Chegamos em Oron, o "olho do furacão" quando o assunto é - TopicsExpress



          

Chegamos em Oron, o "olho do furacão" quando o assunto é "criança bruxa". Não foi a toa que o local foi escolhido para abrigar a primeira base do Caminho - Nações. O local simples, logo virou uma referência para quem "descobre" que tem um filho bruxo e não sabe o que fazer. E também para pessoas que vêem crianças sendo torturadas e querem pedir ajuda. Assim, muitos e muitos casos são descobertos pelos voluntários brasileiros. Logo que chegamos fomos visitar uma família ajudada pela associação humanitária. Os pais a procuraram porque alguém disse que as duas filhas mais velhas eram bruxas. Léo, ( Leonardo Rocha dos Santos) o diretor do projeto na Nigéria, foi logo dizendo que isso não existe e por que é mentira. Aqui preciso explicar como nasceu esta história de crianças bruxas. Não é algo que existe desde os primórdios na Nigéria. Pelo contrário, é um fenômeno até recente. Quando a família tem algum problema, seja qual for, doença, pobreza, os pastores da igreja dizem que a culpa é da criança que é bruxa. Para que ela deixe de ser, os pais precisam pagar um valor alto demais para o pastor fazer uma espécie de exorcismo. Que inclui atos de tortura como furar cabeça da criança com pregos e jogar água fervendo nela. Quando a família não tem dinheiro, ela mesmo tem que dar fim a criança, para que a vida de todos volte a melhorar. O que o Léo explica a eles, todos cristãos, é que Jesus nunca faria mal a crianças e usa trechos da bíblia para comprovar isso. Um trabalho que precisa ser feito com os pais, e com toda a comunidade em volta. Desta maneira ele não só evita que a criança sofra, como permite que ela continue perto dos pais e irmãos. No caso que comecei a narrar lá em cima, Léo não se contentou em convencer a família de que as filhas mais velhas eram normais. Ele também quis conhecer a casa onde a família morava. E lá descobriu dois bebês, gêmeos, extremamente magros, jogados no chão, cobertos de urina e moscas. Para a família, eles estavam assim por causa da bruxaria das meninas mais velhas. Para Léo, e para o médico que ele levou lá, as crianças estavam assim por causa da desnutrição. Foi então que associação humanitária passou a ajudá-los com comida apropriada. Nesta nova visita a casa deles, os gêmeos, já estavam bem melhor. Um deles consegue até dar os primeiros passos. Uma alegria para aqueles que tanto têm lutado para salvar aquelas vidinhas. E sabe quais são os nomes dos bebês? Promisse e Praise. O que significa Promessa e Louvor. Mas esta não é a única história a ser contada... Um pouco mais afastado dali fui conhecer Emília, uma menina que não podia andar, e que tinha uma corcunda. O pastor não a acusou de bruxaria, mas sim ao irmão dela, que quase foi degolado. Quando isso iria acontecer, um bom samaritano chamou o pessoal do Caminho - Nações, e o jovem foi salvo. Léo levou a menina ao hospital e descobriu que ela tinha tuberculose óssea. Tratou, e a garotinha que conheci, hoje anda perfeitamente e não tem mais a corcunda. Já o menino, eu o vi pedir aos voluntários para ser levado para o orfanato porque não aguenta mais sofrer com o preconceito da comunidade que ainda acredita que ele seja bruxo. Você consegue imaginar isso? Uma criança pedindo para ficar longe das pessoas que ama porque os outros a volta a maltratam demais? Pelo menos no orfanato, ele vai ter a chance de estudar e não será mais visto como um bruxo. Os voluntários aceitaram, mas ele vai continuar visitando a família, e quando for possível, voltará para casa. Enquanto isso a associação humanitária paga o aluguel e a alimentação daquela família miserável. Há ainda a história de Michael, muito, mas muito mais triste... Que eu conto para vocês depois porque agora estou muito emocionada para continuar escrevendo. Beijos a todos, repletos de carinho.
Posted on: Sat, 27 Jul 2013 08:47:58 +0000

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