Sou ainda menino pequenino (7). A nossa versão ultrapassa o - TopicsExpress



          

Sou ainda menino pequenino (7). A nossa versão ultrapassa o hebraico em que apenas se lê sou ainda menino; de qualquer modo a expressão é um característico exemplo do exagero oriental em que, por amor à humildade, frequentemente se cai. 1Rs 14.21 mostra-nos que Salomão tinha já um filho. A tradição a que atendem a Septuaginta (alguns manuscritos) e Josefo, segundo a qual Salomão teria apenas doze ou catorze anos de idade, é inteiramente desprovida de valor. Nem sei como sair nem como entrar (7); é uma referência às suas funções públicas, à rotina de todos os dias. Ver 2 Cr 1.10 e Cf. 1Sm 18.16. Que nem se pode... numerar pela sua multidão (8); Cf. 8.5. O fato de algumas pessoas tomarem perversamente à letra tais expressões, não pressupõe que os orientais o fizessem. Não haviam ainda decorrido muitos anos sobre o recenseamento levado a cabo por Davi (2 Sm 24). Um coração entendido (9); segundo outra versão, que consideramos preferível, um coração receptivo, um coração pronto a ouvir. Ele não queria ser arrebatado pela precipitação, pela paixão ou pelo preconceito. DAVIDSON. F. Novo Comentário da Bíblia. I Reis pag. 13-14. Pv 1.2 Para aprender a sabedoria, e o ensino. Os homens precisam conhecer e seguir a sabedoria. Crawford H. Toy (International Criticai Commentary, in loc.) disse que o reconhecimento intelectual vem em primeiro lugar. A ideia é um tanto semelhante à doutrina de Sócrates do “conhece-te a ti mesmo”, na qual o conhecimento racional é muito importante. Mas não há que duvidar da ideia da agência do Espírito, que usa a sabedoria adquirida para operar a vontade de Deus. Portanto, isso deve incluir a iluminação da alma. A sabedoria. Ver o artigo sobre esta palavra no Dicionário, quanto a explicações completas. O original hebraico diz hokhmah, palavra que, “neste versículo, significa inteligência moral e religiosa, ou seja, o conhecimento da lei moral de Deus, no que diz respeito às questões práticas da vida. Não se trata da sabedoria especulativa e filosófica dos gregos” (Charles Fritsch, in loc.). Quanto ao que se supõe que a lei significava para Israel, ver Sal. 1.2. O ensino. A palavra hebraica correspondente é musar, que tem o sentido básico de disciplina, ou punição. Visto que aparece aqui de forma paralela com sabedoria, sem dúvida significa o corpo e a atividade de ensino aplicados aos homens mais jovens, para indicar seu treinamento no judaísmo. O principal manual, como é lógico, seria a lei, porquanto, sem a lei, o judaísmo não seria o judaísmo. Esta palavra implica a submissão às autoridades que eram mestres, como pai, mãe e, especialmente, os mestres da lei, sábios cuja atividade se constituía em ensinar às gerações mais jovens. O próprio livro mostra que tais mestres não se apegavam à Bíblia, conforme a conheciam em seus dias, mas, antes, inventaram muitas declarações e discursos que ultrapassavam os dizeres da lei, embora tivessem suas raízes apegadas a ela. Pv 1.3 Para entender as palavras de inteligência. “Compreensão” significa discernimento, distinguir o certo do errado e seguir o caminho certo, pois, caso não acompanhasse a parte que segue, uma pessoa não seria dotada de real discernimento. A sabedoria pode passar de pai para filho, e de mestre para estudante. As palavras devem ser inteligentes e vigorosas, mas por trás delas deve haver a força do exemplo. No livro de Provérbios, há sessenta e cinco convites para que os leitores tenham entendimento. Ver Pro. 5.1. Um pai deve três coisas a seus filhos: exemplo; exemplo; exemplo. Cf. este versículo com Heb. 5.14: para discernir não somente o bem, mas também o mal”. Os