Alberto Oliva QUAL É A SUA VISÃO DA FILOSOFIA NO ENSINO MÉDIO? Já é possível mensurar mudanças significativas na relação dos jovens com a filosofia? O pior modo de ensinar filosofia ao iniciante é o que fica preso a um filósofo ou a uma corrente de pensamento. O crucial é mostrar ao jovem as tantas moradas do pensamento, os contrastes de ideias, as contraposições entre modelos de pensamento. A filosofia não é una, é polemos, é o combate permanente entre os mundos possíveis de ideias. São perniciosos os cursos introdutórios que perdem de vista a visão de conjunto, que esquecem que aprender a pensar é não só formular rigorosamente conceitos, mas também reconstruir a dialética dos contrários. Infelizmente, é comum encontrar estudantes de segundo grau que me dizem que não gostam de filosofia porque, ao estudá-la, lhes foi impingida a leitura de um e apenas um filósofo e proposta uma leitura fechada. Isso quando não acontece de serem obrigados a estudar textos abstrusos de (supostos) filósofos defensores de teses esdrúxulas. Se a filosofia é ensinada nesses modos, ou com impostação dogmática, não contribui para a boa formação intelectual do jovem. Em vez de ensinar a filosofia como um conjunto de doutrinas autossubsistentes, o professor deve se empenhar em mostrar como as melhores filosofias são as que se constroem como um laboratório de experimentos mentais. Exemplo de experimento mental é o que faz Platão quando em "A República" discute o ético propondo que o pensemos em associação com o que fazemos quando nos tornamos invisíveis, ou seja, quando podemos executar ações condenáveis sem que tenhamos como ser flagrados e responsabilizados por elas.
Posted on: Mon, 12 Aug 2013 22:53:30 +0000
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