03/03 - Aeronáutica tem cartas inéditas de Lamarca - TopicsExpress



          

03/03 - Aeronáutica tem cartas inéditas de Lamarca Carlos Lamarca na clandestinidade Felipe Recondo e Marcelo de Moraes - O Estado de São Paulo Os arquivos do Centro de Informação e Segurança da Aeronáutica (CISA) contêm três cartas inéditas escritas em 26 de novembro de 1970 por Carlos Lamarca e apreendidas num aparelho da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), no Rio de Janeiro. Nas cartas, destinadas a companheiros de guerrilha, Lamarca mostra preocupação com o que chama de "parada" de outros grupos de combate à ditadura militar. Ex-capitão do Exército, Lamarca tinha trocado a vida do quartel para integrar grupos de combate ao governo militar que comandava o Brasil. Acabou sendo morto pelas tropas do Exército em 17 de setembro de 1971, na cidade de Brotas de Macaúbas, no interior da Bahia. Texto completo As cartas estão entre os documentos entregues pela Aeronáutica ao Arquivo Nacional, conforme o Estado noticiou ontem. A Força Aérea havia informado antes que esses papéis haviam sido destruídos. Na época em que escreveu os textos, Lamarca tinha se tornado o principal líder dos grupos armados, principalmente depois da morte de Carlos Marighella. Ele reclamava, porém, da resistência de outras siglas, que desejavam mais tempo para organização política e montagem de sua infraestrutura. Nas cartas, Lamarca faz críticas pesadas a esse tipo de comportamento da esquerda e informa, por código, que nos próximos dias seria feito um novo sequestro de diplomata. De fato, isso aconteceu 15 dias depois, com a ação tendo como alvo o embaixador da Suíça Enrico Lamarca- designado pelo quartel - trei- nando tiro, com funcionários de bancos , que ele já assaltava. Buscher. Depois de muita discussão, o governo aceitou libertar 70 prisioneiros em troca do embaixador, mas vetou vários nomes pedidos pelos guerrilheiros. "CLÁUDIO" Segundo o informe número 079, transmitido pelo CISA em 15 de janeiro de 1971, as cartas comprovam que "persistem as divergências entre as esquerdas, continuando a VPR a ser acusada de militarista, ou seja, continua a ser acusada de relegar para um segundo, terceiro ou quarto plano o trabalho de massas e a organização do Partido do Proletariado que, segundo os marxistas-leninistas é indispensável para fazer a revolução", narra o documento guardado pela Aeronáutica. Os textos de Lamarca foram redigidos à maquina e ele se identifica como "Cláudio", um dos codinomes que usava. É um momento especialmente difícil para a guerrilha, uma vez que o governo intensificara as prisões e vinha conseguindo obter informações sobre a identidade de seus integrantes, com tortura e infiltração. O próprio Lamarca enfrentava problemas com o cerco pesado da ditadura. A despeito disso, Lamarca cobrava mais ações, lamentando que seus colegas preferissem ter tempo para fortalecer uma recém-formada frente reunindo várias siglas de combate ao governo. Assassinato de Charles Chandler - VPR organização de Carlos Lamarca "Penso que a solução para o impasse da esquerda seria o estabelecimento de uma Frente que se fortalecesse na prática. Não vejo como se fortalecer parada", escreve Lamarca num dos textos. "Estamos vivendo um momento histórico fundamental para o processo. A classe dominante está em ofensiva política - temos de desmascarar essa ofensiva. Não podemos dar o tempo à burguesia, tempo que ela precisa para, através da propaganda, neutralizar o proletariado", acrescenta. E nos textos expõe todo o racha que os grupos de esquerda vinham enfrentando, reflexo, especialmente, da prisão e desaparecimento de alguns de seus principais militantes. "CONVERSA ANTIGA" "A colocação que a VPR faz do sequestro um fim e não um meio não aceitamos. Mas não vamos acusar nenhuma Org (organização) de fazer da ação de numerário um fim e não um meio. Não vamos acusar porque seria jogada. Colocamos a questão em votação aqui, apenas um militante discordou. Estamos pois de cabeça erguida - vamos executá-la porque politicamente é correta", diz, em referência aos preparativos para o sequestro do embaixador. "Esta questão de parar para montar infra existe desde março - é conversa antiga - e não vamos entrar nessa. A infraestrutura nunca será permanente, terá sempre de ter flexibilidade. No mais, não se executa ação todos os dias, sempre será hora de montagem de infra estrutura - e sempre é hora de ação', afirma. E dispara, preocupado com os efeitos negativos da propaganda do governo: "como a massa vai ver essa questão só de assalto? O governo vai acabar conseguindo nos projetar como bandidos". AÇÕES ARMADAS Em seguida, Lamarca anuncia que pretende continuar com as ações armadas, apesar da resistência de Atentado ao Quartel General do II Exército - VPR -0rganização de Lamarca alguns grupos. "É hora de avançar e vamos avançar. O povo deu a demonstração de que está descontente, pelo grande número de votos em branco, nulos e abstenções. Essa de dizer que a massa não entende nada não cola mais. A prova que entende está aí. Agora está na hora de explorarmos isto - ficar parado numa hora dessa é imaturidade. Quando teremos uma oportunidade como essa?", escreveu ele Defesa@net Observação do site averdadesufocada: Imaginem esse material nas mãos de quem ? De ex-militantes da luta armada que a exemplo da equipe que pesquisou material para o livro Brasil Nunca Mais omitiu as intenções dos militantes da luta armada e os seus crimes. Essa mesma equipe omitiu: - que o povo foi às ruas pedir a deposição do governo; - que a imprensa clamava em suas manchetes e editoriais pela intervenção e deposição do governo; - que um golpe estava sendo preparado muito antes da contra-revolução, portanto, esse movimento cívico-militar foi, como diz Jacob Gorender em seu livro Combate nas trevas, um "golpe preventivo"; - que militantes de organizações comunistas estavam sendo enviados, desde 1961, para União Soviética, Pequim , Albânia e Cuba para fazer curso de guerrilhas; - que os subservivos e terroristas não eram estudantes desarmados. Eram treinados e muito bem treinados; - que a repressão aos militantes só se intensificou após assassinatos, assaltos a banco e atentados a bomba ; Cremos que este material entregue pela Aeronáutica, se usado com isenção, poderá enriquecer o "Portal Memórias Reveladas", criado por Dilma Rousseff e Franklin Martins, ambos militantes de organizações subversivo-terroristas. Tememos que, como escreveu o General Maynard Santa Rosa , "é entregar o galinheiro aos cuidados da raposa" ou melhor das raposas .
Posted on: Sun, 14 Jul 2013 19:54:59 +0000

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