homens possuem capacidades para tanto, mas precisam ser treinados para distinguir o bem do mal. Cf. I Reis 3.9. De outra sorte, o coração tornar-se-á néscio, ou seja, insensível (ver Isa. 6.10). Ver também Fil. 1.10. Para obter o ensino do bom proceder. O autor sagrado continuava a explicar por qual motivo escrevera esta porção e compilara este livro. Não basta ensinar. O estudante deve estar motivado a aprender, isto é, receber o que lhe for ensinado. Um estudante sente-se motivado quando se assenta aos pés de seu mestre. O professor deve possuir muito mais conhecimento que o seu aluno. Além disso, o aprendiz tem de ver que o próprio mestre pratica o que diz, dando o exemplo correto. Tornai-vos, pois, praticantes da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos a nos mesmos. (Tiago 1.22) Resultados Práticos. Um estudante deve obter sabedoria, praticando a retidão, cumprindo a justiça e a equidade. Em outras palavras, deve ter as principais características de um homem espiritual, cuja filosofia o salva de seus atos profanos. Bom proceder. No hebraico original temos a palavra haskei, e não a mesma palavra para “sabedoria”, do vs. 2. Esta palavra significa “bom senso”. Um homem viverá de acordo com o bom senso em todos os seus atos e relacionamentos com outras pessoas. Alicerçado sobre esse fundamento, ele praticará as coisas que se seguem, listadas após a palavra sabedoria. A justiça. Esta palavra, no original hebraico, é cedheq, “reto. Tal homem não se envolverá em veredas tortuosas. Antes, caminhará ao longo da “vereda reta e estreita”. O juízo. No hebraico, mishpat, “decisão em favor do que é reto, atos e relações retas, a retidão em todas as situações. A equidade. No hebraico, mesharim, que tem o sentido básico de suave ou reto. Ver Isa. 25.6, onde se fala sobre a vereda de um homem reto. O homem vive “no mesmo nível” de outros homens, ou seja, de maneira honesta e justa. “Aquilo que é reto, verdadeiro e honesto” (Ellicott, in loc.). CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2537. O leitor é convidado a aprender sabedoria o ensino, para entender as palavras da Inteligência (vv. 2, 3). Esta introdução é categórica em que o livro se destina a conceder sabedoria e tino ou correção da vida, que é o sentido do termo traduzido em Heb. 12:5: correção que vem do Senhor. A intenção do livro é, pois, ensinar, corrigir e fazer capaz de entender os caminhos do Senhor. Isto o autor de Hebreus torna bem claro. Para obter o ensino do bom proceder, a justiça, o juízo e a equidade (v. 3), a fim de que os simples, os menos entendidos nas coisas de Deus, possam capacitar-se para os deveres da vida e da religião. Antônio Neves de Mesquita. Provérbios. Editora JUERP. Pv 1.1 — O prólogo do livro de Provérbios (Pv 1.1-7) tem três partes: (1) título (v. 1), (2) objetivo (v. 2-6) e (3) tema (v. 7). O título, Provérbios de Salomão, filho de Davi, rei de Israel (v. 1), pode sugerir três coisas: (1) Salomão é autor do livro, (2) Salomão foi autor das principais contribuições ao livro, ou (3) Salomão é o patrono da sabedoria em Israel, então seu nome está neste título como honorífico. Como há outros autores (ex.: Agur [cap. 30] e Lemuel [Pv 31.1-10]), e algum material de Salomão foi editado muitíssimo depois de sua morte (Pv 25.1), parece mais sensato interpretar as palavras de abertura do livro como uma combinação da segunda e terceira opções. Salomão não pode ser o autor de todo o livro, mas é seu contribuinte mais notável e o modelo do ideal de sabedoria de Israel. Pv 1.2,3 — Os versículos 2 a 6 explicam o objetivo do livro de Provérbios. Os verbos conhecer, entenderem e receber referem-se às formas de adquirir sabedoria. A palavra sabedoria