Lúdio Rodrigues Bonfim Fico triste com essa cultura da violência em que vivemos e que a cada dia se difunde mais, inclusive, propagandeada por agentes do Estado. O pior é que as pessoas, em sua grande maioria, realmente acreditam no fato de que a solução para o problema será o aparelhamento policial e a repressão desmedida. Não sou positivista, mas Durkheim, em seu livro "As regras do método sociológico" já professava que o crime é um fato social normal, pois se verifica em praticamente toda e qualquer sociedade (nesta situação o papel da polícia é efetivo). O problema é quando a criminalidade atinge proporções alarmantes (como acontece no Brasil), pois se transmuda em um fato social patológico, sinalizando que vivemos em uma sociedade doente. O Brasil é um país extremamente desigual, onde crianças crescem em famílias completamente desestruturadas, vivendo de forma miserável, sem nenhuma perspectiva de futuro e sem qualquer apoio do Poder Público ou da sociedade civil organizada. São estas crianças que depois, quando crescem, se transformam em viciados ou em criminosos, porque, efetivamente, não tiveram nenhum outro caminho a seguir... Aí, a mão pesada do Estado aparece para punir violentamente, em cadeias que são verdadeiras masmorras, faculdades do crime, capazes de tornar ladrões de galinha em criminosos treinados, porque antes não afagou quem tanto precisava de ajuda. Aí, os "paladinos da justiça" aparecem para julgar seres humanos que não tiveram as mesmas oportunidades que as suas. Ai aqueles que defendem "a guerra contra as drogas" aparecem para culpar a substância inanimada, esquecendo-se do ser e de se indagarem quais os motivos psicossociais que o levaram a uma trajetória trágica de uso abusivo de substâncias psicoativas. O que me assusta é que estes "viciados e criminosos" estão cada dia mais jovens e a sanha punitiva está cada dia mais absurdamente exaltada, o que solidifica, ainda mais, essa objeta cultura da violência. Certa vez, atendi um adolescente com doze anos que mais parecia uma criança em razão da sua desnutrição. "Apreendido", indevidamente, em uma delegacia (o ECA proíbe a permanência de adolescentes em estabelecimentos prisionais), chorava para que o carcereiro o levasse para dormir em sua casa, acorrentado na cama, e não o deixasse "naquele lugar". Ao ser indagado por mim, disse que chegava a fumar doze pedras de crack em um único dia. Pouco tempo depois foi solto e reintegrado à família, mas o seu fim foi trágico. Se continuarmos nesta senda, daqui há algum tempo, não haverá mais recursos para tantas prisões e para tanto aparelhamento policial, porque a sociedade não preferiu construir escolar dignas, contratar educadores como a senhora, e, sobretudo, dar assistência integral àquelas crianças que, na sua inocência infantil, outrora, tanto clamaram por socorro... 22 de setembro às 09:41 · Editado · Curtir (desfazer
Posted on: Wed, 02 Oct 2013 03:49:18 +0000
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