A todos aqueles que se interessam por Karl Marx e/ou Bruno Latour, - TopicsExpress



          

A todos aqueles que se interessam por Karl Marx e/ou Bruno Latour, ou também pela questão da técnica e da tecnologia, ou ainda das materialidades, sugiro a leitura deste artigo de Alf Hornborg, professor da Universidade de Lund, Suécia. O título é "Technology as Fetish: Marx, Latour, and the Cultural Foundations of Capitalism", publicado na revista Theory, Society and Culture. No fundo, é uma análise da tecnologia e dos objetos materiais (ou materialidades) a partir de uma releitura bastante atualizada de Marx (embora também crítica), sem descontar uma concordância em parte com a proposta de Bruno Latour, mas, ao mesmo tempo, uma crítica dura ao autor francês pela sua interpretação da rede entre "humanos" e "não humanos" sem levar em consideração relações de poder e de exploração. Enfim, apenas como tira-gosto, seguem aqui os parágrafos conclusivos do artigo: * * * Para concluir, podemos nos perguntar qual é o denominador comum dos pilares ideológicos do poder moderno, que mantém a ilusão de uma economia e tecnologia moralmente neutras, mistificando as afinidades entre capitalismo e escravidão, tecnologia e magia, e consumismo e canibalismo? Eu penso que a chave é o fenômeno da negação. Johannes Fabian (1983) observou que toda a ideia de desenvolvimento está fundada na negação da coetaneidade [coevalness]. A assunção implícita é que as pessoas que não possuem máquinas habitam de alguma forma um período de tempo anterior ao daquelas que as possuem. De uma forma semelhante, sugiro eu, a ideia do mercado mundial se assenta sobre uma negação da apropriação. O conceito de troca desigual simplesmente não existe no vocabulário das economias dominantes. Finalmente, a nossa imagem da tecnologia - em grande parte como o fetichismo da mercadoria - se baseia na negação da corporificação [embodiment], isto é, da interfusão de Sociedade e Natureza. Na nossa visão de mundo cartesiana, os objetos são automaticamente isentos da crítica moral. E a negação da nossa coexistência, exploração e consumo de outras pessoas é - assim como a matriz cartesiana como um todo -, em última instância, uma dissociação da realidade do Outro.
Posted on: Sun, 16 Jun 2013 01:38:47 +0000

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