se refere à capacidade, o que pode ser adquirida em sua vida quando se põe em prática os ensinamentos dados por Deus. O termo instrução também pode ser traduzido como disciplina [NVI]; refere-se ao processo de recepção de conhecimento e posterior aplicação à sua vida diária. Pv 1.3 — A expressão traduzida como instrução do entendimento, assim como a sabedoria, denota uma habilidade em prática, tal como a de um artesão ou músico. Ou seja, a sabedoria afeta a vida como a habilidade dos artistas afeta a prática de sua arte. As palavras justiça, juízo e equidade dão um contexto moral à sabedoria, instrução e palavras que dão entendimento. A sabedoria bíblica permeia a vida inteira; exige uma mudança de comportamento e comprometimento com a justiça. EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 950. Pv 29.26 Muitos buscam o favor do que governa. Durante os tempos da monarquia, um homem devia obediência a uma grande autoridade, o que poderia ser bom ou mau para ele. Os homens naturalmente buscavam favores daquele que nas mãos tinha as questões de vida e morte. Eles buscavam favores para prejudicar a outros, e favores para beneficiar a si próprios. O rei tinha poderes para satisfazer tanto a uns como a outros. Por essa razão, era muito procurado. Essa era uma das razões pelas quais o acesso à pessoa do rei tinha de ser severamente resguardado. De outra sorte, ele ter-se-ia transformado em mera máquina de dar coisas, satisfazendo necessidades ou caprichos da multidão. A segunda linha deste versículo dá-nos a entender que buscar o rei ou mesmo obter favores da parte dele não servia de garantia de que a justiça sempre era servida. Um bom rei tentava cumprir bem o seu governo, mas, sendo ele homem falível, podia cometer equívocos. Mesmo em ótimas circunstâncias, sob as ordens de um monarca os ímpios podiam prosperar, e os bons podiam sofrer perdas. Ver Pro. 19.6 quanto a um paralelo direto da primeira linha do presente versículo. Antítese. Há somente um Rei que é o despenseiro de justiça firme, e Ele jamais se equivoca; esse Rei é o Rei celestial. Este versículo condena a dependência ao poder humano e convida-nos a considerar o poder divino. Fazemos isso mediante o estudo da lei de Moisés, fomentada pelos dizeres da sabedoria, e também mediante a confiança em Deus (vs. 25). Fazemos isso mediante as boas obras e as experiências místicas (ver no Dicionário o artigo chamado Misticismo). Este versículo diz respeito, principalmente, àqueles que têm sido injustiçados em tribunal ou em outras circunstâncias, por parte de homens iníquos. Eles são convocados a voltar-se para Deus, buscando vindicação, finalmente. Para Emanuel Kant, a verdadeira justiça só pode vir da parte de Deus e, plenamente, só no pós vida. Ele argumentou em favor da existência de Deus e da alma imaterial defendendo que a justiça terá de ser servida, finalmente. Se isso não for feito, então o caos é o verdadeiro deus deste mundo. E é claro que a justiça não é plenamente servida nesta vida. Por conseguinte, deve ocorrer após a morte, na outra vida. Deve haver um Poder suficientemente inteligente para recompensar o bem e castigar o mal. E a esse Poder e Inteligência é que chamamos de Deus. Além disso, os seres humanos têm de sobreviver à morte física para receber o bem ou o mal que tiverem praticado, o que significa que a alma deve existir e também sobreviver à morte biológica. Esse argumento é chamado de Argumento Moral. