Desculpem-me o longo texto. Espero que a maioria tenha paciência para lê-lo por inteiro. Sobre o protesto, não acredito que seja improdutiva a participação de famílias, senhoras e mesmo jovens despolitizados portando seus cartazes e desfilando suas roupas brancas. Tampouco podemos pedir a idosos e crianças que confrontem os policiais e, menos ainda, podemos exclui-los da manifestação. A presença deles já é por si uma performance significativa. Se houve festa, cantorias sem objetivo, repetição distorcidas do Hino Nacional e um circulação de passantes sem rumo, houve e isso foi bom, porque foi o que pudemos oferecer naquele momento. Não adianta lamentar ou condenar as pessoas que saíram de suas casas e foram para a Praça Cívica com a intenção irrefletida de manter a sua própria paz. É preciso criar mecanismos para possibilitar o comprometimento, mecanismos que se adequem a nosso contexto. Se nossa população protestante não está disposta a colocar em risco sua integridade física, não podemos ferir esse direito. Mas se se quer de fato uma mudança, é preciso de algum modo se comprometer. Proponho a redação de um abaixo-assinado, que expresse claramente qual é a solicitação popular e a que vêm todas as reivindicações. Ninguém (assim espero) assina um documento sem antes lê-lo e bem compreendê-lo. As pessoas precisarão se informar antes de fornecer seu nome completo, número de documento e rubrica. Para garantir a legitimidade da coleta de assinaturas, alunos e professores do curso de Direito das universidades da cidade podem assumir a tarefa. Creio que, dessa forma, teremos um dimensão mais concreta do alcance de nossas forças. Os números de manifestantes deixarão de ser apenas estimativas tortas da polícia. Podemos definir quais são nossas requisições, por meio de uma discussão online, de modo que a redação final do texto seja ao máximo consensual. Determinar um percurso mais extenso de caminhada também é válido. Quanto mais pessoas puderem participar, melhor - mesmo que apenas preenchendo um linha debaixo e acima de tantas outras. Minha sugestão: a Avenida Goiás como ponto de concentração, seguindo depois pela Avenida 85 até o monumento Praça do Ratinho, continuando pela Rua 87 e Rua 88 em direção ao Paço Municipal. Podemos causar um transtorno na cidade sem depredar patrimônio público, mas o grupo em caminhada tem de ser coeso e saber qual é o sentido de percorrer quilômetros portando cartazes e repetindo palavras de ordem. Resolvi fazer essa proposta depois de ler incontáveis e cansativas declarações decepcionadas quanto à manifestação de ontem. Todos têm o direito de revelar suas frustrações, desde que tenham claro que ninguém estava ali por obrigação. Dificilmente deixaremos de lado nossos interesses individuais e nossas inquietações mais íntimas. Rechaçá-las não é a solução. É preciso definir alternativas para articulá-las ao anseio coletivo. Precisamos promover um procedimento a exemplo das obras de artes: seguir do mais particular da experiência para o universal que diz respeito a todo e qualquer ser humano.
Posted on: Fri, 21 Jun 2013 17:23:28 +0000
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