Tive um amigo mais que perfeito em corpo de guerrilheiro e alma de poeta de cunho astronômico de perfeição jesuítica de olhar literário como fez o diabo do Mário de Andrade. Tive sim. Um amigo que quando vi pensei maestro mas não era. Era só um cachecol claro em cima do smoking. Não quero vírgulas aqui. Quero tudo num sopro só e pontos para descanso. Quero perder o fôlego ao contar dele. Tive um amigo que vi numa reportagem um dia pra provar que ele era vivo e revolucionava de vez em quando e sempre porque não expulsou os camelôs da gare virando as moedas do patrão. Ora. Não havia mais patrão. Tive respeito por ele e me preocupava se comia só salsicha com arroz. Achava e lhe falei que aquilo não dava conta de um guerrilheiro de um e oitenta e três. Sabemos tudo um do outro e até a música predileta e a confusão dos ponteiros do relógio da estação. Era pra ir ou ficar? Nunca soubemos ao certo. Tive um amigo mais parecido com amor perfeito porque sempre me disse de estrela como quem fala das ruas do próprio bairro. Nunca mais vamos andar na calçada lado a lado. Talvez só nas grandes confusões. Haverá muita gente como é natural nas grandes confusões e eu me perderei dele assim como ele se perderá de mim. Eu tive um amigo. Tu tiveste que ver para crer como era mais que perfeito. Ele teve que ir. Nós tivemos apenas três minutos pra um abraço. Vós não tivestes coragem de ser. Eles tiveram que dar um jeito nele. Tive um.
Posted on: Sat, 28 Sep 2013 00:21:22 +0000
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