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2664. O último ensino deste capítulo ainda é o temor do Senhor. Muitos buscam favor de quem governa, mas para o homem a justiça vem do Senhor. O Senhor promete fazer justiça aos seus, mesmo que pareça tardio para com eles (Luc. 18:7, 8). Pelo menos 127 escrituras podemos relacionar com respeito à justiça de Deus, justiça em todos os quadrantes da vida. Graças a Deus, não estamos abandonados à mercê dos malfeitores. Contra o justo se levanta o perverso, o ímpio, para quem o justo é abominável, e todo o seu caminho, uma abominação ao mesmo perverso (vv. 26 e 27). Antônio Neves de Mesquita. Provérbios. Editora JUERP. 2. Injustiça e arrogância. ORGULHO Esboço: 1. Definição nos Léxicos 2. Referências e Ideias Bíblicas 3. Notáveis Exemplos Bíblicos de Espírito Orgulhoso 4. Na Literatura de Sabedoria do Antigo Testamento S. O Homem Esquece-se de Seu Legítimo Lugar 6. Opinião de Aristóteles a Respeito 7. O Orgulho e sua Detecção 1. Definição nos Léxicos «Um exagerado senso de superioridade pessoal, uma auto-estima desordenada, arrogância e altivez de espirito, presunção». Temos aí uma definição negativa. Mas a palavra «orgulho» também tem conotações positivas, como «um devido senso de dignidade e valor, auto-respeito honroso, uma justa causa de exultação-, Isso posto, os sinônimos podem ser negativos: ostentação, presunção, vaidade. Ou podem ser positivos: auto-estima, admiração, espírito de exultação, ufania. 2. Referências e Ideias Bíblicas O orgulho é um pecado (Pro. 21:4); é abominável diante de Deus (Pro. 6:16); é uma expressão de justiça própria (Luc. 18:11,12); procede de privilégios religiosos (Sof. 3:11); vem de um conhecimento não-santificado (I Cor. 8:1); procede da inexperiência (I Tim. 3:6); origina-se na possessão de poder e autoridade (Lev, 26:19); é contaminador (Mar. 7:20,22); endurece a mente (Dan. 5:20); deve ser rejeitado pelos santos (Sal. 131:1); serve de obstáculo às operações de Deus (Sal. 10:4; Osé, 7:10); é um empecilho ao aprimoramento pessoal (Pro. 26:12); caracteriza supremamente ao diabo (I Tim. 3:6); foi o principal fator na queda de Lúcifer ou Satanás (Isa, 14: 12 ss): é uma atitude comum da humanidade, em sua hostilidade contra Deus (I João 2: 16); é característica dos falsos mestres (I Tim. 6:3,4); origina-se na própria alma humana (Mar. 7:21 ss); leva à atitude contenciosa (Pro. 13:10; 16:18); será uma das características dos ímpios nos últimos dias (11 Tim. 3:2). Além disso, os orgulhosos serão humilhados (Sal. 18:27; Isa. 2:12); e o castigo divino aguarda aos orgulhosos (Sof. 2:10,11; Mal. 4:1). 3. Notáveis Exemplos Bíblicos de Espírito Orgulhoso Aitofel (11 Sam. 17:23); Ezequias (11 Crô. 32:25); o próprio Satanás (Isa. 14:12 ss); Harnã (Est, 3:5); Moabe (Isa. 16:6);Tiro (Isa, 23:9); Israel (Isa. 28:1); Judá (Jer. 13:9); Babilônia (Jer, 50:28,32); Assíria (Eze. 31:3,10); Nabucodonosor (Dan. 4:30); Belsazar (Dan. 5:22,23); Edom (Oba. 3); os escribas dos dias de Jesus (Mar. 12:38,39); os crentes de Laodicêia (Apo. 3:17). 4. Na Literatura de Sabedoria do Antigo Testamento Esse material concentra-se em tomo do pecado que é o orgulho, em consonância com os provérbios canônicos (ver Pro. 16:18). O espírito religioso reconhece a inutilidade da pretensão e da vaidade humanas. 5. O Homem Esquece-se de seu Legitimo Lugar Os pagãos olvidam-se de Deus, embora exaltando porções da criação divina; e assim terminam em uma insensata idolatria (ver Rom. 1:21,25). Talvez a pior modalidade de idolatria seja a auto-exaltação. Há ocasiões em que a jactância é apenas um mecanismo psicológico, que busca reconhecimento e apoio da parte de outras pessoas. Mas, com frequência, a jactância é apenas uma avaliação exagerada do individuo acerca de si mesmo. 