(CM) A GREVE DOS PROFESSORES E FUNCIONÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO - TopicsExpress



          

(CM) A GREVE DOS PROFESSORES E FUNCIONÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO RIO! O jornal O DIA estampou manchete no sábado (17), em base a entrevista com o prefeito do RIO: “Paes não dará aumento e vai cortar ponto de professores”. Depois de algumas semanas de promessas de humildade e recuos, volta a prevalecer a arrogância e o deboche, ou a sua natureza, como na velha história do sapo e do escorpião. O mais grave de tudo é imaginar que depois de quase 23 anos sem uma greve geral e massiva do magistério carioca, essa agora venha reduzida –na cabeça desse prefeito- a questões pecuniárias e manipulações políticas. Independente das questões salariais -que são sempre importantes- o ambiente que produziu essa reação ampla e geral deveria ser avaliado. Como dizem os manuais de gestão: O primeiro ponto para se enfrentar um problema é saber qual é sua razão. Pode-se afirmar que se há um consenso nos países democráticos em filosofia educacional é que a sala de aula é inevitavelmente um campo de relativa autonomia pedagógica. A sala de aula é parte da escola, parte da rede de escolas, mas é, sobretudo, um Universo em si. Os alunos que ali estão, suas famílias, a localização da escola, a conjuntura que se vive..., tudo isso não pode ser pasteurizado com kits exógenos que pensam os atores –professores, funcionários, diretores, famílias- como se fossem todos iguais. A rede municipal do Rio tem uma longa tradição que começa pelas escolas do Imperador (anos 1870), passando por Anisio Teixeira (primeira metade dos anos 1930), abrindo-se a discussão interna de escolas de filosofia educacional, chegando a Darcy Ribeiro e Paulo Freire, que afirmaram as duas dimensões –integradas- da escola pública: a social e a de ensino. O prefeito, em entrevista nesse mesmo dia, disse –por exclusão- que matérias como História, Geografia, Ciências, Línguas..., são irrelevantes. Ficou claro que o foco não é em Matemática e Português, mas na "IDEBização" do ensino municipal. Tudo isso –que se poderia chamar de elitização, pasteurização, serialização ou, se preferir, privatização da escola pública- criou um quadro de desrespeito ao professor, aos funcionários, à sala de aula e à escola. E é esse o ambiente que deu o lastro para essa primeira grande greve geral do magistério e dos funcionários da educação do Rio depois de quase 1/4 de século. O caso das merendeiras é emblemático. O atual prefeito pensa a alimentação dos alunos como as redes de “fast-food” pensam, como se as merendeiras não fossem parte integrante do processo educacional (ensino, inclusão social e suas interações). Passou a contratar garis-cozinheiros, desintegrando-os funcionalmente da escola. E estuda comprar quentinhas e esquentá-las na escola. As merendeiras com tempo de serviço sentem o desrespeito e lembram suas relações com crianças com necessidades alimentares específicas, com as mães e, claro, com professores e diretores. Pode ser que o autoritarismo do prefeito –prendo e arrebento- coloque os servidores de volta às salas de aula. Mas se isso ocorrer, como eles voltarão? Robotizados? Com que motivação? Como se sentirão no dia a dia da escola, enquanto prefeito e secretária estiverem almoçando cardápios de outro sabor, longe do cotidiano das escolas? Os casos de violência nas escolas municipais aumentaram em pelo menos 4 vezes nos últimos 4 anos. Por quê? Esses kits pasteurizados tiram a autoridade do professor e isso é percebido pelos alunos: quem manda não está aqui, pensam vários. Recomenda-se a leitura de textos sobre Cultura Organizacional, para que os atuais gestores entendam o que significa atropelar o ambiente em nome de uma visão fordista da educação como linha de montagem. O resultado é o desastre, antes encoberto pela publicidade, mas que o tempo deu nitidez.
Posted on: Tue, 20 Aug 2013 22:17:41 +0000

Trending Topics



Recently Viewed Topics




© 2015