QUÍMICA / Gerson Dias de Oliveira As sombras esticadas na pequena praça contavam do dia que terminava. algumas poucas pessoas entretinham-se com café ou acompanhantes. Eu tinha a impressão de ser o único com motivação para ali estar, pois esperava amigo que telefonara para conversarmos. Meu café já estava ao meio quando ele chegou, abriu a jaqueta e descansou a mochila em uma cadeira e nos cumprimentamos. Um curioso e o outro tenso... Pediu um capucino grande e começou assim: "Cara... Sua vida era o sonho de muita gente, estabilidade, sucesso com as mulheres e no entanto estava diante de mim parecendo um um adolescente inseguro. Rodara em tantos casos que jamais imaginara vê-lo assim, mas disse-me que acontecera de forma inesperada. Prontamente lhe sugeri, buscar a agenda e subir a serra com alguém que fosse capaz de arranca-lo daquela condição. Impossível disse-me ele, dera tanta bandeira, que todas sabiam que estava apaixonado e ninguém, com um mínimo de autoestima, toparia tal empreitada. Era uma ideia fora de qualquer cogitação... Perguntei-lhe o que o arrastara ao redemoinho. Quais as armadilhas, que haviam enganado ao predador astuto, como se definia, tornando-o vulnerável, uma caça pronta para o abate e ele confessou-me haver sido a rejeição a todas as suas investidas. Porém o mais tormentoso era saber não existir possibilidade alguma de aproximação. Ela havia lhe dito olhando nos olhos: "Nunca houve e jamais haverá química entre nós!." Ficamos em silêncio por algum tempo e quando ergui os olhos para a calçada, não havia mais sol e as pessoas abrigavam-se do frio em seus casacos. então ao observá-lo em minha frente, ligando o celular, pensei que talvez ela possua razão: "Não há química, talvez, porque em sua tabela periódica não existam elementos nobres, meu amigo. Mulheres, por vezes, são bruxas a adivinhar futuros."
Posted on: Sat, 03 Aug 2013 01:27:00 +0000
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