de mercenários e terroristas de várias origens – a que chamam carinhosamente rebeldes e patriotas – os quais, apesar de tudo, não mostram capacidade para derrotar as forças governamentais, estando, pelo contrário, a ser derrotados em toda a linha pela Forças Armadas sírias. Porém – e tal como em 2003 – a canalha amestrada de Londres, Paris e Ancara não se cansa de cantar a música que Obama lhes ensinou. Desta vez, porém – e como pano de fundo desta farsa terrível, que está a transformar um belo e próspero país num monte de escombros – a crise financeira do capitalismo atiça todas as emergências. Como se pode ler no site resistir.info/. «a crise financeira capitalista intensifica-se. O seu sistema bancário está em ruínas, tanto nos EUA como na Europa. Os monstruosos resgates governamentais com o dinheiro dos contribuintes e com emissões monetárias fracassaram, tendo desaparecido no buraco negro da banca – agora já planeiam resgates internos com o dinheiro dos depositantes. O que tem isto a ver com uma eventual agressão à Síria? Muito. Historicamente o imperialismo sempre procurou na guerra a saída para as suas crises». E aqui está, muito resumidamente, como milhões de pessoas e países inteiros são sacrificados no altar do Capital Financeiro. Será que a Humanidade nunca aprende?"
Posted on: Fri, 30 Aug 2013 13:28:33 +0000

Trending Topics



Recently Viewed Topics




© 2015