SÃO MIGUEL PAULISTA De Ururaí a São Miguel Paulista Como - TopicsExpress



          

SÃO MIGUEL PAULISTA De Ururaí a São Miguel Paulista Como muitos bairros da cidade de São Paulo, São Miguel Paulista surgiu da transformação de aldeamentos indígenas em povoados brancos. Segundo o historiador Sylvio Bomtempi, em seu livro História dos Bairros de São Paulo: O Bairro de São Miguel Paulista, não se conhece, com exatidão, a data de fundação do bairro, porém o mais provável é que tenha sido no ano de 1560. Nesse período houve um aumento da população do povoado de São Paulo de Piratininga, como era conhecido na época, devido à extinção da Vila de Santo André da Borda do Campo e à migração de alguns de seus colonos. De acordo com o professor e historiador Avelar César Imamura, esse súbito crescimento atemorizou parte da tribo dos índios guaianases, que mantinham relações cordiais com os padres jesuítas, causando o êxodo de alguns rumo a outros locais. Entre os dissidentes encontravam-se índios liderados pelo cacique Piquerobi, irmão de Tibiriçá – aliado dos jesuítas –, que mudaram-se e estabeleceram-se na região conhecida por eles como Ururaí, onde construíram uma aldeia que ficou designada com o mesmo nome. Essa foi a primeira denominação do bairro de São Miguel Paulista. Com o objetivo de continuar o processo de catequização dos guaianases, o jesuíta José de Anchieta foi enviado pelo padre Manoel da Nóbrega à várzea do rio Ururaí, hoje Tietê. Logo após a sua chegada, o sacerdote construiu uma pequena casa religiosa para o trabalho de cristianização dos índios. “O Padre José de Anchieta – que chegou no Brasil em 1553, junto com outros jesuítas, ajudou a fundar a vila de São Paulo de Piratininga em 1554. Para dar continuidade ao trabalho de evangelização dos índios, esforçou-se tenazmente para não perder o contato com aqueles índios dissidentes que se afastaram da vila de Piratininga. Tudo parece indicar que ele conseguiu esse intento e, em duas aldeias indígenas próximas, construiu duas pequenas capelas: uma dedicada a São Miguel Arcanjo e outra a Nossa Senhora da Conceição dos Pinheiros. Devido a esse esforço religioso, alguns historiadores consideram Anchieta o fundador dos dois primeiros bairros paulistanos: São Miguel Paulista e Pinheiros”, afirma Imamura, no artigo História de São Miguel – A origem do bairro. Após erguer a capela, a aldeia se desenvolveu e tornou-se um estratégico ponto de defesa da Vila de Piratininga. Sua localização, mais alta em relação ao leito do Ururaí, permitia a visão dos índios tamoios, que usavam o rio para atacar os seus inimigos guaianases e os colonizadores portugueses, e de todos que subiam rumo a São Paulo, como descrito no livro Capela de São Miguel Arcanjo, produzido pela Associação Beato José de Anchieta. Vinte anos depois da fundação da aldeia, em 1580, os índios receberam a terra em doação, por meio de uma Carta de Sesmaria (pedaço de terra inculto ou abandonado, que os reis de Portugal cediam a sesmeiros, para que cultivassem). Em 1622, a rudimentar igreja de Anchieta foi demolida, dando lugar a outra capela, feita de taipa de pilão, construída pelos índios, sob o comando do bandeirante e carpinteiro Fernão Munhoz e do padre jesuíta João Álvares. De acordo com a inscrição na porta principal, a obra foi concluída em 18 de julho de 1622. Ao longo do século XVIII, graças à atividade agrícola, São Miguel prosperou economicamente. Entretanto, essa prosperidade significou o gradual declínio do aldeamento indígena na região. Os colonizadores perceberam que os índios, devido à sua cultura e à sua resistência ao trabalho compulsório, não serviam para serem escravos, principalmente na atividade agrícola e pastoril. “Com a importação de escravos negros, que começou a ser largamente empregada na lavoura paulista, diminuiu a importância da mão-de-obra indígena. No final do século XVIII, os índios estavam com uma população bastante reduzida devido ao alto índice de mortalidade, às fugas para outras regiões e à miscigenação”, completa Imamura, no artigo História de