Amanteigados e suculentos, os peixes anchova negra (Ruvettus pretiosus) e escolar (Lepidocybium flavobrunneum) são considerados dois dos peixes mais saborosos do mundo, um verdadeiro manjar. Mas antes de sair correndo para a peixaria mais próxima de sua cidade em busca dessas delícias, é melhor estocar papel higiênico, porque você vai passar muito tempo no banheiro após esta refeição deliciosa.Com um número tão grande de espécies em perigo de ser objeto de pesca predatória e outros que apresentam riscos à saúde devido ao seu alto teor de mercúrio, a indústria de frutos do mar necessita de alternativas saborosas, baratas, sustentáveis e saudáveis para o consumo. A anchova negra e o escolar parecem escolhas perfeitas, e embora estejam aparecendo nas prateleiras de peixarias e mercados em todo o mundo -o escolar estava sendo vendido nos EUA como atum-, há um pequeno segredo que os peixeiros às vezes se esquecem de revelar: que causam uma explosiva e oleosa diarréia laranja. Eu sei que soa mal, mas há uma maneira de evitar este efeito colateral constrangedor e altamente desconfortável. O consumo destes peixes é sim saudável, mas somente se forem consumidos em porções menores do que 170 gramas. O problema é que a maioria das pessoas não têm conhecimento das consequências ou simplesmente ignoram isso, porque são tão malditamente deliciosos que o paladar fala mais alto que o raciocínio.Temos aqui a velha história de ter mais olhos do que barriga, e nessas ocasiões quando a cabeça não pensa, o furico padece. As pessoas que passaram por esse tipo de provação relatam que as descargas são quase impossíveis de controlar e muitas vezes levam a acidentes embaraçosos, a pessoa chega mesmo a perder o controle retal.Aparentemente, esses dois peixes não conseguem metabolizar os ésteres de cera encontrados naturalmente em sua dieta. Os ésteres, que são muito semelhantes aos de rícino ou óleos minerais, dão à carne uma textura oleosa distinta, mas também causam sintomas gastrintestinais colaterais. O escolar e a anchova negra (também conhecida como peixe prego ou abacaxi) têm um teor de éster de gordura de cerca de 25%, e em quantidades suficientes atua como um laxante natural.O exagero na degustação destes peixes resulta numa condição conhecida como keriorrhea (ceriorréia - palavra grega para fluxo de cera) e é muito semelhante à diarréia, a diferença é que o corpo expele um óleo de cor laranja em vez da evacuação líquida. O início pode ocorrer entre 30 minutos e 36 horas após a carne ser consumida. Sintomas associados podem incluir dores de estômago, diarréia, dores de cabeça, náuseas, vômitos e vazamento anal (sim, o coitado perde totalmente o controle do furico). Por causa dos efeitos colaterais desagradáveis, países como Japão e Itália proibiram a importação e a venda desses peixes, enquanto no Canadá, Suécia e Dinamarca exigem que seja vendido com rótulos de advertência. Nos EUA, a FDA alertou os consumidores sobre os perigos de comer estes peixes, que lá são conhecido como oilfishs (peixes-óleo), mas suspendeu a proibição em 1992, porque o peixe não é tóxico e nem apresenta algum risco para a saúde. Ou seja, você pode passar algumas horas descontrolado conversando com o boca larga, mas isso não vai te matar. No entanto, o bom gosto destes peixes o torna muito popular em vários países asiáticos, onde são bastante consumidos mesmo que tenham ciência dos efeitos colaterais embaraçosos e desconfortáveis. L
Posted on: Thu, 24 Oct 2013 22:37:50 +0000
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