Estive vendo uma foto na página do Lembranças Amambai Por Robson - TopicsExpress



          

Estive vendo uma foto na página do Lembranças Amambai Por Robson Martins de uma escola que não existe mais. Filinto Muller. Era 1979 e o general Ernesto Geisel entregava a presidência do Brasil para João Figueiredo. Tínhamos orgulho de cantar o hino brasileiro de frente a um mastro com a linda bandeira do Brasil tremulando nele. Eram distribuídas bandeirinhas de papel num desses palitos de espetinho, ou um pequeno catavento verde e amarelo com uma latinha embaixo, presa no palito que quando agitávamos o pequeno catavento, umas argolinhas de lata que ficavam na ponta das pazinhas dele batiam nela e faziam um tinido e ficávamos felizes. Quando o professor, ou professora, entrava na sala de aula, nós levantávamos em reverência. O professor era "o mestre". Aprendi a ler no "Burrinho Alpinista" e era uma história maravilhosa, até que no fim do ano o burrinho pode ver o que havia além da montanha. Daí, sem que eu pudesse entender o porquê, disseram que não se poderia mais ficar cantando o hino nacional, não distribuíam mais bandeirinhas pro 7 de Setembro, não se podia mais estudar Educação Moral e Cívica, já não precisávamos levantar pra reverenciar o professor. Dali a pouco, nem a bandeira do país que tínhamos aprendido a amar se via mais. Tudo foi perdendo o sentido. As regras foram se perdendo. Meninos que saíam com gana a engraxar sapatos e ficarem orgulhosos por trazer algum trocado pra casa, naquela satisfação de homenzinho da casa, foram castrados desse orgulho. Nem engraxar sapatos, nem nada. Trabalhar foi virando crime. Por conta do que nos diziam então, os mais velhos, ficamos confusos. Desorientados, porque não sabíamos pra onde tinham ido aquelas regras de respeito e civismo. Diziam-nos, então, que era uma coisa terrível. Que aquelas regras eram torturantes, ditatoriais, criminosas. Que ser patriota era ser militar e ser militar era um crime horroroso. Baniam até quem fizesse músicas patrióticas porque estavam exaltando a ditadura e os torturadores, apesar de parecerem músicas que exaltavam o país e o povo..o aquela: Eu te amo, meu Brasil! Eu te amo! Meu coração é verde, amarelo, branco, azul anil, eu te amo meu Brasil! E nos foi trocada a educação direita, firme, por uma mais branda, mais liberal e mais...social! E nós, como éramos molecada, adoramos! Só que a falta de regras é um mal, tal qual o câncer. Hoje não há mais hino. Professores são espancados à morte. As meninas se prostituem na porta das escolas. Nenhuma autoridade pensa no Brasil, só em si. Os meninos não aprendem trabalhar. As mães não educam. Ladrões andam armados. Trabalhadores são reféns. Há morte nos hospitais. A justiça é corrupta. A corrupção grassa faceira. Há impunidade. Crianças não aprendem o que é uma pátria amada, idolatrada. Vejo a foto daquela escola e quase não creio que vim parar nesse presente. Quase não creio que não há mais país. Quase não creio que não há mais mérito. Quase não creio que estou no mesmo Brasil. Óbvio que os culpados estão aí. Nós, que éramos crianças à época, de certo modo, temos alguma culpa também. Mas os grandes culpados por tudo isso, estão bem aí! Hoje estão no poder. Isso significa que, se estão no poder, as purulentas pestes do povo não os alcançam mais. A responsabilidade está um patamar abaixo de seus pés. Não há mais ordem, nem progresso, mas há dinheiro de sobra pra quem alcançou o poder. Da reprimenda a alguns delinquentes, terroristas, desajustados, que hoje há milhares a mais, que badernavam por ideais comunistas, matavam e roubavam, estes fizeram a grande desculpa para derrubar a ordem. E continuam aproveitando, até hoje. Nem me pergunto, porque sei, que, desde sempre, pessoas de bem, honestas e trabalhadoras, nunca tiveram problemas com o estado. Sei que um pai de família, vai ao trabalho e volta pra casa. Não para na rua pra atirar pedras na polícia. Hoje está tudo perdido. Sem hipocrisia, está tudo perdido. Me dizia um rapaz carioca, taxista em São Paulo, no trajeto do hotel ao aeroporto: "Tenho medo do que vai ser isso aqui, porque minha filha de quatro anos ouve funk e fala em beijar na boca. As escolas viraram um prostíbulo e tem muita droga rolando lá." Na escola? Que saudade das regras e do Brasil que me apresentaram no primeiro dia de aula!
Posted on: Tue, 20 Aug 2013 03:35:38 +0000

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