6. Opinião de Aristóteles a Respeito Esse antigo filósofo grego fazia do orgulho uma virtude. Porém, ele tinha em mente o meio-termo entre a humildade excessiva e a vaidade, ou seja, os extremos negativo e positivo do orgulho. Para ele, um homem não deve humilhar-se e autodegradar-se, o que é uma insensatez. Mas também não deve ser jactancioso e inchado. Antes, deve ufanar-se no bom senso de ter uma adequada auto-estima, de fazer uma correta avaliação de suas potencialidades e de seu valor. Falando dentro do contexto cristão, podemos dizer que a vida caracterizada por um orgulho negativo é incompatível com a vida em Cristo, onde «viver é Cristo». Todavia, esse fato de vivermos «em Cristo» empresta-nos um grande valor; e podemos ter uma dignidade própria da autêntica humanidade, o que é impossível à parte de Cristo, o qual empresta aos homens o valor que eles têm. 7. O Orgulho e sua Detecção Sempre será mais fácil vermos o orgulho manifesto em nossos semelhantes, e não em nós mesmos. Algumas pessoas arrogantes chamam de orgulhosas a outras pessoas. É que o orgulho é uma atitude muito sutil. Podemos ter o orgulho de sermos mais espirituais que outras pessoas, conforme os fariseus se imaginavam. Podemos até ter orgulho de nossa humildade, de nossa suposta bondade. Todavia, há formas de orgulho justificáveis e até desejáveis (ver I Cor. 1:29-31; Gâl. 6:14; Fil. 3:3); e a essas formas damos o nome de «ufania». Alguns falam em um «orgulho justo» acerca de alguma coisa, o que é perfeitamente possível. Por outra parte, o orgulho pecaminoso constitui um grande mal. Agostinho e Tomás de Aquino viam no orgulho a essência própria do pecado, um vício cardeal. CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 4. Editora Hagnos. pag. 621-622. ORGULHO. O orgulho é mais facilmente reconhecido do que definido, e mais facilmente detectado em outros do que em si mesmo. O conceito admite muitos sinônimos que refletem atitudes e atos, como arrogância, presunção, prepotência, vaidade e auto-satisfação. O orgulho é incessantemente egoísta, uma pessoa orgulhosa perde, então, qualquer equilíbrio que possa surgir de um reconhecimento de sua posição com relação a Deus ou com relação a habilidade e valor dos outros. Visto que a verdadeira natureza do homem é compreendida principalmente por sua dependência e contingência para com Deus e encontra cumprimento e enriquecimento em relação ao homem, segue que o orgulho é uma atitude auto-isolante e independente que exclui o homem de seus relacionamentos necessários e perverte sua verdadeira humanidade. Dessa forma, orgulho é pecado. Ele é considerado um traço do caráter pelo qual um indivíduo compara-se com outros para sua própria satisfação. O orgulho não é compreendido a menos que seja visto que o desprezo pelos outros não permite qualquer comparação ou competição. E uma perversidade da natureza, indiferente a outras opiniões, valores e virtudes dos outros. Nesta indiferença fria e odiosa o orgulho é mais mortal. A satisfação do orgulho é a auto-satisfação sem fim: orgulho do mal, da bondade, do nascimento e posição e até mesmo da humildade. Nenhuma persuasão ou direção moral pode interrompê-lo, pois a auto-satisfação é completa em si mesma. As raízes hebraicas do AT significam “elevar”, “estar no alto”. As palavras do NT refletem uma gama de sinônimos e equivalentes que permitem traduzi-las como “exibição vazia” ou “vangloriar-se”, “gloriar-se” ou “gabar-se”, “arrogância” .Segundo Thayer (Greek-English Lexicon of the New Testament, 25), o orgulho condenado na Bíblia é “uma certeza insolente e vazia, que confia em seu próprio poder e recursos, e despreza e viola as leis divinas e humanas”. Quando o orgulho foi aprovado, como por exemplo em 1 Coríntios 1.29-31; Gálatas 6.14; Filipenses 3.3 etc., foi apoiado na suficiência de Cristo, e não na de Paulo. Agostinho, Tomás de Aquino e outros