Meu time é o futebol... O texto é homenagem a um vídeo com - TopicsExpress



          

Meu time é o futebol... O texto é homenagem a um vídeo com lances do fenômeno, que meu amigo Rafael Pacheco publicou. E a Zidane pelas coisas maravihlosas que faz! O grito mudo que abraça o homem e a bola esconde o pensamento do corpo que especula uma forma de ludibriar as leis da natureza num sopro de movimento inesperado. O que pode uma perna esquerda?... O infinito. Com um toque esquerdo a bola vira mundo. Uma perna esquerda redesenha os contornos do homem com as curvas do movimento que o corpo faz. A bola é a caneta do futebol. Um drible é a suscetibilidade do corpo semear movimentos. Um drible faz curva, “pará-bola”. Entre a fração poética que não sabe se vai ou se vem está o drible que faz o homem ver além. O que pode um pé esquerdo? Pode um homem ser a mão de Deus? A vitória do futebol tem que ir além das quatro linhas. Às vezes, vencer no futebol é trocar “os pés pelas mãos”. O futebol pode ser tudo, menos esporte: gols ganham partidas, mas um drible entra pra história. O futebol é um ato de fé; uma prova de amor. Pra jogar bola tem que ter carinho. Driblar não é pentear a bola de qualquer jeito... Todo Mané sabe que pentear a bola é quase cafuné. Nome de passarinho, pernas tortas: natureza em forma de futebol. Quando o futebol acontece o campo vira céu... Um drible percorre o espaço a pintar meias-luas cobertas de lençóis... Como num toque surrealista... O futebol vira chapéu. O futebol é protesto. O futebol é filosofia: nós tivemos nosso Sócrates e nossa democracia... A democracia de um time é o futebol como arma política. Bola e corpo fingem se movimentar sem sair do lugar. É mesmo o corpo que se movimenta, ou ele é só inércia de um movimento que não passou de suposto? Enquanto o olho olha pra um lado as pernas olham para o outro... No futebol, tudo é oposto. O silêncio da bola parada obriga que um movimento reinvente o corpo e transforme o homem. Um gesto de pernas cria linhas imaginárias em torno das possibilidades de livrar-se do que aprisiona. Quando o homem desvencilha-se do adversário é como se o corpo dissesse: “eu sou livre!”. Entre bola e homem o futuro vibra no corpo uma virtualidade enigmática, beirando os limites da lógica. O momento pré-drible é o questionamento do homem através do corpo, onde mover-se é o mesmo que viver ou deixar morrer. A dança do corpo que passa o pé sobre a bola é o prelúdio... Do instante em que o destino é enganado pela arte do corpo que desafia a gravidade imprimida na verticalidade da coluna. Pra jogar futebol não pode ser reto... Quem manda no futebol é a beleza! O futebol não é esporte. A competição beneficia um time, e um time não pode ser maior do que o futebol. O que importa não é a vitória de um time. O futebol não é um esporte, um time ou uma competição. O futebol não é definível, é um fenômeno. O futebol é laranja da cor de um carrossel. O futebol é arte contemporânea, por ser feita de maneira instantânea pela perna que se comporta como se fosse pincel.
Posted on: Sun, 20 Oct 2013 21:51:51 +0000

Trending Topics



Recently Viewed Topics




© 2015