São Miguel – A decadência do adeiamento indígena. No século XIX, após anos de trabalho agrícola, a produtividade do solo decresceu e o bairro estagnou-se, perdendo a importância de outros tempos. Pequenas roças cultivavam cereais e a cultura canavieira, para produção de aguardente, tornou-se a base da economia local, diferentemente do que acontecia em São Paulo, que prosperava com a cultura cafeeira. Após a Proclamação da República, em 1889, o crescimento da imigração e a industrialização provocaram a expansão da cidade, que cresceu repercutindo nos bairros próximos e, inclusive, nos mais distantes. Como consequência disso, São Miguel foi elevado para categoria de distrito, por meio do Decreto nº 170, de 16 maio de 1891. Em função do crescimento urbano da cidade demandar cada vez mais material de alvenaria, no início do século XX o trabalho das olarias multiplicou-se em São Miguel. Além dos tijolos, o distrito gerava à cidade madeira, carvão, pedregulho e areia extraída do rio Tietê, que escoava esses produtos ao centro consumidor. Porém, o transporte humano continuava quase impraticável, fato que se agravou com o afluxo dos novos moradores ao bairro, para trabalhar nas olarias: “Os cavalos de sela e as “charrettes” ou aranhas, como eram conhecidos os pequenos e vagarosos carros de tração animal, já não eram eficientes em face de permanente comunicação com a capela, em cujo largo ressurgiam as casas comerciais. Muito mais difícil era o transporte à cidade, que se efetuava pela estrada de ferro, apanhando-se o trem em Itaquera ou Lajeado, ou pelo caminho da Penha, completando-se o percurso em bondes elétricos, cujo tráfego, inaugurado em 1901, começava em ponto próximo da Rua São Jorge”, completa Bomtempi. A construção da rodovia São Paulo-Rio, em 1920, que beirava a Capela e colocava o bairro no principal circuito comercial interestadual, foi um marco histórico da expansão urbana de São Miguel. Em 1930, uma linha de ônibus que ligava o bairro à Penha foi inaugurada para amenizar a situação do transporte, o que não aconteceu. De acordo com Bomtempi, a construção da variante da Estrada de Ferro Central do Brasil e a inauguração da estação de São Miguel supriram, de algum modo, as deficiências do serviço de ônibus. O início da fase industrial do bairro ficou marcada com a instalação da Companhia Nitro Química Brasileira, que começou a ser construída em 1935 e em setembro de 1937 já havia iniciado o seu funcionamento. Esse advento da industrialização atraiu migrantes nacionais, principalmente nordestinos, e modificou a paisagem da região: “O papel mais importante da Cia. Nitro Química para o desenvolvimento de São Miguel Paulista foi a atração que a indústria exerceu sobre os trabalhadores, principalmente nordestinos, no sentido de lhes oferecer um emprego, o que colaborou decisivamente para o povoamento e desenvolvimento econômico e social da região. São Miguel Paulista já tinha fortes contrastes na década de 1940, ou seja, o convívio lado a lado de realidades culturais e sociais antigas e modernas. Ao redor da praça Campos Sales (atual Pça. Padre Aleixo Monteiro Mafra), havia ainda casarios do século passado construídos em taipa, o que dava um ar antigo e rural ao bairro. Ao mesmo tempo, em local não muito distante, havia a Vila Nitro Química, um bairro novo, de traçado pré-estabelecido, com habitações no estilo moderno e que dispunha de água encanada e luz elétrica. O resto do bairro ainda não possuía esses benefícios, o que reforçava ainda mais os contrastes sociais das moradias da região”, escreveu os professores Wilsom Zampiere e Imamura no Livro Padre Aleixo Monteiro: O Pastor de Almas de São Miguel. A importância da indústria para a região se mostra nos números. Em 1940, a Nitro Química empregava cerca de 2.700 funcionários, o que era o equivalente a um terço do total da população de São Miguel Paulista, que na época contava com cerca de 7.600 habitantes. “A partir desse momento, o crescimento econômico e populacional de São Miguel foi vertiginoso. A rede de comércio e a própria indústria