fazem do orgulho (como o egoísmo e a sensualidade) a própria essência do pecado. MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 4. pag. 677-678. ORGULHO Atitude de auto-exaltação, com seu conceito de superioridade, pisando arrogantemente sobre os outros e, em sua independência espiritual, rebelando-se contra Deus com uma suposta auto-suficiência. O uso de nove palavras hebraicas pelo AT indica a universalidade, natureza, efeitos e condenação do orgulho (cf. a obra de Young, Analytical Concordance to the Bible). A revelação do NT, em relação ao orgulho, é transmitida por três palavras gregas que indicam muitas características da natureza e da operação do orgulho. Elas ocorrem juntas e também de forma alternada em Romanos 1.30. 1. A palavra grega alazoneia (presunção em palavras ou soberba) se refere à pretensão e arrogância do alazon (soberbo, Rm 1.30; 2 Tm 3.2), o jactancioso que usa as palavras em seu próprio benefício e promete o que não pode cumprir. Ela descreve o homem que ignora a soberania de Deus, que tenta controlar a sua vida atual (1 Jo 2.16) e modelar o seu próprio futuro. 2. A palavra grega hyperephania (orgulhoso e arrogante em pensamentos) descreve o homem que exalta a si próprio acima dos outros, não através de atos exteriores de bazó-fia, mas com uma atitude interior do coração, que ergue um altar a si próprio em seu íntimo onde realiza o seu próprio culto (orgulho, Rm 1.30; 2 Tm 3.2; Lc 1.51; Tg 4.6; 1 Pe 5.5; cf. Mc 7.22). 3. Apalavra grega hybris (insolente e injurioso em atitudes) representa o orgulho que faz o homem agir com violenta e arrojada insolência contra Deus e os homens. Em relação a Deus, hybris leva o homem a esquecer a sua criação, permite que as paixões o dominem de tal forma que a superioridade perante os demais é conquistada através da injúria (2 Co 12.10). Em Mateus 22.6, hybris se refere à insolente rejeição do homem ao convite de Deus (a forma substantiva ocorre em Romanos 1.30 como insultuoso e em 1 Tm 1.13 como injuríador, opressor, insolente. O verbo é encontrado em Mateus 22.6; Lucas 11.45; 18.32; Atos 14.5; 1 Ts 2.2; Tt 1.11). Veja Georg Bertram, Hybris etc, TDNT, VIII, 295-307. O crente aprende nas Escrituras que o orgulho foi o pecado de Satanás (1 Tm 3.6); que ele engana o coração (Jr 49.16) e endurece a mente (Dn 5.20), que é uma abominação perante Deus. É algo que Ele odeia (Pv 16.5; 6.16-17) e que Ele trará ajuízo (Pv 16.18). Dessa forma, o crente deverá entender a absoluta necessidade de que Espírito Santo implante em seu ser a mente de Cristo, que é o exemplo supremo da humildade, e que está livre de todas as formas do pernicioso orgulho nas palavras, no pensamento e nas atitudes. F. D. L. PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1425. HUMILDADE. Apenas na fé bíblica a humildade é tida como uma virtude, as outras religiões relacionam a humildade à falta de honra e não a reconhecem como virtude. Filósofos, com exceção daqueles claramente influenciados pela tradição judaico-cristã, ou ignoram essa virtude ou a depreciam. Assim Aristóteles, na hábil sistematização da sabedoria pré-cristã, A Ética Nicomaquéia, exalta uma magnânima auto-suficiência que é justamente o contrário. Séculos depois Friedrich Nietzsche condena a humildade como parte inseparável de uma moralidade pervertida, a qual a transformação cristã de valores faz com que indivíduos inferiores como Paulo, com ressentimento, metamorfoseiem sua baixeza e fraqueza, exaltando a condição servil ao ápice da excelência. A humildade, portanto, é atacada por Nietzsche como uma negação da genuína humanidade que seria personificada no anticristão e aristocrático Super-homem. Dentro da estrutura do teísmo