Dinheiro demais nas Igrejas. Padre Zezinho, scj Jacques Attali, - TopicsExpress



          

Dinheiro demais nas Igrejas. Padre Zezinho, scj Jacques Attali, ilustre escritor e historiador judeu, dizia no seu livro “Os Judeus, o Dinheiro e o Mundo” que tocava num assunto que cheirava a enxofre. Também os autores cristãos têm algo a dizer sobre suas Igrejas, dinheiro e arrecadação. É assunto que desafia qualquer fé e qualquer Igreja. Quais os limites do dinheiro e das arrecadações e os limites do poder de grupos que têm mais bens do que os outros. Serão capazes de administrá-los com ética? Não vão usá-lo para esmagar e silenciar os concorrentes? Quem vai poder falar nos seus microfones e diante das suas câmeras? Irmãos que discordam poderão ir lá? Nações, bancos, indústrias, comércio, igrejas, partidos políticos, modelos, gente do Show Bis e atletas sofrem dos riscos do dinheiro rápido, e da riqueza súbita. Uns, porque seus produtos não encontram concorrentes, outros porque dominam mercados, outros porque seus juros são altamente lucrativos, outros porque os fiéis doam sem pestanejar, outros ainda, porque seus dribles e gols ou suas cestas passam a valer milhões. Nem tudo é dinheiro desonesto, mas, em alguns casos, ou é, ou acaba ficando. E há o dinheiro criminoso como o dos traficantes. Mas esse, já sabemos que produz a morte! Diz o Livro dos Provérbios que o dinheiro desonesto se esfuma nas mãos, mas que o dinheiro penosamente ajuntado pouco a pouco acaba dando certo (Pr 13,11). A Bíblia está cheia de condenação ao lucro excessivo, ao dinheiro fácil, ou ao dinheiro injustamente adquirido. Mais condenação ainda às desigualdades que o poder do dinheiro forte pode causar ao seu redor. Ele nunca vem sem poder político. Quem adora o dinheiro acha que ele nunca é demais. Quem ama a riqueza nunca está satisfeito com ela. Quer mais (cf. Ecl 5,10). Arranja-se até uma teologia para justificá-la. Facilmente esquecem os profetas e Jesus, que recomendam pobreza desapego e moderação, para acentuar os textos que apoiam riqueza. E gostam de citar Max Webber, esquecidos dos filósofos do progresso que ousam questionar o binômio fé/prosperidade. Jesus condena claramente o excesso de dinheiro. Por isso elogia o desapego (cf. Mt 5,3). Deixa claro que não é possível servir a Deus e ao dinheiro (Mt 6,24). Mammon e Pantagruel têm muito de parecido. O crente em Jesus terá que escolher entre Ele e os outros. Jesus é radical! Seu 100% não tem nada a ver com os canhotos do talão de cheque. Episódios como as investigações contra membros do PT e outros partidos nos meses de junho a agosto de 2005, com rios de dinheiro em causa, episódios sempre suavizados, negados ou escamoteados, são desvios que não passam de mais dois ou três na enxurrada de escândalos na política brasileira. Fatos como o do jogador que deixa de trabalhar e rompe contrato com o clube que por ele pagou milhões, porque outro clube o assedia com mais fama e mais dinheiro; igrejas que levam malas de dinheiro em aviões fretados e que, embora 500 vezes menor do que outras grandes religiões, possuem aviões caríssimos; grupos religiosos que coletam rios de dinheiro e não declaram; tudo isso aponta para a gravíssima tentação do dinheiro demais. Fica pior quando rios de dinheiro invadem as igrejas e os consagrados. Resta a eles provar que todo aquele dinheiro é vontade de Deus. Não há teologia capaz de justificar tanta riqueza sem prestação de contas. Dinheiro rápido demais e em quantidade absurda funciona como carro sem freio na ladeira. Quem precisa demais dele para tocar adiante seus megaprojetos, acaba querendo mais e mais obras, mais e mais lucro, mais e mais sucesso, mais e mais crescimento. Quando percebe que precisa parar, não consegue. Já virou vício. Não sabe mais voltar à pobreza e à simplicidade de ontem. O argumento é que para atingir multidões é preciso muito dinheiro! Novas mídias e novos templos custam caro! E é verdade. Também é verdade que a contabilidade tem que ser transparente! Paulo adverte, na 1Tm 3,3, sobre quem deve ser chamado a liderar a Igreja. Entre as qualidades, aponta o fato de não ser amante do dinheiro. Boa parte do capítulo 6 trata do excesso de preocupação com dinheiro na Igreja. “Os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores. Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão.” (1Tm 6,9-11.) Diz o mesmo em Hebreus 13,5. Os evangelhos deixam claro que Deus não é contra a riqueza, mas que ela sufoca os outros valores (cf. Mt 13,22; Mc 10,22; 12,14;Lc 16,11). Quem sucumbe ao dinheiro não saberá ser de Deus, por mais bonito que seja o seu discurso. A esmola da mulher pobre silenciosa no templo ou do publicano arrependido podem valer mais do que os louvores e o dinheiro do fariseu que se gaba de ter o que tem por graça de Deus. Para quem precisa cada dia mais de dinheiro, vale qualquer coisa para não ter que voltar atrás. É preciso ser muito ético e muito santo para saber o que fazer com milhões de dólares ou de reais na conta. Se a Igreja canonizou pouquíssimos deles, deve ser porque poucos homens conseguiram ser mais fortes do que o dinheiro que passou por suas mãos. Entre a ética do Reino de Deus, à maneira do jovem rico, escolheram ficar com o que possuíam. Não tinha como voltar atrás. E sempre arranjaram um jeito de explicar que tudo aquilo veio porque Deus os abençoou. Passaram a ver sua riqueza como prêmio por seu discurso ou por sua fé. Já ouviu o discurso desses novos pregadores no rádio e na televisão? Ouça e veja. São elucidativos. Depois mergulhe na sua Bíblia e veja o que ela realmente diz a respeito de dinheiro, poder, riqueza e pobreza. Não é o mesmo discurso! Site Jornal O Lutador
Posted on: Wed, 04 Sep 2013 20:38:58 +0000

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