expandiu-se a ponto de, hoje em dia, existirem grandes empresas na região”, comenta Imamura em seu artigo. Atualmente, segundo dados da prefeitura de São Paulo, a área territorial de São Miguel Paulista é de 24,3km², com uma população de, aproximadamente, 380 mil habitantes e uma densidade demográfica de 11,04 hab/km². O nome do bairro pode ser atribuído à origem cristã do povoado, porém, em 1944, sem motivo aparente, o nome foi alterado de São Miguel de Ururaí para Baquirivu. A nova denominação não agradou a população e, após intensos protestos, em 1948 o bairro foi renomeado como São Miguel Paulista. Galeria de fotografias antigas de São Miguel Paulista Fotos: Iphan e LabDoc Vista Lateral da Capela de São Miguel Arcanjo (início do Séc. XX) Alpendre Frontal da Capela Porta principal da Capela de São Miguel Paulista. (Data 1975) Curso do Rio Tietê Trecho da Rodovia São Paulo – Rio de Janeiro Foto de uma vendedora ambulante japonesa Inauguração do Sistema de Água e Esgoto de São Miguel Paulista Habitações operárias da Vila Nitro Química Fachada do antigo cinema de São Miguel Paulista, na Rua da Fábrica. (Data 1963) Fachada do Cine La Pena, localizado na Praça Padre Aleixo Monteiro Mafra Missa conduzida pelo Pe. Aleixo Monteiro Mafra Links Subprefeitura de São Miguel Paulista Portal de Notícias de São Miguel Paulista Catedral de São Miguel Arcanjo Fundação Tide Setubal Universidade Cruzeiro do Sul Blog Notinhas de São Miguel Museu Virtual São Miguel Paulista CPDOC São Miguel Paulista Confira notícias relacionadas ao bairro neste blog 14 Comentários » João Eduardo Disse: on 28/08/2011 at 10:22 AM Para quem, como eu, viveu em São Miguel a partir de 1949 e muito prazeroso viajar por este blog. Pantarotte Resposta Eugenia Assofra Disse: on 06/04/2012 at 5:49 AM === SOU DE UMA FAMÍLIA TÍPICA INTERIORANA , MEU PAI ESPANHOL,CASOU-SE C/ MINHA MÃE (família Italiana) , EM ‘BIRIGUI’ , INTERIOR DE SÃO PAULO , QDO EM 1957 ,DECIDIRAM VIR P/ SÃO PAULO, MORAMOS UM ANO NA ” VILA MARIA ”, ONDE O DONO DA CASA EM QUE MOR´VAMOS , OFERECEU A VENDA DE UMA CASA EM SÃO MIGUEL PAULISTA . MUDAMOS P/ SÃO MIGUEL EM 1958 ,LEMBRO-ME ”DE PENSAR” :–PORQUE ESSE MURO É TÃO GRANDE ?? (muro da nitro) /QUANDO CHEGAMOS NA CASA QUE , ATÉ ENTÃO SOMENTE MEU PAI CONHECIA . (R: L / SN ) PARQUE PAULISTANO . HOJE 3ª RUA À DIREITA DA AV : OLIVEIRA FREIRE ,(próximo ao rio ) A VIDA AQUI NÃO FOI FÁCIL ,SEM COMÉRCIO ALGUM, NADA MESMO !! MEU PAI TRAZIA ALGUMAS COISAS DO BRÁS ,”VIA TREM ”,POIS COMEÇOU A TRABALHAR NA ”ALPARGATAS ”,OU IA À SÃO MIGUEL P/ COMPRAR O RESTANTE .MINHA MÃE FAZIA PÃO , MACARRÃO , LINGUIÇA, CHOURIÇO ,COMPOTAS DE DOCES ,LEGUMES EM CONSERVA……E , VENDIA AOS POUCOS VIZINHOS .(tínhamos criação de galinhas,porcos…., plantação de verduras e legumes ) SOMOS QUATRO FILHOS , TRÊS HOMENS E UMA MULHER , ESTUDAMOS NO ”DIOGO DE FARIA”, ERAM ALGUMAS SALAS EM MADEIRA , ”LOCALIZADA NA VILA NITRO QUÍMICA” , SUSPENSA DO CHÃO POR TORAS DE ”EUCALIPTOS”,POR CAUSA DA VASÃO DO RIO TIETÊ ….. ,MINHA CASA FICA PRÓXIMO À IGREJA ”STª ROSA DE LIMA”,QUE NAQUELA ÉPOCA ERA CHAMADA DE ”CRUZEIRO”’, POIS ERA TÃO SOMENTE UM ”TRONCO DE EUCALIPTO” COM ”UMA CRUZ AO TOPO”,EM MEIO À UM TERRENO EQUIVALENTE À UM CAMPO DE FUTEBOL, ALGUNS ANOS APÓS FOI CONSTRUÍDO EM ALVENARIA O PRÉDIO DA ”E. E. Dr DIOGO DE FARIA”,ALGUM TEMPO DEPOIS FOI CONSTRUÍDO O PRÉDIO DA IGREJA STª ROSA DE LIMA . RUAS DE TERRA PRETA , TODOS TINHAM POÇOS E FOSSA EM SEUS TERRENOS ,HAVIAM VALETAS EM TODAS AS RUAS , FAZÍAMOS FOGUEIRAS NAS FESTAS JUNINAS …….ENFIM ”NAQUELE TEMPO” ,POR POUCO QUE SE TINHA ……,ÉRAMOS FELIZES , POIS TODAS AS DATAS ERAM COMEMORADAS ……,HOJE NINGUÉM MAIS SABE O QUE É ” DATA COMEMORATIVA ”’ PERDI MÃE AOS 15 ANOS , CRESCI , CASEI-ME , TIVE TRÊS FILHOS ,PORÉM CRIEI UM CASAL DE FILHOS …….,HOJE PROCURO PRESERVAR AS LEMBRANÇAS DO MEU PASSADO ……,QUE P/ MIM É MUITO IMPORTANTE .JÁ TENTEI MUDAR-ME , MAS NÃO HOUVE ADAPTAÇÃO E ,RETORNEI P/ O MEU ” SÃO MIGUEL PAULISTA ”’ OU ”URURAÍ”’ Resposta
Posted on: Mon, 30 Sep 2013 17:58:17 +0000

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