revelacional, contudo, a humildade é de fato uma virtude, a atitude apropriada da criatura humana para com seu divino Criador. É o reconhecimento espontâneo da dependência absoluta da criatura em relação ao seu Criador; um reconhecimento de bom grado, não hipócrita, do abismo que separa o Ser que existe por si só do ser absolutamente contingente, a “infinita diferença qualitativa entre Deus e o homem” postulada por Kierkegaard. E a postura de ajoelhar-se em respeito e gratidão, ciente de que a existência é um dom da graça, inescrutável misericórdia que, tendo chamado uma pessoa para fora do não-ser, sustenta-a a todo instante para que ela não caia de volta na inexistência. A humildade, assim, é explicada pela confissão de Abraão de que ele não é mais do que “pó e cinzas” (Gn 18.27). É explicada novamente pela veemente lembrança de Paulo aos orgulhosos coríntios de que a posição do homem diante de Deus é necessariamente a posição de alguém que recebe, a de um mendigo cujas mãos estão vazias até que a benevolência divina as encha (ICo 4.6,7). Além do mais, dentro da estrutura teísta, a humildade é a reação completamente correta de uma criatura culpada na presença de seu Criador santo. E o reconhecimento por parte do pecador de que sua irredutível insuficiência, enquanto criatura finita, tem sido, apesar disso, incomensuravelmente diminuída pela rebelião contra seu Criador. No AT é o grito do jovem profeta quando vê o Senhor: “Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros” (Is 6.5). No NT é a honesta auto-depreciação do apóstolo quando se dá conta de sua teimosa desobediência em relação à verdade (ICo 15:9; Ef 3.8; lTm 1.15). Humildade é o corolário lógico da consciência do pecado. Apesar de sua dignidade, contudo, seu inestimável valor como imago dei, o homem como um agente finito de rebelião é, na verdade, “pó e cinzas”. Segue-se disso que a humildade é a essência da piedade do AT. Um tema frequente no livro de Provérbios (3.34; 11.2; 15.33; 16.19; 25:7), ela é exemplificada por Abraão (Gn 32.10); por Moisés, que proeminentemente “era homem mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra” (Nm 12.3); por Saul no início de sua carreira (ISm 9.21); e por Salomão cujo conhecimento de si mesmo motivou sua sincera auto-humilhação (IRs 3.7). Como um fundamento da piedade, essa virtude é expressa de forma clássica em Miqueias 6.8, “o que o Senhor requer de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a benevolência, e andes humildemente com o teu Deus?” Assim o Rabino Joshua ben Levi estava simplesmente resumindo o AT quando, ao discutir o mérito comparativo de várias graças, ele insistiu: “A humildade é a maior de todas, pois está escrito, ‘O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas-novas aos quebrantados’ (Is 61.1). Não foi dito ‘aos santos, mas ‘aos humildes’, de onde aprendes que a humildade é a maior de todas” (citado por Morton Scott Enslin, TheEthics ofPaul [1930], 249). A humildade é, da mesma forma, a essência da piedade do NT. Como poderia ser de outra maneira tendo-se em vista o próprio exemplo de Cristo? Como Paulo apresenta na maior de todas as passagens senóticas, o Salvador “a si mesmo se humilhou”, abandonando voluntariamente seu status divino, renunciando sua beatitude e dignidade para viver como homem no mais baixo nível de pobreza e obscuridade, no devido tempo descendo aos níveis mais profundos de ignomínia e agonia (Fp 2.5-8). No agape de dar-se a si mesmo está a antítese e a contradição de todo eras narcisista. Além disso, o caráter de Jesus não exibiu nem um pouco de orgulho ou arrogância. Apesar de inabalavelmente corajoso e, às vezes, severamente sincero, ele era “manso e humilde de coração” (Mt 