Dois textos que merecem reflexão: Por um lado... "Não, os - TopicsExpress



          

Dois textos que merecem reflexão: Por um lado... "Não, os protestos que acontecem por todo o país e, agora, por todo o mundo, não são contra a corrupção. Não, os protestos não são consequência do mensalão, tampouco fruto das inúmeras “hashtags de protesto”. #acordabrasil #sqn Os protestos são, sim, por 20 centavos. Esses mesmos centavos que, no final do mês, no bolso de uma grande parcela da população, significam a diferença entre uma ou duas refeições, entre poder ou não poder se deslocar até o local de trabalho. É claro que, em uma grande mobilização popular como a que estamos vivendo, diversas questões entram, e devem entrar, em pauta. O poder reivindicatório de dezenas de milhares de pessoas nas ruas é imenso e, por si só, levanta fagulhas de indignação. É imprescindível aproveitarmos a mobilização para evidenciar os problemas da violência policial e da própria situação da nossa polícia, militarizada. É essencial escancararmos o cinismo dos gestores da cidade ou do estado que, atados com a especulação imobiliária e os setores mais fortes da indústria, estão longe de priorizar a pressão popular ao tomarem decisões ditas "administrativas". É ineludível discutirmos a suposta liberdade de imprensa e manifestação no país, quando ativistas e jornalistas são presos sob acusações estapafúrdias e condenados por formação de quadrilha. Tudo isso faz parte do jogo e é nosso papel nos levantar contra cada uma dessas questões. Também vale ressaltar que a experiência de luta coletiva é, em si, transformadora, e caminho para a abertura de novas possibilidades de atuação no espaço público. O resultado é inesperado, e pode ser maior do que o que qualquer um tenha previsto. Certas considerações são importantes, entretanto, diante da rápida ampliação do alcance da luta. É preciso analisarmos de que tipo é a virada quando alguns setores que, tradicionalmente, se posicionam a favor do massacre em Pinheirinho, da perseguição da população indígena, do extermínio policial nas periferias e, vejam, até da repressão policial contra estudantes da USP de repente se voltam a apoiar as recentes manifestações. Vitória política a se comemorar? Capacidade de diálogo e expansão das nossas pautas? Talvez. Muito provavelmente. Mas é preciso lembrar que este suporte tem que vir acompanhado do reconhecimento daquilo pelo que se está lutando. Em outras palavras, a ampliação da luta não pode vir seguida por uma diluição irrestrita de suas pautas. Se é verdade que o apoio à Revolta da Tarifa (ou do Vinagre, como for) tem crescido, desponta, também, aqui e ali, algo semelhante à velha estratégia: se não consegue vencê-los, junte-se a eles, e torne-os triviais. Ora, se criminalizar não é mais possível, há uma saída mais simples – e mais perigosa, porque mais sutil – para esvaziar a discussão política. Dizer que protestamos contra tudo é dizer que protestamos contra nada. E com a diluição da pauta inicial no meio de tantas bandeiras e outras tantas denúncias fica cada vez mais difícil conquistar, de fato, aquilo pelo que lutávamos desde o começo: a reversão do aumento e, no limite, a tarifa zero. Ou, talvez, dirão alguns: conforme eles se dispersam, fica cada vez mais fácil ignorar o cerne do problema. Não podemos esquecer que há uma questão material que é reivindicada, antes de mais nada. Desprezar que há um problema concreto, anterior às bandeiras abstratas ou problemas generalizados (cuja discussão, ainda assim, é importantíssima) é abrir mão daquilo que primeiro motivou a indignação. E ignorar que a conquista de um objetivo, de um direito que nos foi expropriado, é combustível para o fortalecimento da revolta. Há, por fim, nessa operação, uma manobra – consciente ou não – de deslocar a organização do protesto, que acontece em torno da convocatória do Movimento Passe Livre. Afinal, esses badernistas são muito radicais, não? E que toda a organização, assim, se dê pelo Facebook (desse jeito, quem sabe, aquela "gente diferenciada" nem aparece). Aliás, o objetivo de muita gente parece ser deixar claro que o movimento não se trata mais de transporte, mas sim uma espécie de#Cansei2.0: é que 20 centavos são apenas detalhe para a classe média. Ah, e, claro, sempre vestidos de branco. Sem vandalizar a Bastilha, né, pessoal? Todos às ruas por 20 centavos! Todos às ruas pelo fim da tarifa!" Por outro lado... cartacapital.br/sociedade/quem-nao-reagiu-esta-vivo-8670.html
Posted on: Mon, 17 Jun 2013 02:14:56 +0000

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