Não dá vontade de passar a mão no telefone e ligar? De começar falando baixinho, ou dizer que foi engano - mas já que ligou, né. Saber do dia, fazer perguntas aleatórias, voltar a ter assunto. Ir aumentando o tom de voz. Sim, porque toda conversa que se preze, em algum momento, vai ouvir um falando mais alto. Nem que seja um "tá me ouvindo" gritado depois que o sinal deu uma sumida. De repente, jogar a primeira pergunta embaraçosa. Tem saudade de mim?, uma das melhores. Lógico, vai vir uma respiração apressada e, por um segundo, você não vai saber se foi uma resposta, uma confissão ou sua cabeça. Não dá vontade de, por querer, soltar o primeiro "por onde você anda" mais irritado, assim como quem pergunta no ponto cadê a porra do ônibus que não passa e eu já tô atrasado. E nem esperar a resposta, emendar logo que a falta é uma merda, que a saudade não desgruda e que cada dia sem ouvir aquela voz tinha sido um lembrete de que dias ruins se sucedem. E depois de se soltar um pouco, voltar a se controlar. A voz volta pro lugar. A cabeça também. A conversa, agora relaxada, também retorna para onde começou. Serena. Fala-se baixo. Tudo volta, menos o coração, ainda sendo a bola da brincadeira da emoção. Muita vontade de ligar. Já deixa até separada a vassoura e a pá. Tinha prometido me segurar e não procurar. Mais uma promessa que vai se espatifar no chão.
Posted on: Sun, 28 Jul 2013 20:14:16 +0000
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