11.29). Assim, seus ensinos acerca da pobreza de espírito não tinham nenhuma associação hipócrita (Mt 5.3). Em vez de aceitar a glória, ele dava testemunho da dependência total de seu Pai como fonte de sua própria sabedoria e poder; em vez de apegar-se à glória, ele atribuía toda glória a seu Pai (Jo 5.19; 6.38; 7.16; 8.28,50; 14.10,24). Quando se inclinou para lavar os pés de seus discípulos, Jesus não estava se entregando a uma representação de ostentação teatral; pelo contrário, estava simbolizando com perfeita integridade todo o significado e mensagem de seu ministério. Nesse ato o motivo fundamental de sua pessoa e obra abre caminho, o motivo que atinge seu ápice na cruz. Consequentemente, uma vez que a imitatio Christi é o imperativo do NT, a vida de todo discípulo fiel deve ser uma vida de humildade. Preocupado em exaltar o Salvador, assim como o Salvador estava preocupado em exaltar o Pai, o discípulo declara, como aquele que batizou o Salvador: “E necessário que ele cresça e que eu diminua” (Jo 3.30). O discípulo dá as costas para a posição social, para a segurança e ao sucesso, pedindo apenas uma oportunidade para servir, ainda que modestamente (Mt 23.8,10; Mc 10.3545). Gloriando-se apenas na cruz (G1 6.14), ele luta para alcançar uma avaliação apropriada de si mesmo, não irrealisticamente esvaziada nem egoisticamente concebida (Rm 12.3). Ele se propõe seriamente a fazer da atitude de Jesus seu princípio controlador da vida, quer em relação a Deus quer em relação a seus irmãos (Rm 12.10; Tg 4.10; IPe 5.5,6). Em resumo, o discípulo fiel trava uma batalha contínua contra o orgulho, o qual é a raiz do pecado, aquele egoísmo que dá origem ao egocentrismo, à auto-exaltação, à obstinação, à presunção, à autoconfiança, à glorificação pessoal e, portanto, à decepção com seu último fruto de frustração e desespero (Rm 10.2). Na medida em que ele se mantém vencendo a batalha contra o orgulho e a presunção, ele amadurece naquela santidade que floresce apenas no solo da humildade. Essa virtude pode ser grosseiramente mal interpretada. Falando claramente, portanto, a humildade bíblica não é o conceito oposto que utiliza o disfarce da humildade. E aquela atitude que resulta em uma avaliação pessoal destemidamente honesta, uma auto-avaliação que nem diminui as realizações pessoais nem aumenta as falhas de ninguém. A humildade não é o masoquismo sutil que se deleita em sua própria humilhação. Não é aquela covardia que protege o indivíduo por meio de um servilismo ultrajante. Não é, além do mais, uma virtude puramente particular. É o produto daquele teocentrismo radical que agradecidamente reconhece a soberana concessão de dons por Deus e sua soberana capacitação para o serviço; isso elimina, assim, a arrogância que destrói a comunidade. Completamente desprovida de arrogância, a humildade, portanto, regozija-se com Maria, “Porque me fez grandes coisas o Poderoso; e Santo é o seu nome” (Lc 1.49). Agostinho, portanto, estava certo. O segredo da santidade é, como ele deu uma ênfase tríplice, “Humildade! Humildade! Humildade!” Ou nas palavras penetrantes de Kenneth Kirk: “Sem humildade não pode haver serviço digno do termo; o serviço protetor é autodestrutivo — pode ser o maior dos desserviços. Portanto, para servir seus companheiros — para evitar causar-lhes dano maior do que o bem a que se propusera fazer — um homem deve encontrar um lugar para a adoração em sua vida.... Se procurarmos fazer o bem com alguma esperança segura de que virá a ser o bem e não o mal, devemos agir com espírito de humildade; apenas a adoração pode nos tomar humildes”
Posted on: Mon, 18 Nov 2013 23:16:35 +0000

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